Enem é a melhor alternativa para as universidades públicas?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Candidatos aguardam ansiosos que  os
portões sejam abertos no primeiro dia do Exame
As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ocorreram nos dias 6 e 7 de novembro. Pouco mais de 4,5 milhões de estudantes se inscreveram no exame. No entanto, 3,3 milhões realizaram a prova. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) informou que o índice de abstenção, foi de 26,7% no sábado (6), e de 29,2% no domingo (7), número este que está dentro da normalidade. As provas ocorreram das 13h às 17h30 (horário de Brasília) no primeiro dia, com questões de Ciências Humanas e Ciências da Natureza. No segundo, a prova foi realizada das 13h às 18h30, com perguntas sobre Linguagens, Códigos e suas tecnologias, além de Redação, e Matemática.

Os problemas nas provas do sábado em boa parte do Brasil deixaram muitos inscritos confusos. O cartão de resposta tinha cabeçalhos invertidos e em alguns estados o caderno amarelo possuía repetições de questões ou problemas com a sua numeração, fato que levou muitos alunos a se sentirem prejudicados. 
Desde 2009, o Ministério da Educação (MEC) apresentou uma proposta de reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para sua utilização como forma de seleção unificada nos processos seletivos das universidades públicas Federais. Além disso, cerca de 500 universidades já usam o resultado do exame como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando – com vagas excedentes, como na UFS, por exemplo – ou substituindo o vestibular.

Essa proposta do MEC divide opiniões entre professores, coordenadores e alunos. Ben Hur Barboza, coordenador dos primeiros e terceiros anos e professor de Biologia do Colégio Ideal, diz que o ‘Novo Enem’ realmente veio para inovar e que quase ninguém estava preparado para essas mudanças. “Nenhum colégio pode dizer que está preparado para adaptar os conteúdos programáticos e ajudar os alunos nessas mudanças, pois eles estavam no ‘pique’ da Carlos Chagas – método utilizado pela Universidade Federal de Sergipe –, do verdadeiro ou falso. Eu, sinceramente, como professor, reprovo essa atitude de uma hora para outra e a grande parte dos alunos que ensino também não aprovam”, comenta.
Portões se abrem para a entrada dos candidatos no segundo dia de prova do Enem 2010
Eugênia Almeida, professora de Português e Literatura do Colégio Estadual Tobias Barreto, diz que os alunos estão 100% preparados e trabalham o conteúdo do Enem simultaneamente com o do vestibular. “Aqui nós trabalhamos o programa geralmente mostrando aos alunos aqueles temas e autores que estão mais aptos a serem cobrados pelo exame. Na verdade, o programa do Enem é o mesmo do vestibular. O que vai diferenciar é a abordagem, sendo que o primeiro é mais amplo e o segundo mais especifico”, afirma.

A professora do ensino médio considera tanto os pontos positivos quanto negativos dessa nova reformulação. “Para mim o ponto negativo seria o fato de que o aluno de Aracaju, por exemplo, acaba perdendo muito devido à concorrência que se tornou nacional, mas a qualidade da prova não vai mudar, pelo contrário, ela ficou mais elaborada e valorizada e a temática da redação ficou excelente”, finaliza.

Para se dar bem, Paulo César Araujo, um dos coordenadores do ensino médio e cursinho pré-vestibular do Colégio Arquidiocesano, diz que o aluno precisa estar atualizado e não deve apenas ser um ‘depósito de conteúdos’, já que o exame avalia mais suas habilidades e competências do que o conteúdo propriamente dito, o que ele considera um progresso.

Ainda segundo o coordenador, a escola realiza varias atividades ao longo do ano, como feiras de ciência, trabalhos de química, biologia, física e matemática, voltados para questões abordadas no Enem, além de gincanas literárias e palestras com especialistas sobre temas polêmicos que geralmente são cobrados no exame. “Também fazemos revisões, temos plantões de dúvidas as terças e quintas, aulas de reforço e uma vez por mês realizamos o plantão geral de dúvidas individualizado. São procedimentos que visam preparar melhor os nossos alunos, tanto para o Enem quanto para o vestibular”, reforça Paulo César.

Além disso, é importante que o estudante administre melhor seu stress e ansiedades provocadas pelo excesso de estudo. A exemplo de Laura de Melo, 17, estudante do 3° ano do Colégio Estadual Dom Luciano José Cabral Duarte, que fez o Enem pela primeira vez esse ano. A poucos dias do exame, ela disse estar confiante e preparada. “Eu prefiro estar mais calma, porque agora tem que valer o que eu já estudei durante o ano inteiro. O nervosismo é comum, mas eu procuro me manter centrada para realizar uma boa prova, dormir bem e fazer algum tipo de exercício físico”, comenta. Laura, além de estudar o ensino médio pela manhã, diz que reserva pelo menos 2 horas de suas tardes para revisar os assuntos todos os dias e que vinha estudando os modelos das provas do Enem desde 2002.

A jovem Karla Grasiela, 16, também estudante do 3° ano do Colégio Estadual Tobias Barreto, assim como milhões de brasileiros ficou decepcionada com o ocorrido nas provas do último sábado, mas espera que isso não venha a afetar seu ingresso à universidade. "Ao passar minhas questões para a folha de respostas notei que os cabeçalhos estavam trocados. Não sei como será agora, mas espero que meu sonho de ganhar uma bolsa em uma das universidades aqui mesmo de Aracaju não seja interrompido”, desabafa. Karla pretende cursar Ciências Contábeis.

Pelo segundo ano consecutivo as provas do Enem geram dúvidas e incertezas. Desde sua reformulação o exame tem apresentado problemas envolvendo o processo de criação. No ano passado, um caderno de perguntas foi furtado dentro da gráfica responsável pela impressão das provas. Para o professor Ben Hur Barboza fato aconteceu por falta de organização. “


             Eu acho que o exame perdeu, sim, a suacredibilidade, mas não o nível”, comenta. O presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto, afirmou que o acontecimento não mancha a credibilidade do exame e que não descarta a realização de uma nova prova para os alunos que se sentiram prejudicados. Segundo ele, os problemas serão analisados individualmente. 


  


Reportagem e Fotos: Lorena Larissa

Editor: Lucas Peixoto


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