Conversa sobre sexualidade entre pais e filhos evita surpresas na vida sexual

sábado, 4 de dezembro de 2010

Reportagem e Fotos: Anne Samara Torres
Edição: Thiago Vieira
Maria Cristina cuida das informações que seus filhos recebem 

Conversar com os filhos sobre sexo nem sempre é algo fácil para os pais. Mas a discussão em família é importante a fim de evitar doenças sexualmente transmissíveis, gravidez precoce e até mesmo casos de pedofilia. Nessa hora, naturalidade e adequação das respostas para cada fase da vida são conceitos-chave para lidar com o tema.

Em plena era de abundancia da informação e de forte apelo sexual na mídia, a conversa com os amigos, os filmes, as revistas e principalmente a internet são grandes fontes de respostas para as dúvidas e curiosidades de crianças e jovens; mas é essencial lembrar que elas não devem ser as únicas, já que nem sempre são confiáveis. É importante que desde cedo os pais deem espaço e liberdade para discussão desse tema em família e respeitem a curiosidade dos filhos, principalmente porque ela costuma se manifestar quando eles ainda são bem pequenos.

A psicóloga Dalila diz que é preciso atenção dos pais
Geralmente, é a partir dos dois anos de idade que a criança começa a descobrir seus genitais e como é agradável tocá-los, brincar com eles. “O toque é uma coisa importante que a criança faz sempre e nesse toque ela sente prazer, mas é necessário que os pais tenham precauções com a higiene das crianças. As mãozinhas devem estar sempre limpinhas e, além disso, deve-se manter a criança sempre vestida, porque quando seus genitais estão expostos ela tem a tendência de achar que são feitos para brincar, podendo até se machucar”, explica a psicóloga Dalila Xavier de França.

Depois dessa fase, ou mesmo simultaneamente, surgem perguntas como “de onde eu nasci?”, “porque eu sou diferente da minha irmã?”, “como eu saí da sua barriga?” e assim por diante. Todas elas são essenciais no processo de descoberta pelas crianças e precisam ser respondidas, respeitando sua idade e sua capacidade de compreensão; a melhor resposta é aquela que diga a verdade e cuja complexidade esteja de acordo com o grau de entendimento da criança. A psicóloga Dalila Xavier explica como lidar com essas questões através do que ela passou certa vez com seu filho de 5 anos: “Ele me perguntou como era que o bebê saia da barriga da mãe. Eu peguei uma bonequinha e disse que podia ser de duas formas: a menina tem um buraquinho em baixo por onde ele sai ou então o médico corta a barriga da mãe e tira o bebê. Com isso ele se conformou”, conta a psicóloga.

Muitos pais ainda se sentem envergonhados e despreparados para falar sobre o assunto e frequentemente fogem dele, ignorando a curiosidade da criança, dizendo que isso não é conversa para idade dela, que mais tarde ela irá saber, inventando nomes para os órgãos sexuais e historinhas fantasiosas sobre seu nascimento. Nada disso é correto, mas todo esse constrangimento por parte dos pais é bastante comum e costuma ser resultado de uma cultura de pouco diálogo familiar quando o tema era um completo tabu e sua discussão, quando acontecia, tinha pouca ou quase nenhuma naturalidade.

Ao passar do tempo, as dúvidas ficam mais complexas e a curiosidade acerca das mudanças do corpo e das sensações advindas da sexualidade aumentam. É preciso então que o jovem confie nos pais para esclarecerem suas dúvidas, como afirma a dona de casa Marta Cristina Trindade Silva, mãe de quatro filhos – um rapaz de 16 anos, duas meninas de 12 e 10 anos e um garoto de 4 anos. “Há uns dois anos atrás meu [filho] mais velho me perguntava por que ele não tinha tantos pêlos quanto os outros meninos na idade dele e eu dizia que tudo tem seu tempo, sua hora, que essas coisas dependem de genética e que cada rapaz tem seu desenvolvimento diferente dos outros. Já as meninas me perguntam mais sobre menstruação, quando é que vão menstruar e de que tamanho vão ficar seus seios. Sei que eles conversam com os amiguinhos, mas gosto quando eles conversam comigo”, afirma.

De maneira bem humorada, a cozinheira Gilvanete Pinheiro, mãe de dois filhos, uma moça de 23 anos e um rapaz de 16 anos, também conversa com os filhos sobre o assunto. “Eu comecei a conversar com ele assim que ele ficou rapazinho, com uns 10, 11 anos. Ele tentava fugir, dizia que o professor falava disso na escola, até hoje ele tenta fugir dizendo que já sabe. Eu tenho certeza que quando ele se junta com os amigos eles vão olhar essas coisas na internet, mas mesmo assim eu falo pra ele se prevenir porque tá arriscado a pegar várias doenças ou então se deparar com uma gravidez”, comenta a mãe, que está atenta ao uso de preservativos. “Já estou até pensando em espalhar camisinhas pela casa”, diz, aos risos.

Naturalidade, honestidade e confiança entre pais e filhos em relação ao tema são indispensáveis para que os jovens possam construir sua identidade sexual e usufruir da sua sexualidade com saúde e sem sustos – nem para eles, nem para os pais.

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