Nem Sergipe, nem Confiança. A final do ‘Sergipão’ de 2011 trouxe para o Batistão a decisão entre o São Domingos e o River Plate, time sensação do ano, que levou a melhor e conquistou o bicampeonato estadual. Esse é o segundo ano consecutivo que a taça vai para o interior, fato que vem despertando a curiosidade dos especialistas e a impaciência dos torcedores da capital.
No ano passado, o Confiança terminou o campeonato na segunda colocação com 39 pontos, seis a menos que o River, que levou a taça para casa. Já o Sergipe não conseguiu nem a classificação para a segunda fase, e quase foi rebaixado para a segunda divisão, terminando o campeonato na oitava colocação, com apenas 19 pontos.
Em 2011, mais uma vez o título não chegou nem perto de ser conquistado pelas duas maiores equipes da capital. Na primeira fase, Sergipe e Confiança ao menos conseguiram a classificação para as semifinais do turno que, novamente, teve o River Plate como campeão. Na segunda fase a situação melhorou e os dois passaram para as semifinais. O Confiança ficou pelo caminho na disputa pela vaga com o rival Sergipe, e este perdeu as duas partidas da final para o São Domingos.
Conclusão: o Sergipe e o Confiança estão passando por problemas financeiros e administrativos, não têm a confiança dos patrocinadores e não conseguem lotar seus estádios. Os dois maiores clubes do Estado não atendem às expectativas das suas torcidas. Enquanto isso novas forças do interior vão surgindo e mostrando que a hegemonia dos grandes times da capital não anda muito bem das pernas.
Estatísticas
Na disputa de títulos, os times da capital ainda levam a melhor. Das 88 edições do Campeonato Sergipano disputadas até hoje, 66 troféus ficaram em Aracaju, enquanto que apenas 23 foram para o interior do Estado. A soma de 89 títulos é resultado da consagração do Sergipe e do Itabaiana como vencedores do campeonato de 1982.
Mesmo assim, Sergipe e Confiança são os maiores vencedores da história da competição. Ao todo, os dois times levaram 48 canecos para casa, sendo 31 para o Sergipe, conhecido como ‘O Mais Querido’, e 17 para o Confiança, chamado de ‘Dragão’. Os outros 18 títulos estão divididos entre Cotinguiba (6), Vasco (4), Palestra (3), Olímpico (2), Passagem (1) e Industrial (1).
Entre os times do interior, o que conquistou mais títulos foi o Itabaiana, com 9 títulos. As outras conquistas foram do Santa Cruz, de Estância (5), River Plate, de Carmópolis (2), América, de Propriá (2), Ypiranga, de Maruim (2). Já Pirambu, Lagartense e Riachuelo venceram uma vez, cada.
Organização e renovação
De acordo com colunista esportivo, Álvaro Muller, a falta de organização tem sido fator determinante para a decaída dos clubes. “Hoje o que acontece com os times da capital, na verdade, é um somatório de tudo que já vem acontecendo em vários anos de má administração. A falta de organização, competência e interesse dos dirigentes influenciam bastante para que não haja o interesse do torcedor e dos patrocinadores. Hoje se investe pouco, e se investe errado nessas equipes”, afirma.
Mais que apenas uma má fase, os times de Aracaju vivem uma crise interna e o resultado disso é sentido no bolso dos clubes. O Sergipe, por exemplo, tem uma dívida de R$ 1,3 milhão, sendo que mais da metade é resultado de processos trabalhistas. Além disso, os dois clubes estão passando por um período de transição administrativa, o que atrapalha ainda mais o desempenho em campo.
“Tanto o Sergipe quanto do Confiança estão passando por um período de mudanças nas gestões. Como toda mudança, existe o tempo de adaptação, que é normal. Por conta desse intervalo os times do interior estão se aproveitando disso e tomando conta do futebol sergipano, alavancados pelas prefeituras das suas cidades, que apóiam os times e reservam uma verba anual para financiá-los. Aconteceu isso com o Pirambu, em 2006, e está acontecendo isso com o River Plate agora”, explica o editor do caderno de esporte do Jornal da Cidade e assessor do Sergipe, Kléber Santos.
Para a jornalista e editora do caderno de esporte do Cinform, Tirzah Braga, os times do interior têm uma estrutura que os permite surgirem como ‘força’ no futebol sergipano. “Os clubes do interior são novos, têm investimento e têm organização. Os jogadores recebem em dia e têm uma rotina de treinamento correta. Isso acaba sendo refletido em campo, com resultados positivos”, afirma.
Os times de antigamente
Sergipe e Confiança sempre foram as referências do futebol no Estado. Times como o Itabaiana e o Cotinguiba também tinham espaço no cenário do futebol local, mas sem grandes destaques. As decisões memoráveis ficavam por conta desses dois clubes, que tornavam os estádios verdadeiros pontos de encontro da sociedade sergipana.
“O futebol de antigamente era muito mais romântico. Até o próprio drible do jogador era romântico. Era bonito de assistir. Havia as improvisações, até porque não existiam os conceitos de técnica e tática de jogo muito aprofundados”, relembra o professor de jornalismo da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Sebastião Figueiredo.
Ele também destaca a falta de um aspecto como uma grande perda para o futebol desses clubes: a emoção. “Antigamente os clubes não tinham estrutura, mas isso era compensado pela emoção. Hoje parece que não tem nenhuma uma coisa nem outra”.
Fora a áurea de grande time, o que sobrou para o Sergipe e o Confiança foi apenas uma pequena parcela da torcida e a obrigação de tentar reverter à situação. Eles precisam deixar a ‘tradição’ um pouco de lado e reconhecer que, mesmo sendo equipes grandes, estão em situação de time pequeno. E enquanto isso não acontece, River Plate e do São Domingos comemoram o título e aproveitam para deixar suas marcas na elite do futebol sergipano.
Clique aqui para ter acesso à galeria de fotos dos vencedores do Campeonato Sergipano.
Repórter: Igor Almeida
Fotos e vídeo: Igor Almeida
Editora: Monique Garcez
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| River Plate, campeão do 'Sergipão' 2011 (Fonte: emsergipe.com) |
No ano passado, o Confiança terminou o campeonato na segunda colocação com 39 pontos, seis a menos que o River, que levou a taça para casa. Já o Sergipe não conseguiu nem a classificação para a segunda fase, e quase foi rebaixado para a segunda divisão, terminando o campeonato na oitava colocação, com apenas 19 pontos.
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| Sede do Clube Sportivo Sergipe |
Conclusão: o Sergipe e o Confiança estão passando por problemas financeiros e administrativos, não têm a confiança dos patrocinadores e não conseguem lotar seus estádios. Os dois maiores clubes do Estado não atendem às expectativas das suas torcidas. Enquanto isso novas forças do interior vão surgindo e mostrando que a hegemonia dos grandes times da capital não anda muito bem das pernas.
Estatísticas
Na disputa de títulos, os times da capital ainda levam a melhor. Das 88 edições do Campeonato Sergipano disputadas até hoje, 66 troféus ficaram em Aracaju, enquanto que apenas 23 foram para o interior do Estado. A soma de 89 títulos é resultado da consagração do Sergipe e do Itabaiana como vencedores do campeonato de 1982.
Mesmo assim, Sergipe e Confiança são os maiores vencedores da história da competição. Ao todo, os dois times levaram 48 canecos para casa, sendo 31 para o Sergipe, conhecido como ‘O Mais Querido’, e 17 para o Confiança, chamado de ‘Dragão’. Os outros 18 títulos estão divididos entre Cotinguiba (6), Vasco (4), Palestra (3), Olímpico (2), Passagem (1) e Industrial (1).
Entre os times do interior, o que conquistou mais títulos foi o Itabaiana, com 9 títulos. As outras conquistas foram do Santa Cruz, de Estância (5), River Plate, de Carmópolis (2), América, de Propriá (2), Ypiranga, de Maruim (2). Já Pirambu, Lagartense e Riachuelo venceram uma vez, cada.
Organização e renovação
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| Álvaro Muller, colunista esportivo do Cinform |
Mais que apenas uma má fase, os times de Aracaju vivem uma crise interna e o resultado disso é sentido no bolso dos clubes. O Sergipe, por exemplo, tem uma dívida de R$ 1,3 milhão, sendo que mais da metade é resultado de processos trabalhistas. Além disso, os dois clubes estão passando por um período de transição administrativa, o que atrapalha ainda mais o desempenho em campo.
“Tanto o Sergipe quanto do Confiança estão passando por um período de mudanças nas gestões. Como toda mudança, existe o tempo de adaptação, que é normal. Por conta desse intervalo os times do interior estão se aproveitando disso e tomando conta do futebol sergipano, alavancados pelas prefeituras das suas cidades, que apóiam os times e reservam uma verba anual para financiá-los. Aconteceu isso com o Pirambu, em 2006, e está acontecendo isso com o River Plate agora”, explica o editor do caderno de esporte do Jornal da Cidade e assessor do Sergipe, Kléber Santos.
Assista o depoimento de Kléber Santos a respeito dos projetos do Clube Sportivo Sergipe para superar a crise
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| Tirzah Braga, jornalista e editora do caderno de esporte do Cinform |
Os times de antigamente
Sergipe e Confiança sempre foram as referências do futebol no Estado. Times como o Itabaiana e o Cotinguiba também tinham espaço no cenário do futebol local, mas sem grandes destaques. As decisões memoráveis ficavam por conta desses dois clubes, que tornavam os estádios verdadeiros pontos de encontro da sociedade sergipana.
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| “O futebol de antigamente era muito mais romântico", alega Sebastião Figueiredo |
Ele também destaca a falta de um aspecto como uma grande perda para o futebol desses clubes: a emoção. “Antigamente os clubes não tinham estrutura, mas isso era compensado pela emoção. Hoje parece que não tem nenhuma uma coisa nem outra”.
Fora a áurea de grande time, o que sobrou para o Sergipe e o Confiança foi apenas uma pequena parcela da torcida e a obrigação de tentar reverter à situação. Eles precisam deixar a ‘tradição’ um pouco de lado e reconhecer que, mesmo sendo equipes grandes, estão em situação de time pequeno. E enquanto isso não acontece, River Plate e do São Domingos comemoram o título e aproveitam para deixar suas marcas na elite do futebol sergipano.
Confira a quantidade de títulos conquistados pelo Sergipe e pelo Confiança
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Repórter: Igor Almeida
Fotos e vídeo: Igor Almeida
Editora: Monique Garcez
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