ENEM trará mudanças metodológicas para o ensino

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Alunos aprovam prova do ENEM, mas a consideram cansativa

No último dia 27, a  Universidade Federal de Sergipe (UFS) anunciou que a partir do vestibular 2013.1 adotará o Exame Nacional do Ensino Médio  (ENEM) para ser a avaliação de ingresso na instituição. A medida foi anunciada durante reunião com os membros do Conselho de Ensino, da Pesquisa e da Extensão da UFS (Conepe).

Qualquer pessoa do país tem condições de se inscrever para o Exame
Fonte:informeishion.com
A Universidade, inicialmente, não adotará o Sistema de Seleção Unificada (SISU), ou seja, o aluno terá que fazer tanto a inscrição no ENEM quanto no CCV, estando a UFS responsável pela divulgação dos resultados no vestibular.

Muito embora a adoção do ENEM fosse algo esperado pela maioria das escolas de Sergipe, os alunos sofrerão mudanças devido às questões de estilo de avaliação, bem como a duração do exame, época da aplicação e metodologia de ensino.

Marcus Vinícius, coordenador do CCPA

Segundo o coordenador do ensino médio do Colégio de Ciências Pura e Aplicada (CCPA) e professor de Física, Marcus Vinícius, a mudança para o ingresso na universidade pelo ENEM era uma questão de tempo. “Nós já pensávamos e sabíamos que o ENEM seria a forma de avaliação para o futuro do vestibular da UFS. A mudança veio na hora certa. Nós já imaginávamos que iria acontecer isso e nos planejamos”, afirma. 

Da mesma maneira do CCPA, o Colégio de Aplicação (CODAP) está preparado para a mudança. Segundo o diretor Nemésio Augusto, a escola sempre trabalhou na metodologia do ENEM, mesmo na época do V e F da UFS. “Ter o ENEM como prova de vestibular não nos representa mudança, pois nossa metodologia é voltada para esse tipo de avaliação. No máximo, sofreremos algumas pequenas correções pontuais, mas nada drástico ou estrutural. Antes se cobrava muito do aluno aquela prova objetiva, do V ou F. Em contrapartida, o colégio nunca trabalhou nessa linha e sempre prezou por uma formação mais ampla”, explica.

Uma das vantagens do novo ENEM é buscar uma interdisciplinaridade e prezar por questões de raciocínio lógico e conhecimento prático de vida. No entanto, por ter mexido na estrutura metodológica de ensino, os alunos poderão ter dificuldades. O ENEM é uma prova bem elaborada, pois mede conhecimento adquirido, ao contrário de apenas o conteúdo, como ocorria no vestibular tradicional. No entanto, os alunos precisarão de certo tempo para se adaptar.

Segundo a estudante do 2º ano B do colégio CCPA, Bárbara Bomfim Muniz, a mudança ocorreu na hora certa. “Eu achei a mudança do ENEM boa porque é uma prova que exige mais raciocínio, sem aquele decoreba e verdadeiro e falso, como era antes. Com o ENEM, eu poderei absorver mais o conteúdo. Assim, poderei levar mais conhecimento adquirido na escola para a vida profissional”.

Estudantes do CCPA, Bárbara Muniz e Matheus Linhares

No entanto, o seu colega de sala, o aluno Matheus Vinícius Linhares, acha que a adoção do exame pela UFS poderia ter sido feita um pouco antes, logo no início do ano. “Acho que poderia ser melhor se fosse adotada anteriormente. Nós recebemos a notícia no meio do ano, apesar do colégio nos preparar. Além disso, já houve a abolição do PSS. Ou seja, foram muitas mudanças”.

Um dos grandes problemas do ENEM está na duração da prova. Com tempo de cinco horas, os estudantes devem responder questões que demandam um tempo maior por conta das interpretações dos textos e por ser uma prova bastante ampla. Segundo o estudante do Colégio do Salvador, Bueno Rodrigues de Oliveira, este problema ocorre pela falta da prática de leitura. “Acho que essa prova incentivará o aluno a ler mais, pois o brasileiro não gosta de ler. Por isso que os alunos acham a prova curta, pois é muito interpretativa, com muita leitura, e o brasileiro não está acostumado a ler”, explica.

Os estudantes terão que se adaptar ao novo estilo de prova.
Fonte: tvproducoes.com
Ao contrário do método tradicional, no qual o aluno identificava o problema ou dava uma solução para uma questão teórica, quase como uma atividade pragmática e mecanizada, o ENEM preza por uma resolução ampla e interpretativa. Por isso, as disciplinas têm pesos iguais, independente do curso que o aluno quer. Já que a prova do ENEM não tem pesos, deve-se ter um equilíbrio para trabalhar com contextos gerais, em que história se correlaciona com português e geografia, por exemplo. Numa prova que se lê muito e que se faz uma ponte entre diversas disciplinas para a resolução das questões através da interpretação de textos, o aluno sofrerá o baque por não estar preparado para isso. 

Outra vantagem do ENEM é de ser uma prova de nível nacional, na qual o aluno poderá competir com outros estudantes de todo o Brasil por uma vaga em diversas universidades. “É uma prova feita a nível nacional, por isso não existe desnível entre as provas no Brasil. Posso me preparar para uma prova que servirá para todo o Brasil”, explica o estudante do CODAP, Caio Ulianov Lisboa.

Por ter abrangência nacional, o ENEM desprezará as questões regionais e específicas de cada Estado do Brasil. No entanto, a professora de História, Simone Varela, afirma que o aluno deverá ser motivado a conhecer a construção de sua região. “Mesmo com a adoção do ENEM, não deixarei de ensinar a história do nosso Estado, pois conseguir fazer esse elo com o conteúdo de história do Brasil. Se nós inserimos nossa história em um contexto maior, o aluno não achará que aquilo é ruim ou inútil”, explica.

Um problema que precisará de rápida resolução está na questão do calendário escolar. O vestibular da UFS era no final de novembro. Com a adoção do ENEM, as escolas deverão deixar os alunos preparados para um exame que agora acontecerá em outubro. No CODAP, por exemplo, o calendário escolar deverá ser readaptado, com as aulas se iniciando em finais de janeiro. Será um processo complicado para o aluno, este que pagará o preço em um processo lento e gradativo.




Quem pode fazer a prova do ENEM?

Apesar de o Exame ser direcionado aos alunos do Ensino Médio das escolas particulares e públicas, visando uma avaliação do que foi aprendido nos três anos que o compõem, outros perfis podem fazer a prova. Uma pessoa que já concluiu esta etapa de ensino pode, sim, fazer o ENEM.

De acordo com o portal oficial do Ministério da Educação  (MEC), estudantes que concluíram o ensino médio e os alunos do supletivo (atual educação de jovens e adultos) também podem participar do exame. Os estudantes que ainda não concluíram esta etapa de ensino e estão a cumprindo atualmente (alunos do 2º ano científico, por exemplo), são permitidos a fazer o teste.

É o caso de Thomas Cardoso do Colégio CEPI Expansão. “Decidi fazer o ENEM para testar meus conhecimentos”, conta o aluno. “Mas não sou a favor da avaliação ser a única forma de entrar na Universidade. Estou sendo obrigado a fazer para entrar”, opina o estudante que fará a prova para 2013.1 quando apenas ela valerá para ingressar na Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Para Lilian Alves, de 43 anos, que vai experimentar o sistema pela primeira vez para tentar adentrar na UFS, a utilização do ENEM é algo que parece promissor. “Ouço falar que a prova é mais bem elaborada, que exige maior interpretação, raciocínio”, comenta. “Para mim, vai ser uma experiência diferente”.

Outro grupo que pode fazer a prova é aquele composto por alunos que apresentam limitações. A prova é feita, tradicionalmente, em um fim de semana. Segundo o portal oficial da prova, os guardadores de sábado (por motivos religiosos) terão suas condições respeitadas desde que tenham especificado isso no momento da inscrição. Os que estão sob tratamento hospitalar estão na mesma situação, desde que tenham colocado tal informação na ficha de inscrição.


Reportagem e fotos: Lucas Peixoto e Maria Luíza Bastos
Edição: Bruna Guimarães

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