Editor: Thiago Vieira
Com ampla área profissional, o designer gráfico cresce no mercado de trabalho. E Sergipe tem chances de oferecer um mercado ainda melhor para seus profissionais. Mas se, por um lado, o profissional ganha mais espaço e visibilidade, por outro, o reconhecimento, principalmente no que se refere à remuneração, ainda é pouco. Parte pelo fato de muitas empresas não exigirem o diploma para o exercício da profissão, parte pelo desconhecimento acerca do trabalho do designer, que é bastante variado.
Ele pode atuar em agências de publicidade, jornais, produtoras culturais, estúdios fotográficos, escritórios de design gráfico e até como profissionais autônomos. Genericamente falando, sua função é a de produção de projetos gráficos. Mas seu campo de atuação é vasto. Vai de planejamento gráfico, coordenação de projetos, passa pela área de multimídia, elaboração de peças gráficas, tratamento de imagens, até a produção de curtas-metragens, vídeos e fotos. O designer gráfico trabalha ainda na formulação de conceitos de imagens institucional, corporativa, de indivíduos e personalidades. Sua responsabilidade é a comunicação visual.
Sandro Ribeiro, professor e design gráfico da Unit (Divulgação) |
Por tratar-se de uma profissão com nomenclatura estrangeira, logo que surgiu seu nome causava certa confusão. Era uma profissão ainda desconhecida e seu nome não esclarecia sua função. Sem a exigência do diploma, qualquer pessoa se dizia designer gráfico e as empresas contratavam por baixos salários, o que prejudicava o profissional formado. No entanto, de acordo com Sandro Ribeiro, professor do curso na Universidade Tiradentes (Unit), as empresas começaram a perceber que aquelas que contratavam profissionais formados, responsáveis por sua imagem corporativa, avançavam em termos de projeção social, credibilidade e lucratividade. Já aquelas que contratavam profissionais baratos foram fechadas ou não evoluíram. Mas para Márcio Santana, formado em design gráfico, porém não atuante na área, não é bem assim. As empresas continuam contratando pessoas sem formação superior por baixos salários. “O mercado de trabalho é muito mais do que aquilo que nos é apresentado durante o curso”, disse.
Saulo Rodrigues, estudante de design gráfico da UFS (Infonet) |
A especialização restrita ao design gráfico ainda é escassa no estado. O mais comum é que, depois de formado, o profissional busque ampliar seu leque de possibilidades. Não se limitando ao design, a maioria dos designers segue caminhos que já começaram a trilhar durante a faculdade, explorando áreas como Web (a mais procurada), gerenciamento de projetos e marketing, especializações encontradas no estado. Para Sandro Ribeiro, isso acontece mais pelo interesse do estudante do que pela falta de capacitação específica em Sergipe. Saulo Rodrigues, calouro da Universidade Federal de Sergipe (UFS), já sabe o que quer. “Vou me especializar em criar identidade corporativa, que inclui desenvolvimento de marcas, sinalizações, cartões de visita, sites etc. Pretendo abrir um estúdio e prestar serviços a boas empresas daqui de Sergipe”, planeja.
Márcio Santana, formado em design gráfico pela | Unit |
Segundo Márcio Santana, que é formado pela Unit há três anos, o mercado está em constante atualização e o curso não consegue acompanhar isso. É preciso que os estudantes da área busquem sempre cursos à parte para se atualizarem. Ele ainda não fez pós-graduação por achar a oferta muita limitada em Sergipe. Outro problema, na sua visão, é a não valorização do profissional formado. A profissão não é regulamentada. Ainda não há um órgão federal ou regional que fiscalize a contratação legal de profissionais formados por instituições de nível superior. “Diversos cursos de curta duração colocaram no mercado pessoas não capacitadas, exercendo a profissão de designer gráfico e, como consequência, muitos trabalhos são feitos sem nenhum critério, ética e qualidade”, desabafa. Apesar disso, muitas empresas e órgãos de caráter municipal, estadual e federal já requisitam o trabalho do designer gráfico, através de concursos públicos, para os quais o diploma é exigido.
No que se refere a estágio, há aí um fator positivo para os estudantes, embora negativo para as empresas. Atualmente, sobram vagas para estagiários, o que faz com que muitos estudantes acumulem dois estágios em empresas diferentes. A grande oferta de estágios indica um sinal do crescimento da área no mercado. Um exemplo disso é o calouro Saulo que, apesar de cursar ainda o segundo período, já estagia no SergipeTec (Sergipe Parque Tecnológico). Hoje, em Sergipe, o mercado está sendo visto positivamente, se comparado ao mercado de 10 anos atrás. “É um mercado mais reconhecido e requisitado, com uma perspectiva de crescimento para os próximos três ou cinco anos”, afirma o professor Sandro. Já para Saulo, o mercado ainda é pequeno, mas está em ascensão. “Tanto a indústria e o comércio, como os meios digitais e o mercado publicitário já sabem que, hoje, não podem sobreviver sem utilizar algum tipo de comunicação com seu público. Nós, designers, somos justamente esses ‘mensageiros’”, disse.
O salário inicial para o designer gráfico é de R$1.500, com carga horária de 30 a 40 horas semanais. Depois de quatro, cinco anos no mercado, seu salário pode variar de R$2.500 à R$3.000. Geralmente, profissionais multimídia, os mais procurados, são também os melhores remunerados. Também as áreas de Web, fechamento de arquivos e gerenciamento de projetos são as de melhor retorno financeiro. O mercado de trabalho do designer gráfico em Sergipe é ainda um assunto controverso. Mas, há de se concordar que é também uma área em processo de crescimento. Para os aspirantes à designer gráfico e os que já são profissionais, o professor Sandro Ribeiro dá um conselho: “Não espere se formar para fazer cursos extracurriculares, participar de projetos de pesquisa ou atividades de extensão. Divulgue seu portfólio, isto é, tenha a preocupação de levar seu trabalho ao conhecimento das empresas, instituições e organizações do mercado”.
Um comentário:
Excelente explanação sobre o tema.
Acredito que há necessidade de cursar, pelo menos, a graduação. Assim, o profissional estará mais atento às necessidades do mercado de trabalho. Sem olvidar, por óbvio, que estará mais capacitado do que uma pessoa sem formação alguma. E, para as empresas, com a concorrência cada vez mais acirrada, implicação intrínseca ao capitalismo, nada melhor do que ter um quadro de funcionários do mais alto escol.
Bela escolha de palavras e clareza exemplar marcam a reportagem que ora comento.
Parabéns, fantástico.
Luiz Carlos.
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