Apesar dos dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) , no qual apontaram o menor percentual de infestação de dengue nos últimos três anos, através do terceiro Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) de 2011, ainda há bairros em Aracaju que foram considerados de alto risco de infestação, como é o caso do bairro 18 do Forte e Coroa do Meio. O índice de infestação ficou em 2,8%, considerado de médio risco.
Taise Cavalcante, coordenadora da Programa da Dengue |
De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica e do Programa da Dengue, Taise Cavalcante, esses bairros são mais propensos a apresentarem epidemia devido a sua alta densidade populacional, registro de casos da doença nos últimos dez anos, pela falta de saneamento básico e de redes de esgotos. “Apesar de só terem sido confirmados sete casos de dengue nesses dois bairros, eles estão entre os nove bairros da capital que são considerados de risco”, explica ela. O bairro Siqueira Campos, Cirurgia e Santo Antônio são outros que também estão na lista.
No bairro 18 do Forte o índice subiu de 0,6% para 8,1%, e a maioria dos focos foi encontrado nas lavanderias. “Como é um bairro que tem problema com a falta de água, as pessoas armazenam água nas lavanderias, onde é o maior foco de proliferação da dengue”, explica a coordenadora. Nesse bairro, foi uma mescla de vários problemas juntos, desde as lavanderias mal cuidadas, até armazenamento de entulhos nos quintais.
Já no bairro Coroa do Meio, onde o índice passou de 1,7 % para 4,0%, o local de maior infestação foi em pratos de plantas. “Os locais de foco nesse bairro foram locais pontuais e o que nos pegou de surpresa foi que todos os focos foram encontrados em vasos de plantas”, explica.
Taise Cavalcante acredita que esse aumento se deu por conta do descuido da população num período que é de maior risco, pois há um grande volume de chuvas. “Houve descuido na época mais perigosa, e, além disso, juntou com todos aqueles fatores que já tornam esses bairros propícios à dengue”, conta. A coordenadora explicou que, não necessariamente, o aumento do vetor da doença, o mosquito Aedes Aegypti, signifique um maior número de doentes, já que para ter a doença é necessário que o mosquito esteja contaminado com o vírus. “Não significa que todo mosquito transmite a doença”, confirma.
Nivalda Francisca de Lima, moradora do bairro Coroa do Meio. |
Segundo Nivalda Francisca de Lima, que reside no bairro Coroa do Meio a 13 anos, já foi infectada duas vezes pela doença e já teve também seus familiares contaminados. “O grande problema é a falta de conscientização das pessoas. Meus vizinhos deixam água acumulada em potes e pneus, e isso ajuda a disseminação do mosquito”, conta. Ela fala de outro grande problema do bairro que são os terrenos baldios. “Nesse bairro ainda há muitos terrenos baldios, e isso complicam ainda mais o controle da doença”, afirma.
Ações
Nos bairros que foram considerados de alto risco de infestação, há ações mais diretas de controle da doença, como a força-tarefa, no qual agentes de saúde passam nas casas e revistam os locais mais propícios a desenvolver o mosquito; o projeto Todos Contra Dengue, que, de acordo com a coordenadora Taise Cavalcante, é uma das maiores ações de combate, pois eles entram em casas abandonadas para limpar e combater os focos da doença.
Ela alerta que a dengue é um problema de saúde pública e que as pessoas devem ajudar aos órgãos a sanar a doença. “Não adianta nós alertarmos as pessoas, irmos às casas, matar os mosquitos, se ainda há muita gente que não presta a devida atenção dentro da sua própria residência”, declara.
Cuidados
A coordenadora alerta às pessoas para prestarem atenção em capacetes de moto, entulhos no fundo do quintal, caixa de isopor, carrinho de ferro de criança, brinquedos, parte detrás da geladeira, lavanderias, pratos de plantas e pratos de alimentação de animais domésticos, como passarinhos e cachorros. Segundo ela, esses são os locais mais propícios a aparecer focos de dengue. “Se todo mundo prestar atenção nesses locais e limpá-los com freqüência, o índice da dengue diminuirá muito mais”, alerta.
Leia mais: Cuidados com o mosquito da dengue
Reportagem e fotos: Catarina Schneider
Edição: Bruna Guimarães
Nenhum comentário:
Postar um comentário