Sucesso das séries literárias estimula a leitura e forma novas gerações de leitores

sábado, 4 de dezembro de 2010

Reportagem: Adler Bebert
Edição: Thiago Vieira
A série Crepúsculo vendeu 116 milhões de livros ao redor do mundo
(Divulgação)

O sucesso das sagas literárias recentes incentiva o hábito de ler nos adolescente utilizando fórmulas que remetem a ideais valorizados pelos jovens, como autenticidade e carisma. O resultado é que o número de livros vendidos para jovens tem atingido volumes de venda enormes.

Somando-se o número de livros vendidos mundialmente pelas sagas Harry Potter, Crepúsculo, O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia chegamos a quase um bilhão de exemplares vendidos, ficando atrás apenas da Bíblia (Seis bilhões). Para se ter uma ideia do tamanho dessa marca, o Ibope fez uma pesquisa mostrando que a média de compra dos brasileiros é de apenas um livro por ano. Seriam necessários cinco anos para que o Brasil comprasse o número de livros vendidos pelas séries citadas.

Segundo Ronaldo Santana, professor de literatura, todo esse sucesso se deve a uma fórmula simples. “Junta-se meia-dúzia de personagens muito carismáticos e corajosos, coragem é uma marca registrada, a um mundo inteiramente novo. Os autores, de forma impecável, dão aos jovens, principal público das séries, um lugar só deles.” O professor destaca também a importância dessas leituras para o processo de desenvolvimento dos jovens. “Muitos começam a ler por causa dessas sagas e acabam pegando o gosto pela leitura”, comenta.

Esse fenômeno global causa devoção em algumas pessoas que se declaram fãs das séries. Beatriz Gouveia, 16 anos, fã da série Crepúsculo desde o primeiro filme, explica o porquê de toda a sua paixão. “Eu gosto porque Bella mostra que não liga para o que pensam dela, que ela é o que quer e luta pelo que quer, o livro me ajudou a enxergar isso. Por isso que me atraí por ele, por mostrar que uma adolescente normal que não é popular e nem liga para isso também pode ser feliz.” Beatriz afirma também que passou a ler mais depois da série. “Sempre fui de ler, desde pequena. Mas passei a ler muito mais depois de Crepúsculo. Antigamente eu passava meses lendo um livro. E hoje, quando gosto do livro, leio em questão de dias ou até menos.”

Rayan Alves devora o último livro da saga Harry Potter
(Lohan Montes)
Já Rayan Alves, 16 anos, é fã de Harry Potter desde 2001 e atribui à história do bruxo seu gosto pela leitura. “Foi com Harry Potter que surgiu realmente minha paixão e vício pela literatura. Hoje eu devo muito à saga que abriu diversas portas para o meu desenvolvimento”. Para ele, a série é muito mais do que apenas uma história de magia. “Harry Potter mostra pequenos e grandes valores que ao longo do tempo foram esquecidos pela nossa sociedade. É isso que desperta meu interesse, além da magia fantasiosa que me faz entrar em um mundo inteiramente meu, que me faz ficar horas imaginando e decifrando enigmas, tudo isso escrito por J. K. Rowling de uma forma fantástica”, comenta.

Tamanhos sucessos das sagas acabaram por trazer adaptações para o cinema que aumentaram ainda mais o fanatismo pelas séries. “Vejo que a publicidade, a imprensa e os meios midiáticos funcionam para isso, para criar um fanatismo que não vejo como uma questão puramente individual, pois o desejo pelo produto só aumenta o consumo coletivo”, explica Maíra Lima, psicóloga. Ela ainda ressalta a falsa imagem de inovação das histórias. “As histórias exploram tudo o que já foi dado. Os valores culturais: as mocinhas, os heróis infalíveis, entre outros. De certa forma, essa valorização cultural é o que traz o público para perto, faz com que haja uma identificação”, argumenta.

Seja Harry Potter, Crepúsculo, As Crônicas de Nárnia ou O Senhor dos Anéis, ou até mesmo novos sucessos como Percy Jackson e Diários do Vampiro, as séries literárias vieram para ficar e “fazer a cabeça” da juventude. Com tantas histórias diferentes, a literatura aparece sob uma nova perspectiva para o jovem, cabe a ela aproveitar esse momento único e fazer dessa geração, uma geração leitora.

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