Festejos juninos deixam em alerta as autoridades de trânsito

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Estado de Sergipe é culturalmente muito rico quando se fala de comemorações em referência aos santos do mês de junho. Muita comida, bebida, e o tradicional forró ditam o ritmo de uma das festas mais esperadas do ano. Mas é nesse período também que o número de acidentes nas ruas e estradas tem um aumento significativo, o que deixa as autoridades de trânsito em alerta.

Charge da campanha “Chega de Acidentes”, da PMA (Arte: Edidelson Silva)

Estatísticas mostram que, para muitas pessoas a festa acaba no trânsito. Apesar de todo o trabalho que é feito dos pontos de vista educativo e repressivo pelas autoridades, boa parte dos condutores insiste em misturar álcool e direção, combinação perigosa que põe em risco não só a sua vida como também a de outras pessoas.

Posto avançado da PRF em
Nossa Senhora do Socorro
O consumo de álcool aliado ao uso da direção ainda é o campeão dentre as causa de mortes em acidentes de trânsito durante os festejos juninos, principalmente entre os jovens. De acordo com os dados do Núcleo de Estatística da Polícia Rodoviária Federal (PRF), 63% das vítimas envolvidas em acidentes de trânsito nas rodovias federais têm entre 18 e 30 anos, e se encontram em estado de embriaguez alcoólica. Agravantes como falta dos equipamentos de segurança, excesso de velocidade, desrespeito à sinalização e direção perigosa também contribuem para o crescimento do número de óbitos nesse período.

Outro fator importante diz respeito a uma característica bastante peculiar da geografia de Sergipe: uma malha viária relativamente pequena em comparação com outras unidades da federação. As duas rodovias federais que cortam o Estado no sentido norte/sul (BR-101) e leste/oeste (BR-235) somam aproximadamente 300 km apenas. Em pouco tempo, as pessoas conseguem se deslocar com facilidade para curtir os quase 30 dias de festa que acontecem em boa parte dos municípios sergipanos.

Chefe do Núcleo de
Comunicação da PRF,
Flávio Vasconcelos
Esse é um aspecto crítico e que preocupa a Polícia Rodoviária Federal. Segundo o chefe do Núcleo de Comunicação da PRF em Sergipe, Flávio Vasconcelos, a facilidade e rapidez no deslocamento é um incentivo a mais para que motoristas peguem a direção mesmo sem condições físicas para isso. “Durante os festejos juninos as pessoas ingerem bebida alcoólica e aproveitam para ir também curtir em outros municípios do Estado. Pela distância muito pequena, os motoristas acham que dá para voltar logo após a festa. Há essa falsa sensação de segurança que faz com que as pessoas pensem que podem ingerir bebida alcoólica e retornarem, o que é um erro grave”, explica.

E mesmo aquele que não bebe, mas vai festejar, não está livre de imprevistos. Após uma madrugada inteira de festa, é natural que o cansaço apareça, e com ele vem o sono. O estado de sonolência prejudica o reflexo e retarda o tempo de reação do condutor, reduzindo a sua capacidade em responder com precisão a quaisquer eventualidades na estrada, causa de muitas mortes no trânsito.

Confira o áudio em que o chefe do Núcleo de Comunicação da PRF em Sergipe dá dicas sobre como o condutor deve proceder caso sofra um acidente, ou presencie algum nas estradas federais que cortam o Estado



Radares eletrônicos

Em Aracaju, além da combinação álcool + direção, outro fator que chama a atenção dos órgãos de trânsito nesse período junino é a ausência dos pontos de controle eletrônico. Os radares estão desligados desde março, quando o prefeito, Edvaldo Nogueira, cancelou os contratos entre a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) e a empresa responsável pelos equipamentos.           

“A gente teve um grande revés no controle a acidentes de trânsito aqui em Aracaju com a saída dos controles eletrônicos. Podemos perceber que a falta desses equipamentos eletrônicos já está gerando resultados negativos no controle à prevenção de acidentes. Apenas nos dois primeiros dias de festa já registramos dois acidentes graves com vítimas fatais na capital”, afirma o Coordenador de Trânsito da SMTT, Capitão José Luiz.

Educação e repressão

Lançada pela Polícia Rodoviária Federal no mês de junho, e com o apoio dos outros órgãos de trânsito do Estado, a campanha “Quem bebe vira passageiro” tem o objetivo de mostrar ao condutor os perigos de se dirigir embriagado, e dar uma alternativa para que a pessoa que quiser optar por ingerir bebida alcoólica durante as festividades saiba que não pode dirigir, e que tem que virar passageiro.

Adesivo de divulgação da campanha "Quem bebe vira passageiro"

Mas para aqueles que insistem em burlar a legislação, a Lei Seca, em vigor há três anos, está ai para lembrá-los de forma rigorosa. Se for constatado até 0,3 mg de álcool por litro de ar expelido dos pulmões quando o condutor fizer o teste com o bafômetro, o mesmo tem a CNH apreendida por até 12 meses, paga uma multa de R$ 957, 70 e o veículo é apreendido até que um condutor em perfeitas condições físicas e regularmente habilitado possa retirá-lo. Além disso, ele recebe sete pontos na carteira.

Para os condutores que ultrapassarem esse teor de 0,3 mg, além dessas sanções administrativas ele será detido e encaminhado à polícia judiciária pra responder por crime de trânsito. Flávio Vasconcelos ainda faz uma ressalva: “vale lembrar que o condutor que se recusar a fazer o teste o bafômetro não estará impune à legislação, podendo ser autuado pelas prerrogativas que o policial tem para aferir o seu estado através dos sinais visíveis de embriaguez alcoólica”, completa.

Capitão José Luiz, coordenador de trânsito da SMTT, faz um apelo aos motoristas para que brinquem o São João com segurança 


Repórter: Igor Almeida
Fotos: Igor Almeida
Editora: Monique Garcez

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