Graffitismo ganha as ruas da cidade

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Por muito tempo ela foi caracterizada como ato de vandalismo e revolta. Vista como uma “pichação evoluída”, o graffitismo tem ganhado os espaços públicos. Seja em paredes, grandes avenidas, praças, viadutos, pontes ou escolas, a arte de grafitar já vem ganhando uma nova conotação, agora já é chamado ‘arte urbana’.







História do Graffitismo

As primeiras manifestações artísticas do homem remontam à Idade da Pedra, onde o homem primitivo deixava suas marcas através das pinturas rupestres, o qual utilizava à areia, o carvão, tintas extraídas de árvores e o sangue de animais. Depois, na Roma Antiga era comum se escrever manifestações de protesto em paredes de construções. É extamente deste hábito que vem o significado da palavra de origem latina ‘grafite’: escritas feitas com carvão.

Seu aparecimento na Idade Contemporânea se deu primeiramente na França no ano de 1968 com as manifestações estudantis. Dois anos depois jovens americanos começaram a deixar suas marcas nas paredes das casas, mas com a técnica do spray. O grafite se ligava ao Hip Hop e às formas de expressão daqueles que sofrem algum tipo de opressão.

Uma das principais obras de Chagas marca presença na Avenida Ivo do Prado (Centro). Foto: André Chagas
No Brasil, o graffitismo foi introduzido em 1970 na cidade de São Paulo, que logo se tornou referência dessa prática em todo o país. Já em Sergipe, sobretudo em Aracaju, a arte urbana do grafite vem se devolvendo há cerca de 10 anos.

Graffitismo como Arte e Profissão
O grafite, diferentemente da pichação, é uma forma de arte, por isso mesmo,  já tem sido desenvolvido em muitos projetos escolares. A estudante do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Sergipe, Gabriela Silva, desenvolveu um projeto de extensão no Colégio Estadual Ministro Petrônio Portela, localizado no conjunto Augusto Franco. Com o projeto, os alunos puderam aprender sobre o grafite e colaborar com a reforma de sua própria escola. “Quando eu cheguei à escola, percebi muitas paredes e quadros pichados, porém, o que mais me chamou a atenção foi que os alunos tinham jeito com traços e formas. Foi quando eu desenvolvi um projeto com grafite que deu muito certo. Muitos alunos se identificaram”, relata.

Grafitagem também na escola. Oficina de grafite já é ensinada para ajudar na conscientização de jovens. Foto: Mairon Hothon

Outro projeto que Gabriela participou foi o Projeto ‘Beco dos Cocos’, onde a Prefeitura de Aracaju financiou uma reestruturação do local. Localizado entre os mercados municipais e a Praça General Valadão, o Beco dos Cocos foi considerado como reduto boêmio e local de prostituição. Hoje, suas paredes foram todas pintadas pelo grafite.

André Chagas, um dos maiores nomes do grafite no estado. Foto: Mairon Hothon
O graffite também desenvolve o lado profissional, um exemplo disso é o grafiteiro André Chagas, que tem trabalhos espalhados pela cidade. Considerado um dos melhores “escritores” de grafite em nosso Estado, Chagas está nessa profissão há 10 anos e já desenvolveu grandes projetos na área. Para ele, o grafitismo está crescendo em Aracaju e já ajudou a mudar a cara da cidade. “Gosto de aliar coerência e harmonia das cores e traços, sempre passando uma mensagem de conscientização”.

Os Benefícios do Grafitismo

A prática do graffitismo está ajudando muitos jovens aracajuanos a se desenvolverem e a tornar antigos locais pichados em locais com arte urbana. Um exemplo disso vem do jovem Jamerson Santos que está aprendendo sobre o grafite através de uma oficina oferecida pelo André Chagas, na Escola Estadual Professor Francisco Rosa, localizado no bairro Bugio.

Jamerson está aprendendo a técnica do desenho e de harmonia das cores. “O grafite está sendo muito bom para mim, estou tendo uma oportunidade de aprender o que é correto, desenvolvo a paciência, pois leva tempo para se fazer uma arte”.

Angélica Rocha (Emurb) fala sobre o grafite nas ruas. Foto: Mairon Hothon
A arquiteta e urbanista da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (EMURB), Angélica Rocha, relata  que sempre que possível a arte do grafite tem espaço nas obras públicas, mesmo sem um projeto especifico. Ela ainda aponta alguns lugares já contemplados na capital: a Caixa D’água do bairro Castelo Branco, Orla pôr-do-sol (Mosqueiro), Praça da Liberdade (Santa Lúcia); Praça do bairro Siqueira Campos; Praça do bairro Cidade Nova, Orla da Atalaia, Ponte João Alves Filhos e paredes pelas avenidas da capital (Av. Ivo do Prado, Des. Maynard).

Parafraseando o artista plástico alemão Paul Klee, “A arte não reproduz o que vemos. Ela nos faz ver”. É através do graffitismo que a arte pode ser expressa, que jovens encontram um caminho alternativo e  nossa cidade pode torna-se mais bonita e colorida com essa modalidade de arte urbana.

Veja também:

www.graffit.org.br (Site brasileiro especializado em grafitagem)

Dos Grafiteiros de Pompéia aos Pichadores Atuais

Reportagem e fotos por Mairon Hothon

Edição por Eloy Vieira

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Contexto Online | by TNB ©2010