Em Sergipe, apenas duas empresas oferecem empregos às pessoas com Síndrome de Down. Pela legislação federal, entretanto, as empresas privadas com mais de 100 funcionários devem destinar 2% de suas vagas às pessoas com deficiência, sendo esse percentual referente a 3% para quem admite até 500 trabalhadores e a 5% para as empresas com mais de mil empregados.
Em abril deste ano, a Assembleia Legislativa de Sergipe aprovou um projeto de resolução que destina até duas vagas por gabinete parlamentar e uma no setor administrativo a serem preenchidas por adolescentes (menor aprendiz) e pessoas portadoras da Síndrome de Down. Os trabalhos, devidamente orientados por cada responsável por estes setores, correspondem a atividades de auxílio aos gabinetes e às demais seções administrativas.
A Síndrome de Down
A causa dessa alteração genética ainda não foi descoberta, mas sabe-se que a probabilidade de gerar uma criança com Síndrome de Down é maior entre as mulheres que engravidam após os 35 anos.
Os estímulos recebidos a partir do ambiente familiar e de acompanhamento profissional desde a infância podem ajudar a pessoa com a síndrome a desenvolver uma vida social comum. A neuropediatra Maria Angélica Farias esclarece que o indivíduo com Down possui necessidades médicas individuais da mesma forma como qualquer outra pessoa.
A princípio, o pediatra é quem irá pontuar o diagnóstico na maternidade. No entanto, o acompanhamento de outros profissionais, como neuropediatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, também pode ser necessário. Em alguns casos, há também a necessidade de um psicopedagogo ou de um psicólogo, porém Maria Angélica ressalta que o que determinará se o portador precisa, ou não, de toda essa equipe será o próprio desenvolvimento individual.
Ainda de acordo com a neuropediatra, a família exerce um papel importante nesse processo. “Se a família consegue enfrentar os preconceitos e coloca o filho numa escola regular, leva ao shopping, ao cinema, incentiva o estudo e o trabalho, eu digo que o portador nasceu em berço de ouro”, acrescenta.
O Fisioterapeuta André Luiz é enfático ao afirmar que as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com Síndrome de Down não se tornam barreiras para que essa população seja inserida no mercado de trabalho, pois elas possuem potencialidades e habilidades que, quando exploradas da forma correta, são bem desenvolvidas. “Embora a deficiência traga dilemas, as potencialidades das habilidades de cada indivíduo é o que importa”, ressalta.
O portador e a vida profissional
Fábio foi o primeiro a conquistar emprego em Aracaju (Foto: Arquivo Pessoal) |
Fábio Vasconcelos é um bom exemplo de que uma pessoa com Down tem capacidade para exercer uma profissão. Aos 30 anos, o rapaz conseguiu emprego como empacotador em um supermercado de Aracaju e se tornou a primeira pessoa com a síndrome a conquistar uma vaga no mercado formal em Sergipe.
O ingresso de Fábio no mercado de trabalho é uma das conquistas da Associação Sergipana dos Cidadãos com Síndrome de Down (CIDOWN) que, mesmo com a ausência de um espaço físico, consegue promover debates e parcerias para capacitar os indivíduos portadores.
A entidade surgiu em 1997 com o propósito de integrar a população com Síndrome de Down à sociedade sergipana. “Nossa missão é colaborar no processo de inclusão da pessoa com a síndrome tanto no contexto econômico como social, interagindo com o indivíduo portador e sua família, e procurando ser o elo entre estes, seus direitos e a constante busca da cidadania plena”, declara a presidente Sheila Christine.
Outro exemplo de superação de barreiras é a repórter da TV Brasil, Fernanda Honorato, considerada a primeira jornalista do Brasil com Síndrome de Down. Fernanda ficou conhecida ao participar do ‘Programa do Jô’, em novembro de 2009. Durante a entrevista, a jovem falou sobre a sua inclinação para o jornalismo desde a infância, seu dia-dia e suas relações sociais.
Assista abaixo a uma parte da entrevista:
Um apoio para o mercado de trabalho
A capacitação das pessoas com Síndrome de Down é feita através de cursos específicos que são promovidos, quase sempre, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Desde 2002, o Senac desenvolve em todo o Brasil o “Programa Senac de Acessibilidade (PSA)”, cujo objetivo é habilitar as pessoas com deficiência para que elas sejam inseridas no mercado de trabalho.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, no Brasil vivem mais de 300 mil pessoas com a síndrome. Em Sergipe, não existem dados oficiais, mas a Associação Sergipana dos Cidadãos com Síndrome de Down (CIDOWN) tem cerca de 200 indivíduos cadastrados, no entanto, o número de sergipanos com a alteração genética pode ser bem maior.
Reportagem: Sóstina Silva
Edição: Alanna Molina
Edição: Alanna Molina
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