Mudanças marcam as gerações dos anos 90 e 2000

domingo, 28 de novembro de 2010

Desde os anos 90, as crianças têm sido mais ouvidas, mais vistas, este é o mundo em que já nasceram, onde a família não perde sua importância apesar do crescimento da tecnologia e dos novos meios de comunicação. “O acesso desequilibrado à informação, essa é a principal diferença da geração da década passada pra atual”, afirma a psicóloga e professora da Universidade Federal de Sergipe Dalila Xavier.

Exposição na mídia


Para Dalila Xavier ainda há uma diferença visível nas mídias dessas duas gerações. Enquanto haviam programas televisivos que faziam as crianças mergulharem no mundo da fantasia entendendo uma moral na história, atualmente, o comum é a violência, fruto de uma consciência reprodutivista de que as pessoas valem de acordo com o que produzem. “A condução do desenvolvimento mudou. A cada dia temos vivido uma cultura mais individualista, sem nos preocuparmos com o coletivo”, ressalta a pedagoga e psicóloga Tereza Cristina Santos Costa.

As crianças estão mais expostas. Foto: www.festaskids.com.br

Dalila Xavier. Foto: Lohan Montes
A psicopedagoga Nádia Dias defende que na década de 90 a violência que atingia as crianças era menos visível. Desde a popularização do computador e da Internet, as crianças estão cada vez mais expostas. “A internet expôs as crianças, mas também criou meios de expor os pedófilos, por exemplo. Essa é uma discussão que não pode deixar de acontecer. Que se fale muito nesse assunto, que a violência seja exposta para ser combatida!”.

Presença dos pais

Os pais sempre serão imprescindíveis. Foto: www.blogbrasil.com.br
Parte-se do principio de que a ocupação dos pais impede que eles estejam mais presentes. “Há uma relação de amor, mas os encontros diminuíram. A fragmentação desses encontros quebrou o elo que da base emocional, equilíbrio, dimensão de interesse em comum”, explica Tereza Cristina. O controle dos pais em relação aos filhos era maior na década passada. Hoje, devido ao mercado de trabalho, o tempo é escasso. A professora da UFS, Dalila Xavier, conta que, antigamente um grupo de pessoas tomava conta dos filhos de outros. “Se a criança fosse vista tendo um comportamento inadequado, a pessoa que visse, falava ao pai. Os pais tinham maior conhecimento sobre as crianças”, relembra.

Nádia Dias. Foot: Arquivo pessoal
A importância da presença dos pais, da união entre eles capaz de criar um vínculo seguro para os filhos, em qualquer época da humanidade, “a criança tem necessidade da presença de ambos os pais e que eles superem todas as diferenças em prol da segurança dos filhos”, ressalta. De acordo com a psicopedagoga Nádia Dias, a ausência dos pais implica nessa ‘aceleração’ da infância. Eles deveriam estar mais atentos ao conteúdo a que seus filhos estão expostos pois funcionam como uma espécie de “filtro” para os malefícios da modernidade, “Crianças que tem pais presentes, interessados em suas vidas, participativos é o que está faltando. Tanto agora quanto nos anos 90, crianças com pais ausentes têm e terão problemas sérios durante a fase de crescimento”, explica. 

A chamada ‘guarda compartilhada’ entre pais separados é mais um assunto a gerar polêmica. Para as profissionais entrevistadas, mesmo que as dois pais devam estar presentes, nem sempre este tipo de conduta judicial pode ser aplicada a todos os casos. Tendo em vista a alta incidência da Síndrome da Alienação Parental que, apesar de já existir há muito tempo, só gerou discussões apenas nesses últimos dez anos sobretudo agora, com a mudança no regime da guarda de filhos na separação marital, tem sido amplamente discutida.

A infância passa cada vez mais rápido. Foto: www.ipbbarretos.com.br

Mas afinal, o quais as reais diferenças entre as gerações ds anos 90 e 2000? As mudanças são mais tênues do que se imagina, é o que salientam as duas profissionais. Tanto para a psicopedagoda quanto para a professora, o que muda é o mundo onde as crianças estão inseridas. Tudo muda muito rápido, e isso só tende a acelerar ainda mais com o passar dos anos. Saber lidar com as novas tecnologias e com as questões familiares sempre foi papel dos pais, e isto não deve mudar nunca.

Reportagem por Lohan Montes

Edição por Eloy Vieira

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