Baseando-se no poder transformador da arte, o projeto C.H.A.M.A. (Consenso Humanitário para Arte e Movimento em Aracaju) tem transformado a realidade dos moradores da Comunidade Pantanal, um loteamento de origem relativamente recente localizado no bairro Inácio Barbosa em Aracaju. Através das oficinas e ações desse projeto, o Pantanal, um dos principais pontos de tráfico de drogas dentre outras atividades ilegais em Aracaju, tem mostrado que para além dos problemas sociais há a riqueza daqueles que fazem a comunidade.
O início das atividades do C.H.A.M.A. data de 2006, ano em que a banda de reggae Oganjah passou a desenvolver um trabalho social com crianças e adolescentes da comunidade. “A Oganjah pela militância, por falar do social e cobrar ações políticas sentiu a necessidade de fazer também e não só ficar cobrando porque de discurso a gente ta cansado”, revela Thiago Ruas, vocalista da Oganjah e vice-presidente da Associação de Arte e Cultura Comunidade Pantanal.
Em meio a esse casamento entre a Oganjah e o Pantanal está a família Ruas, responsável pelo ‘pontapé inicial’ que deu origem aos dois projetos. Amparada sobre da figura da tia Dora (como é carinhosamente chamada na comunidade a matriarca dos Ruas), a banda e o C.H.A.M.A. caminham juntos até hoje e, ao oferecer para a comunidade oficinas de arte, cultura e esporte, permite que os moradores do Pantanal escrevam uma história diferente daquelas vistas de tempos em tempos nos jornais.
As atividades do projeto são realizadas em um galpão alugado e a renda para mantê-lo vem, principalmente, de particulares e dos shows realizados pela Oganjah, como explica Thiago Ruas: “A gente tem que correr atrás. A banda toca, aí uma parte do cachê a gente tira e ajuda o projeto”. O C.H.A.M.A. é uma realização da Associação de Arte e Cultura Comunidade Pantanal - Centro Cultural Pablo Ruas Lisboa, uma entidade devidamente registrada e que, como tal, está habilitada para concorrer a prêmios e editais do Governo ou de instituições privadas. “A gente montou uma Associação sem fins lucrativos que desenvolve o projeto C.H.A.M.A., porque a banda Oganjah tem fins lucrativos”, completa
Thiago.
Oficinas de boxe, capoeira, jiu-jítsu, ginástica rítmica, dança, inglês e violão são disponibilizadas no local. Há também um grupo de produção composto por mulheres da comunidade, a maioria delas mães das crianças e dos adolescentes que participam do projeto. Os professores voluntários são também responsáveis pelo êxito das ações do C.H.A.M.A. no Pantanal.
O norte-americano Jacob que está no Brasil há quase três anos, dá aulas de inglês no projeto há um ano e meio e revela que a vontade de participar foi imediata: “Quando eu conheci a família (Ruas), quando eu conheci a galera toda eu fui logo pensando o que eu poderia fazer, como eu poderia me envolver”. O engajamento de Jack, como é chamado pelos alunos, e dos demais professores é, sem dúvida, o diferencial que faz da comunidade Pantanal um lugar melhor para se viver. “Eu moro no Inácio, eu sou parte da comunidade, se a gente não melhora o mundo ele não melhora sozinho, a gente não pode deixar para alguém fazer”, completa Jacob ressaltando a responsabilidade que cada ser humano tem de fazer sua parte para melhorar o mundo.
Jornal Comunitário: comunicação produzida pela e para a comunidade
Preconceito, uso de termos pejorativos e pouco espaço para o cidadão. São nesses ‘princípios’ em que se baseia a maioria das coberturas realizadas pela mídia sergipana quando o assunto é o Pantanal. A distância da realidade daqueles que vivem na comunidade talvez seja a principal responsável por essa cobertura deficiente. Desta forma, a criação de um Jornal Comunitário surge como alternativa não só para solucionar o problema relativo à cobertura midiática, mas também como instrumento de mobilização social capaz de representar e refletir acerca das questões da comunidade.
Atualmente, o veículo utilizado para divulgar as atividades do C.H.A.M.A. é o blog que, embora supra as necessidades comunicacionais básicas do projeto, não abarca o Pantanal como um todo. Sendo assim, o ideal é criar um jornal comunitário voltado para o local e que tenha em seu expediente pessoas que enxerguem com os olhos da comunidade. “Surgiu a ideia de montar um jornal comunitário, a gente até ganhou a diagramação. Aí a gente queria organizar uma oficina de Produção de Texto aqui porque o pessoal tem dificuldade para escrever e nós queremos pegar pessoas da comunidade para falar das questões da comunidade e também do geral”, revela Thiago Ruas.
O próximo passo do Pantanal é traçar parcerias que viabilizem a produção desse jornal: “Se tiver pessoas motivadas, com tempo e com boa formação para dar os toques de como fazer, eu acredito que a gente pode produzir uma coisa muito bonita”, afirma o professor Jacob. Dar voz aqueles que fazem o Pantanal é uma maneira de levantar a auto-estima dessas pessoas e de despertar nelas o sentimento do pertence, permitindo que, ao ter contato com a notícia, o público/produtor reconheça-se na mesma e sinta orgulho de fazer parte dela.
Assista ao vídeo apresentação de dança para Dia das Crianças do CHAMA
Por: Bianca de Oliveira
(biacello@yahoo.com.br)
Você está em: Home » Inclusão Social » Pantanal, arte e movimento para melhorar a comunidade
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário