Literatura infanto-juvenil acompanha e conquista leitores

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A literatura infanto-juvenil tem ocupado um grande espaço nas prateleiras das livrarias do Brasil e do mundo. São milhares de autores, livros e personagens dedicados a um público cujo gosto tem se modificado com o passar dos anos. Mas a história desse gênero literário não é recente, muitos escritores se dedicaram e fizeram da literatura infanto-juvenil um dos gêneros que mais cresce no mercado literário. Há quase duzentos anos, por exemplo, com as fábulas dos irmãos Grimm - dois alemães que ganharam notoriedade e são, hoje, nomes indeléveis na história da literatura infanto-juvenil -, estórias destinadas a um público mais jovem começaram a ganhar espaço e apreciação.

A literatura infanto-juvenil ocupa um grande espaço nas prateleiras das livrarias, e é consumida por um público que vem se modificando com o decorrer dos anos


Uma das obras clássicas da literatura
Aqui no Brasil, a literatura infanto-juvenil parece ter alcançado finalmente o seu lugar merecido. As livrarias têm se especializado e a procura por livros é cada vez maior. Autores notórios como Monteiro Lobato que, com o famoso e já clássico livro Reinações de Narizinho, deu início a um verdadeiro amadurecimento da literatura infanto-juvenil na língua portuguesa, contaram histórias que atraíram, e atraem, um público numeroso, antes inimaginável.

Para a professora de Literatura, Josilene Cruz, que há mais de dez anos trabalha com projetos de leitura para jovens em sala de aula, o aumento desse público na literatura deve-se, em parte, ao incentivo. “O gosto pela leitura tem crescido cada vez mais entre jovens e crianças e isso acontece graças ao estímulo que pais e professores têm dado. É na infância que deve ser despertado o amor à leitura, aos livros. A escola e a família têm, com certeza, papel fundamental nisso. É nosso dever como educadores oferecer aos jovens uma linguagem mais abrangente, oferecer o ensino via literatura, principalmente à literatura brasileira que é tão rica”.

Para Josilene Cruz, os pais
e a escola têm estimulado
bastante a leitura das
crianças e dos jovens
O surgimento da crítica especializada, nos principais órgãos de imprensa, também tem contribuído muito para desmistificar uma falsa realidade, antes tida como verdadeira, que a literatura infanto-juvenil era um gênero de segunda categoria. Para a professora Josilene, a crítica é uma forma de manter exposto este gênero e mostrar as pessoas o seu imenso valor. “A crítica é um meio de exposição do gênero, de mostrar à sociedade que a literatura infanto-juvenil tem muito a dizer, que os jovens aprendem muito e desenvolvem capacidades diferenciadas como aprimoramento da capacidade de raciocínio, de contextualização, de interação com o próximo, etc”.

“Historinha” levada a sério

Com o tempo, a literatura infanto-juvenil foi se consolidando e surgiu então a chamada “corrente realista”. A preocupação moralista e também pedagógica deu lugar aos temas ligados à nossa perspectiva sociocultural. Passou-se a questionar a realidade por intermédio de um humor feito com bastante seriedade.

Grandes autores consolidaram em suas obras uma visão sociocultural das “historinhas” escritas. Crianças e adolescentes passaram a ser vistos como um público leitor cuja inteligência e gostos são apurados, portanto dignos de um conteúdo sem discriminação. Escritores como Charles Perrault – precursor dos contos de fadas -, Monteiro Lobato, Ana Maria Machado, Tatiana Belink (estes três últimos brasileiros), Jean de La Fontaine, Liev Tólstoi, entre tantos outros, revolucionaram um gênero que por muito tempo foi desprezado, mas que hoje é, sem dúvida, parte da história.

A literatura infanto-juvenil se consolidou, e com ela veio a preocupação moralista e pedagógica


O que os jovens leem hoje

Vivemos no mundo da eletrônica, da Internet, onde as informações estão demasiadamente disponíveis. Com tantas possibilidades, a literatura tem inovado temas, moldado linguagens, tudo para acompanhar os jovens e suas expectativas. Mas o que o jovem de hoje lê? Será que La Fontaine ainda tem lugar garantido nas estantes? Monteiro Lobato, com sua crítica perspicaz é o queridinho da garotada?

Raissa Santos Grijó Leite é apaixonada por leitura,
e não dispensa um bom livro
Para Raissa Santos Grijó Leite, de 19 anos, apaixonada por leitura, literatura para jovem não pode ser um tema tratado com desprezo, é coisa séria, afinal jovem também lê, e muito. “Eu penso que literatura pra jovem não deve ser vista como algo simples, que pode ser feito de qualquer jeito. Gosto de escritores que se comprometem com esse público infanto-juvenil e que sabem que nós somos exigentes, atentos”.

Ainda segundo Raissa, há muito preconceito com relação ao que os jovens leem hoje. “A gente não pode desprezar autores mais clássicos como esse que foi citado (La Fontaine), ao contrário, é neles que tudo deve começar, mas também é preciso entender que os tempos mudam e a literatura, como uma expressão sociocultural, deve moldar e adequar sua linguagem se quiser atrair leitores. Hoje vejo que os jovens leem mais ficção científica, Best Sellers, Harry Potter. Mas até nestes há um valor muito grande. Há livros que te obrigam a buscar referências em clássicos . Mas o importante mesmo é ler e, claro, variar os gêneros”.

Repórter: Taylane Cruz
Fotos:
Taylane Cruz
Editora: Monique Garcez

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