“Para fazer chorar têm muitos, para fazer rir são poucos”

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O brasileiro é conhecido por sua alegria e senso de humor, características que divulgam a imagem do país para o mundo. Nosso estado de espírito é bastante explorado pela mídia, com boa parte da programação dedicada ao riso, seja nos próprios programas humorísticos, até nas tirinhas de jornais. Desde os clássicos palhaços, há diferentes formas de se fazer graça, passando desde os que transvestem personagens ou fazem imitações, até o humor da moda, o stand up comedy, de cara limpa, no qual o humorista não tem personagem nem acessórios. Ele está munido apenas de microfone e suas próprias idéias.

O casal de palhaços Robert Clark e Iris Fiorelli

Se nós brasileiros somos um povo tão dado ao riso, por que fazer humor em Sergipe é uma tarefa tão árdua?  Isso ocorre pela falta de publico, de espaço ou de incentivo? O gênero humorístico apresenta-se bastante escasso, mas ainda assim é possível encontrar poucos e bons humoristas em solo sergipano. “A dificuldade de se fazer humor aqui é a mesma de se fazer teatro ou música. Tudo é mais difícil aqui em Sergipe, porque as pessoas consomem mais o que vem de fora” diz Kassem, humorista que trabalha várias vertentes do humor no Estado.
Humorista Kassem
Viver só do humor parece algo utópico. Até os poucos bem sucedidos da área, como o palhaço uruguaio Robert Clark, afirma ter dificuldades para encontrar algumas parcerias para seus espetáculos, pois seus colegas de trabalho possuem duas profissões, o que dificulta a conciliação com os ensaios. “Aqui você não tem artista que vive de arte e que se sustente com isso. Todos têm um emprego principal, que lhe dá estabilidade. Depois vem a arte, feita por amor”, afirma Clark.

Um bom exemplo disto é Leonardo Rodrigues, garçom e comediante entre um pedido e outro, que há um ano faz suas apresentações num restaurante da capital seguindo a linha do stand up comedy. “Para fazer chorar têm muitos, para fazer rir são poucos. Já fiz várias apresentações e não ganhei nada, faço mais por prazer mesmo. Eu não sou tão conhecido e Aracaju não tem espaço pra isso, então eu tenho que começar de baixo, fazendo um nome, pra depois pensar em valores”, diz Leonardo.

Há alguns anos, o bar Coqueiral localizado Orla de Atalaia possui um dia dedicado há apresentações humorísticas do estilo standy up chamado de a “quarta do riso”. O seu proprietário, Carlito Melo, garante que é esse o diferencial do estabelecimento, que traz ao palco tanto artistas da terra como de fora. Fica comprovado, então, que o público é atraído pelo humor e que, para uma maior expressividade, ele precisa de mais espaço e divulgação.

Arte: Lucas Peixoto
Existe um grupo crescente de humoristas em Sergipe, que precisa apenas de apoio para emergir no cenário cultural. Aos poucos eles vão conquistando seu espaço, como os grupos circenses Circolarte e Sercirco. Porém esse processo ainda é lento. Seria necessário um estabelecimento próprio, que abrisse um espaço para essa vertente de entretenimento, e na qual toda a classe artística sergipana pudesse a cada dia apresentar algo diferente durante a semana – algo similar a “quarta do riso” e a “terça insana” que acontece em São Paulo há nove anos. Desta forma, o humor sergipano estaria bem representado e abriria espaço para novos talentos. Enquanto isso não acontece no cenário humorístico sergipano, “é melhor rir para não chorar”.  
Carlito Melo,dono do coqueiral


Reportagem: Mariana Viana
Editor: Lucas Peixoto

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