Acessibilidade na UFS: mudanças ainda precisam ser feitas

domingo, 21 de abril de 2013


Piso tátil indicando a entrada das salas
Os portadores de deficiência, que ingressam a cada processo seletivo na Universidade Federal de Sergipe (UFS), enfrentam uma série de problemas, principalmente arquitetônicos, pois, apesar de leis e decretos federais a estrutura física da Universidade não está totalmente adaptada com recursos acessíveis a eles.
Elevador para que deficientes físicos
tenham acesso ao piso superior
A cidade universitária José Aloísio de Campos vem tentando fazer adequações que beneficiem os alunos que possuem algum tipo de deficiência. Alguns recursos já foram implantados, por exemplo: Banheiros para deficientes físicos, elevadores para que os cadeirantes possam ter acesso ao piso superior das didáticas, além disso, foram colocados pisos táteis dentro das didáticas sinalizando a entrada de cada sala. Um grande passo já foi dado com esses benefícios, porém, ainda existem outras mudanças que ajudariam muito, como: sinalização em Braile nos principais pontos de acesso dos estudantes: a Biblioteca Central (BICEN), o Restaurante Universitário (Resun), a Reitoria, os prédios departamentais e as didáticas; piso tátil entre as didáticas onde há uma constante concentração de alunos; rampas em alguns locais que possuem desnível; passarelas que dêem acesso às lanchonetes; entre outros.
Segundo a Lei nº 10.098 de 2000, o conceito de acessibilidade encontra-se no Art. 2°, considerando: “ I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.”
Em 2010, através da Resolução n° 80/2008/CONEPE, foram delimitadas cotas para os alunos com deficiência na UFS, contudo não basta matricular os alunos, é necessário uma mudança tanto na parte pedagógica, quanto na infraestrutura, para que a universidade se torne um ambiente acessível e garantir assim a permanência e o sucesso deles.
A inclusão de pessoas com deficiência na universidade vem acontecendo de forma progressiva. Por isso, com o objetivo de cumprir a lei que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade estão sendo realizadas algumas adaptações em sua infraestrutura.

DIFICULDADES

Exemplo de um trecho na UFS onde é impossibilitada a
passagem de um cadeirante 
Além da dificuldade de locomoção causada pela pouca condição de acessibilidade, existem também as obras literalmente pelo meio do caminho, que incomodam muito o transitar, principalmente dos cadeirantes, que precisam de muito esforço para chegar onde desejam. Na Biblioteca Central (Bicen), por exemplo, é quase impossível que um deficiente físico consiga chegar lá em sua cadeira de rodas. Antes do início das obras não se pensou em fazer rotas alternativas para que os estudantes em geral possam chegar até o local desejado, e se já é difícil para um aluno sem deficiência imagine para um aluno que necessita andar sobre duas rodas e não possui condição de desviar dos obstáculos.
Elisângela, durante a aula de handebol
A estudante de Espanhol, Elisângela, que se tornou deficiente física aos nove meses de idade por conta de uma paralisia infantil, relatou que as obras estão atrapalhando muito, e que do ano passado para cá as melhorias foram poucas, apenas algumas rampas foram feitas, os banheiros e esses elevadores, mas faltam benefícios para que de fato a vida dos deficientes físicos seja facilitada dentro da universidade.
O setor da UFS que trata das questões relativas à acessibilidade de estudantes com deficiência é o Departamento de Apoio Didático-Pedagógico (DEAPE), e de acordo com Professora Rosa Maria Bragança, diretora do DEAPE, os elevadores já foram testados pelo Conselho Estadual do Portador com Deficiência, mas ela não tem conhecimento sobre a utilização deles pelos alunos. Elisângela, informou que foi convidada para fazer um teste no elevador, mas não foi informada se já pode usá-lo normalmente.
“Foram implantados oito mil metros de piso tátil e a Universidade está fazendo as adequações necessárias baseadas na Lei de Acessibilidade”, ressaltou a diretora. Ainda segundo ela, “qualquer aluno que possuir algum tipo de deficiência pode solicitar o auxílio de um acompanhante para que possa ajudá-lo tanto na sala de aula, quanto na locomoção dentro da UFS”. Contudo, o estudante de música Diogo, que é deficiente visual, disse que durante esse período, que já está acabando, solicitou um acompanhante que não apareceu. Quem o acompanha todos os dias é a sua mãe, que vem com ele de uma cidade do interior até a UFS para que possa ter um Ensino Superior. Diogo também afirmou que possui apoio dos professores e colegas que colaboram sempre para que ele possa compreender bem o conteúdo.
Na UFS existe um Núcleo de Pesquisa em Inclusão Escolar da Pessoa com Deficiência (Nupieped), que faz parte do Departamento de Educação. A sede do Núcleo está localizada em uma sala no prédio da didática VI. Lá estudantes e pesquisadores realizam estudos e pesquisas com ênfase no acesso e permanência da pessoa com deficiência nos diversos graus e níveis de ensino. Através do Nupieped também são produzidos diversos artigos sobre a situação da Universidade e quanto aos alunos que possuem deficiência física, visual e auditiva. O desenvolvimento desses estudos é de fundamental importância para se obter análises que geram importantes resultados para a melhoria do ensino e aprendizagem dos alunos que possuem algum tipo de deficiência.

SUPERAÇÃO

Diogo, tocando seu piano eletrônico (foto: acervo pessoal)
Elisângela e Diogo, mesmo com suas deficiências, mostram que não existe limitação quando se tem força de vontade. Além disso, possuem habilidades que desenvolvem na UFS, que os fazem sentir-se mais motivados. Elisângela pratica handebol através de um projeto de extensão desenvolvido pelo Departamento de Educação Física e Diogo, que desde pequeno desenvolveu aptidão pela música, hoje através de disciplinas direcionadas para o piano, ele aperfeiçoa suas técnicas nesse instrumento, além de ter um excelente desenvolvimento nas demais disciplinas. Ambos se destacam por serem pessoas que ingressaram na UFS e por estarem conseguindo superar os obstáculos e manter a luta diária por uma educação de igualdade. 



Texto: Regiane Sá
Edição: Keizer Santos

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