Projeta Brasil incentiva o cinema nacional

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Em 1898 o cineasta italiano Affonso Sagretto filmou os primeiros vídeos no Brasil, desde então, o cinema nacional iniciou sua produção, passando por diferentes fases. Do início do cinema falado na década de 30, época de Ganga Bruta, filme que mostra sofisticação na linguagem cinematográfica, e das comédias musicais chanchadas. Passando pelo Cinema Novo de Glauber Rocha no início da década de 60 e pela criação da estatal Embrafilme em 74, órgão que controlava o cinema brasileiro na época do regime militar. Até a década de 90 onde os investimentos na produção cinematográfica aumentaram, incentivos fiscais foram cedidos pelo governo e só assim as coisas começaram a mudar na produção audiovisual do país.

O filme Carlota Joaquina marca o início dessa fase que vivemos, chamada de “Retomada” do cinema brasileiro. Hoje, observa-se uma crescente participação dos filmes brasileiros nos espaços das salas de cinemas não só nacionais como internacionais. Além disso, filmes como O Quatrilho, O Que É Isso Companheiro Central do Brasil e Cidade de Deus foram grandes produções dessa nova fase que chegaram à indicação ao Oscar, maior premiação do cinema mundial. Esse desenvolvimento do cinema nacional, influenciado pela indústria publicitária, deve-se também ao processo de digitalização da captura de imagens, que diminuiu os custos de produção em relação película e possibilitou inúmeras e crescentes produções de curtas-metragem.
Hilbério Santos aprova a iniciativa. Fotos: Gustavo Carvalho.

A chegada da tecnologia digital gerou uma necessidade de profissionalização na área, gerando cursos e o projetos de incentivo ao audiovisual em todo o Brasil. Segundo a professora doutora em comunicação e semiótica, Lílian França, esses projetos criam nichos de produção fora do eixo Rio-São Paulo devido à interiorização da formação de todo tipo de profissional ligado à indústria cinematográfica. “No que diz respeito aos projetos de incentivo considero que sejam fundamentais para formar públicos e mudar a imagem ainda preconceituosa acerca do cinema brasileiro, permitindo um novo olhar sobre a nossa produção.” Coloca a professora Lílian que lembra também da importância da proliferação do número de salas de cinema no país e do retorno de bilheteria como incentivador da produção.

A rede de cinema Cinemark promoveu dia 08 de novembro o XI Projeta Brasil. Projeto responsável por garantir um dia inteiro de exibição de filmes nacionais em todas as suas salas. Com ingressos à um custo mínimo de R$ 2,00 foi possível assistir diversos filmes brasileiros que estrearam desde novembro de 2009. Toda verba arrecadada no dia é revertida para programas de incentivo à produção do cinema nacional. Somente no shopping Jardins, o Cinemark recebeu mais de 4 mil espectadores. Hilbério Santos adora filmes nacionais e aproveitou o projeto para assistir filmes que ainda não tinha visto “A qualidade do cinema nacional melhorou muito nos últimos anos. O projeto é muito interessante. Principalmente porquê, em nosso país, o ingresso de cinema é um pouco caro e com esse preço acessível todo mundo pode vir e prestigiar nossos filmes” comenta.
Tropa de Elite 2 bate recorde de público. Foto: Gustavo Carvalho
Dentre os filmes exibidos na décima primeira edição do Projeta Brasil estão os três maiores sucessos de bilheteria do ano: Tropa de Elite, Chico Chavier e Nosso lar que juntos já haviam obtido mais 15 milhões de espectadores. Correspondendo às expectativas, Tropa de Elite 2 foi o filme mais assistido do dia. Chegando a um total de 8,5 milhões de expectadores desde a sua estréia, tornando-se o recordista de público nacional ao superar Se eu fosse você 2, que teve 6,1 milhões de bilhetes vendidos. Patrícia de Castro que trabalha no shopping jardins, aproveitou seu horário vago e o projeto do Cinemark para assistir ao filme “ É um filme todos estão comentando e falando bem, eu ainda não havia assistido aproveitei que está mais barato hoje para conferir essa grande produção do cinema nacional.” coloca a funcionária. Como forma de incentivar outras formas de produção, foi exibido antes de cada filme um curta de 60 segundos “ Final Feliz”, feito por uma aluna da escola de comunicação e artes da UFS, vencedor do concurso cultural Brasil em Cartaz.

Repórter: Gustavo Carvalho
Editor: Ethiene Fonseca

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