Piso tátil indicando a entrada das salas |
Os
portadores de deficiência, que ingressam a cada processo seletivo na
Universidade Federal de Sergipe (UFS), enfrentam uma série de problemas,
principalmente arquitetônicos, pois, apesar de leis e decretos federais a
estrutura física da Universidade não está totalmente adaptada com recursos
acessíveis a eles.
Elevador para que deficientes físicos tenham acesso ao piso superior |
A cidade universitária José Aloísio de Campos vem
tentando fazer adequações que beneficiem os alunos que possuem algum tipo de
deficiência. Alguns recursos já foram implantados, por exemplo: Banheiros para
deficientes físicos, elevadores para que os cadeirantes possam ter acesso ao
piso superior das didáticas, além disso, foram colocados pisos táteis dentro
das didáticas sinalizando a entrada de cada sala. Um grande passo já foi dado
com esses benefícios, porém, ainda existem outras mudanças que ajudariam muito,
como: sinalização em Braile nos principais pontos de acesso dos estudantes: a
Biblioteca Central (BICEN), o Restaurante Universitário (Resun), a Reitoria, os
prédios departamentais e as didáticas; piso tátil entre as didáticas onde há
uma constante concentração de alunos; rampas em alguns locais que possuem
desnível; passarelas que dêem acesso às lanchonetes; entre outros.
Segundo
a Lei nº 10.098 de 2000, o conceito de acessibilidade encontra-se no Art. 2°,
considerando: “ I - acessibilidade:
possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia,
dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos
transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida.”
Em 2010, através da Resolução n° 80/2008/CONEPE, foram delimitadas
cotas para os alunos com deficiência na UFS, contudo não basta matricular os
alunos, é necessário uma mudança tanto na parte pedagógica, quanto na
infraestrutura, para que a universidade se torne um ambiente acessível e
garantir assim a permanência e o sucesso deles.
A inclusão de
pessoas com deficiência na universidade vem acontecendo de forma progressiva. Por isso, com o objetivo de cumprir a lei que estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade estão sendo
realizadas algumas adaptações em sua infraestrutura.
DIFICULDADES
Exemplo de um trecho na UFS onde é impossibilitada a passagem de um cadeirante |
Além da dificuldade de locomoção causada pela pouca condição
de acessibilidade, existem também as obras literalmente pelo meio do caminho,
que incomodam muito o transitar, principalmente dos cadeirantes, que precisam
de muito esforço para chegar onde desejam. Na Biblioteca Central (Bicen), por
exemplo, é quase impossível que um deficiente físico consiga chegar lá em sua
cadeira de rodas. Antes do início das obras não se pensou em fazer rotas
alternativas para que os estudantes em geral possam chegar até o local
desejado, e se já é difícil para um aluno sem deficiência imagine para um aluno
que necessita andar sobre duas rodas e não possui condição de desviar dos
obstáculos.
Elisângela, durante a aula de handebol |
A estudante de Espanhol, Elisângela, que se tornou deficiente física aos nove meses de idade por conta de uma paralisia infantil, relatou que as obras estão atrapalhando muito, e
que do ano passado para cá as melhorias foram poucas, apenas algumas rampas
foram feitas, os banheiros e esses elevadores, mas faltam benefícios para que
de fato a vida dos deficientes físicos seja facilitada dentro da universidade.
O setor
da UFS que trata das questões relativas à acessibilidade de estudantes com
deficiência é o Departamento de Apoio Didático-Pedagógico (DEAPE),
e de acordo com Professora Rosa
Maria Bragança, diretora do DEAPE , os elevadores
já foram testados pelo Conselho Estadual do Portador com Deficiência, mas ela
não tem conhecimento sobre a utilização deles pelos alunos. Elisângela, informou que foi convidada para
fazer um teste no elevador, mas não foi informada se já pode usá-lo
normalmente.
“Foram implantados oito mil metros de piso tátil e a
Universidade está fazendo as adequações necessárias baseadas na Lei de
Acessibilidade”, ressaltou a diretora. Ainda segundo ela, “qualquer aluno que possuir
algum tipo de deficiência pode solicitar o auxílio de um acompanhante para que
possa ajudá-lo tanto na sala de aula, quanto na locomoção dentro da UFS”.
Contudo, o estudante de música Diogo, que é deficiente visual, disse que
durante esse período, que já está acabando, solicitou um acompanhante que não
apareceu. Quem o acompanha todos os dias é a sua mãe, que vem com ele de uma
cidade do interior até a UFS para que possa ter um Ensino Superior. Diogo
também afirmou que possui apoio dos professores e colegas que colaboram sempre
para que ele possa compreender bem o conteúdo.
Na UFS existe um Núcleo de Pesquisa em Inclusão Escolar da
Pessoa com Deficiência (Nupieped), que faz parte do Departamento de
Educação. A sede do Núcleo está localizada em uma sala no prédio da didática
VI. Lá estudantes e pesquisadores realizam estudos e pesquisas com ênfase no
acesso e permanência da pessoa com deficiência nos diversos graus e níveis de
ensino. Através do
Nupieped também são produzidos diversos artigos sobre
a situação da Universidade e quanto aos alunos que possuem deficiência física,
visual e auditiva. O desenvolvimento
desses estudos é de fundamental importância para se obter análises que geram
importantes resultados para a melhoria do ensino e aprendizagem dos alunos que
possuem algum tipo de deficiência.
SUPERAÇÃO
Diogo, tocando seu piano eletrônico (foto: acervo pessoal) |
Elisângela e Diogo, mesmo com suas deficiências, mostram que
não existe limitação quando se tem força de vontade. Além disso, possuem
habilidades que desenvolvem na UFS, que os fazem sentir-se mais motivados.
Elisângela pratica handebol através de um projeto de extensão desenvolvido pelo
Departamento de Educação Física e Diogo, que desde pequeno desenvolveu aptidão
pela música, hoje através de disciplinas direcionadas para o piano, ele
aperfeiçoa suas técnicas nesse instrumento, além de ter um excelente
desenvolvimento nas demais disciplinas. Ambos se destacam por serem pessoas que
ingressaram na UFS e por estarem conseguindo superar os obstáculos e manter a
luta diária por uma educação de igualdade.
Texto: Regiane Sá
Edição: Keizer Santos
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