Samba de Pareia da Mussuca encanta o arraiá do povo

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O canto ecoou de uma senhorinha serena; sua voz fez os corpos dos que assistiam à cena passarem por arrepios contínuos e repentinamente o povo caiu na roda. Era a cultura popular sergipana sob o comando da Mestra do Samba de Pareia, Dona Nadir, que pedia passagem em mais uma noite de apresentação no Arraiá do Povo, localizado na Orla de Atalaia, no dia 1 de julho.


O som dos atabaques somava-se aos tamancos das mulheres que se remexiam para “segurar o samba e não deixar ele cair”. A mistura que efervescia a arena orientada pelo Samba da Mussuca, povoado quilombola do município de Laranjeiras, nos remetia a um tempo em que cultura era resistência, marca do povo negro, dos nossos ancestrais.



Dona Nadir e as canções do grupo
Vídeo originalmente postado no Youtube


“Fiquei extasiada com a energia e a vitalidade daquelas senhoras dançando e interagindo com todos nós que ali nos sentimos capazes de dançar, mesmo aqueles que tinham o primeiro contato. Depois dessa noite pensei: e que venha o samba de pareia para nos fazer lembrar que a época junina ou ‘julina’ pode ser bem mais do que o que hoje está sendo produzido e reproduzido nas nossas festas", arremata a comunicóloga social, Laila Batista.


As pisadas firmes das mulheres que davam o tom da brincadeira somaram-se aos passos um tanto quanto desacertados do público. A ciranda, composta de crianças e adultos, emanava alegria e contagiava aos que preferiam apenas olhar o belo espetáculo, a arte de contemplar. O canto forte, de origem afro, fez o público irradiar e transformou o “arraiá” intitulado de “do povo” numa possibilidade mais palpável para isso.



As contas multicores dos colares repousavam novamente nos pescoços; os atabaques amenizavam; a voz diminuía (mais ou menos uma leve sensação de embriaguez provocada pela cantoria); os tamancos desenhavam no chão as últimas batidas; as mãos iam ao ar, num aceno de até breve; os chapéus saíam da cabeça e completavam a despedida. Em volta, corpos suados, rostos felizes, que pareciam responder com traço popular um “inté mais ver”.





Por Bárbara Nascimento ( babi.nascoli@gmail.com)

Um comentário:

Comitê Sergipe com Plínio! disse...

correção de endereço eletrônico: babi.nascoli@gmail.com
Att,

Bárbara Nascimento (Babi)
[:

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