Kasato Maru era o nome do primeiro navio a sair do Japão trazendo emigrantes para trabalhar nas colônias de café aqui no Brasil. Ele partiu do porto de Yokohama (segunda maior cidade do país) em abril de 1908 com 781 japoneses a bordo liderados por
Ryu Mizuno, filho de samurais. Na ocasião, um deputado japonês deu um discurso no qual deixou claro a necessidade dos emigrantes em manter o bom nome do seu país no estrangeiro. “Se não foram capazes de viver condignamente, não pensem em voltar. Tenham vergonha disso e morram por lá.” Hoje, 102 anos depois, o Brasil é o país com a maior colônia de japoneses fora do território nipônico.
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Ammy Miller exibe seu cosplay |
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Até aqui, em Sergipe, mais precisamente em Aracaju, é possível perceber traços da cultura japonesa coexistindo com a cultura local. Uma prova disto são os três eventos anuais que marcam a celebração da cultura japonesa na capital. O mais recente deles, o Samurai Fest, reuniu nos últimos dias 1º e 2 de novembro amantes dos quadrinhos e animações japonesas, os mangás e animes. Na ocasião, além de comprar e vender produtos relacionados à cultura pop do Japão, o público também pôde ter contato com o mundo dos cosplayers.
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Nathália Kummer vivendo Enma Ai |
Elisangelo Ramos, ou apenas Zaninho, gosta de interpretar personagens exagerados e aprecia uma fantasia mais elaborada. Quando tinha 18 anos fez seu primeiro cosplay e, hoje, com 24 anos, já tomou a forma de 14 personagens, ganhando até reconhecimento do público que chega a pará-lo na rua para comentar sobre alguma de suas fantasias. “Minha maior satisfação é surpreender o público e conseguir arrancar dele aplausos que contagiam”, revela Zaninho, que pretende realizar um estudo relacionando teatro e
cosplay em seu trabalho de conclusão de curso. Além daqueles que buscam o reconhecimento do público, existem pessoas que encaram o cosplay como algo muito mais pessoal, é o caso da estudante Nathália Kummer, que se idenfica profundamente com a personagem de Emma Ai, personagem central do anime
Hell Girl. “É importante se envolver com a construção do cosplay, é bom fazer, se sentir o personagem e se orgulhar”, revela.
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Zaninho com seu cosplay de Abu, Samurai Jack |
Mesmo tendo um forte apelo no estado, a cultura pop não é o único aspecto cultural nipônico que tem espaço em Sergipe. O
Karatê, arte marcial de origem japonesa se torna mais que um esporte para os apaixonados pelo oriente. Tiago Brito, assim como muitos, teve seu primeiro contato com a cultura do Japão ainda menino, por meio dos animes e mangás, mas foi seu pai, quem induziu o gosto pelo Karatê.
Além de todos os benefícios físicos que a prática do Karatê proporciona, essa arte marcial baseia-se em
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Aula de karatê |
valores sociais tais como caráter, fidelidade, esforço, respeito e não agressão. Esses preceitos colaboram com a formação do caráter dos praticantes desenvolvendo qualidades imprescindíveis para uma vida social harmoniosa. “Os professores -
sensei e
shihan - que eu tinha eram ótimos educadores não apenas nas artes marciais, mas também na formação individual de cada. Eles seguiam o 'Código de Honra' das artes marcias japonesas e suas virtudes, e transmitiam isso para os alunos através do bom exemplo. O convívio durante anos com essas pessoas faz como que o indivíduo, em especial a criança e adolescente, anexe essas virtudes para si”, declara Tiago.
De fato, a cultura oriunda do Japão encontra-se amplamente difundida no estado e não se limita apenas à cultura pop e as artes marciais. Esses são apenas alguns indícios de que os japoneses, mesmo com todas as suas peculiaridades, deixaram suas marcas e garantem espaço no cotidiano de muitos sergipanos, seja nas festas, na música ou nas artes marciais.
Um comentário:
Bem interessante a matéria.
Legal saber a influência da cultura japonesa aí no Sergipe, aqui em MS esta influência é evidente.
Acredito que outras culturas tem muito a acrescentar à nossa, o que faz do Brasil um país rico em diversidade cultural.
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