Aumento das produções nacionais na TV

sexta-feira, 6 de julho de 2012



           Todas as emissoras de tevês do país, abertas ou por assinatura, estão obrigadas desde setembro de 2011 a destinar 3horas e trinta minutos por semana para produções nacionais. A lei provocou forte reação da SKY, maior operadora de tevê fechada do país, ao mesmo tempo em que foi comemorada por vários segmentos sociais que atuam com produção independente de conteúdo.

A lei 12.485/11 está inserida no Plano Nacional da Cultura (PNC), que contém 53 metas a serem alcançadas até 2020. O grande objetivo do PNC é fazer o planejamento de políticas públicas de longo prazo, voltadas à proteção e promoção da diversidade cultural brasileira. Diversidade, segundo o plano, “que se expressa em práticas, serviços e bens artísticos e culturais determinantes para o exercício da cidadania, da expressão simbólica e do desenvolvimento socioeconômico do País”.

 Atualmente, as produções de conteúdos de comunicação estão centralizadas geograficamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. A ausência de programas independentes é predominante no ambiente da tevê brasileira.




           O Ministério da Cultura e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) avaliaram que a maior parte dos brasileiros não possui acesso às obras audiovisuais com recursos da política do Estado brasileiro. Concluíram também que o modelo de negócios na televisão aberta afasta o conteúdo independente e que o mercado de distribuição de conteúdos é pouco aberto para o produto nacional. Confira o Box abaixo:



A exibição de obras nacionais diminuiu significativamente na TV fechada que possui grande leque de canais estrangeiros e uma parcela muito pequena de canais nacionais. De acordo com o monitoramento dos canais de tevê por assinatura em 2009, o canal Maxprime obteve o total de 99,7% de conteúdo estrangeiro em sua programação. A lei pretende aumentar os índices de produtos nacionais em canais que predominam a veiculação de conteúdos de outros países.




O manifesto da SKY
            
            A SKY é contra a lei 12.485. Para a operadora, a Ancine está tirando o direito do cidadão de escolher o que assiste e, para tanto, possui a obrigação de informar a todos os consumidores o que a Agência propõe.

Há cinco anos que a operadora SKY luta contra o projeto da lei 29/2007, com o intuito de enfatizar que as obrigações nela inseridas prejudicariam a qualidade da programação servida ao consumidor e, além disso, as imposições causariam um aumento nos preços dos pacotes de assinatura.
            
           A Empresa criou uma ação inteiramente para manifesto com site e propaganda contra a lei. A propaganda, que contou com a presença de esportistas brasileiros, teve sua veiculação na mídia não recomendada pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), pois o Conselho diagnosticou que o comercial não tinha o caráter de informe publicitário. Além da propagada, o site do manifesto também foi retirado do ar.
           
          Apesar da oposição, a empresa diz que não é contra a circulação de conteúdo nacional na sua grade, mas deixou claro que o produto nacional não é necessariamente de qualidade, e complementa argumentando que o seu público, em 15 anos, nunca pediu um aumento de circulação de filmes independentes na tevê.
           
          O site, feito especialmente para o manifesto, possui toda uma estrutura para atacar a lei. Matérias jornalísticas em oposição às cotas, pontuação das deficiências da lei, telefone e outros contatos da Ancine e do Supremo Tribunal Federal (STF) são disponibilizados para estimular os interessados a aderir ao manifesto. Se apesar disso, no final de todo o processo a justiça mantiver a validade da lei, a operadora diz que vai acatar a decisão e cumprirá a legislação.

Lei 12.485/11 em Sergipe

A lei ainda não é uma realidade em Sergipe, ela já foi sancionada pela presidente em setembro de 2011. A lei criou um serviço no qual a Ancine tem o poder de regulamentação e fiscalização das cotas em todo o país. Até 30% das cotas é direcionada para o Nordeste.
Luciano Correia, presidente da Fundação Aperipê de Sergipe

As tevês locais têm de produzir e receber conteúdo independente. O mesmo deve ser feito pelas empresas de telefonia, que poderão veicular os conteúdos na internet, celular e TV a cabo, inclusive a operadora Claro já aderiu à possibilidade.  Se o produtor independente não estiver enviando o material para a tevê, a mesma terá de produzir, ou comprar, o conteúdo de outro local do Brasil, pois deve cumprir a cota de até três horas e meia. Para o bom funcionamento, o produtor deve manter a produção constante.



O jornalista, professor da UFS e presidente da Fundação Aperipê de Sergipe, Luciano Correia, é “extremamente” a favor da lei, pois “movimenta a cadeia do audiovisual e proporciona novos arranjos ao modelo de negócio da cultura nos locais mais afastados das antigas matrizes da produção; e realiza a principal reivindicação de hoje em relação à televisão, a presença da diversidade.” Ainda comenta que a SKY e os canais de mercado oferecem tão somente o chamado "mais do mesmo".

Rosângela Rocha, diretora financeira da Casa Curta-SE


A Diretora Financeira da Casa Curta-SE, Rosângela Rocha, acredita que com a lei a produção de mídia nacional será mais valorizada. “Sempre foi uma solicitação da classe independente. Os produtores dessa classe não possuem acesso às salas de cinema, nem também à TV. O poder de comércio inflige a possibilidade dessa demanda aparecer nesses meios de comunicação, principalmente no Nordeste. É importante falar da gente, interagir com outras regiões.”


Rosângela também acredita que a lei trará uma evolução para o cenário da produção audiovisual independente no país.  “Em 2013 acredito que já haverá um salto, a lei em si foi um salto. Ao passar dos anos veremos como os produtores se adequarão ao que foi solicitado.” Como ela diz, “a ficha ainda não caiu” para as emissoras locais. Em setembro deste ano, a edição o Curta-SE trará emissoras de tevê locais de outros estados para promover uma discussão em Sergipe. É importante que haja um acompanhamento de perto de outros estados para que o cenário independente sergipano cresça gradativamente.

Repórter: Ana Carolina Souza
Edição: Larissa Ferreira
  Fotos: Rosângela Rocha - Ana Carolina Souza
             Luciano Correia - arquivo pessoal
           









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