Reciclagem: adote esta ideia

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Todos os dias, toneladas de lixo são recolhidas das residências e depositadas nos lixões das cidades. Porém, grande parte desse lixo residencial tem outro destino, as cooperativas de coleta seletiva e reciclagem. Em Aracaju, a Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju (CARE) é uma das que fazem esse trabalho. Além de ajudar a diminuir a quantidade de lixo do lixão, transformam esse lixo em emprego, renda e novas perspectivas de vida para famílias que desenvolviam atividades de catação no Aterro Sanitário do Santa Maria, localizado no bairro Santa Maria. Além do CARE, há também o Centro de Reciclagem Sergipe – Sucatas em Geral, ainda no bairro Santa Maria, que desenvolve a função de atravessador, e a Reciclaria, no bairro Santo Tereza, que reutiliza madeira velha.

 Esses lugares representam o que o filósofo francês Lavousier afirmava: “Da natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. É o que o processo de reciclagem permite fazer: transformar um material, cuja primeira utilidade terminou, em outro produto que poderá ser utilizado.

Depósito de lixo, no baixo Santa Maria
Há doze anos, o lixo residencial era recolhido pelos caminhões do lixo e levado para a Lixeira da Terra Dura. Lá, havia os catadores, pessoas que procuravam e recolhiam da lixeira os materiais que poderiam ser vendidos para reciclagem. Essa atividade era desenvolvida de forma subumana, pois essas pessoas entravam em contato direto com lixo, sem haver a proteção e os cuidados necessários com a higiene. Crianças, homens e mulheres disputavam espaço com urubus, ratos, baratas, chegando até a dormir na lixeira, passando fome e frio, para de lá tirarem o seu sustento.

A Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju foi instituída no âmbito do Projeto Lixo e Cidadania em Sergipe, coordenado pelo Ministério Público de Sergipe, em parceria com o UNICEF, UFS, Prefeitura de AracajuTIMINFRAERO, entre outros. A cooperativa surgiu com o objetivo principal de promover a inclusão social dos catadores de lixo, mediante a construção de uma unidade produtiva para o beneficiamento e comercialização de material reciclável, em condições mais dignas de trabalho, e de forma a proporcionar melhoria no nível de renda das famílias.

Vaneide Ribeiro, presidente do CARE

Segundo a presidente da CARE, Vaneide Ribeiro, a rotina da cooperativa é complicada. “As pessoas ligam pra gente, e nós vamos até lá fazer a recolha. Ao chegar aqui, nós fazemos a separação do material e encaminhamos para os atravessadores, pois não conseguimos fazer a cota necessária para passar diretamente para as empresas”, explica. Em média, a CARE faz a seleção de 6 mil toneladas de materiais reaproveitáveis ao mês, enquanto a demanda mínima das empresas que utilizam material reciclável é de mil toneladas semanais.
Mina Telles, ex-catadora do lixão do Santa Maria
Para os cooperados, a CARE trouxe melhoria das condições de trabalho e restaurou a dignidade. Agora, eles trabalham fardados, com luvas, sem precisar estar dentro da lixeira, e antes, o dinheiro não era algo fixo. “Aqui na CARE é diferente do lixão, é muito melhor. Nós temos a certeza de um salário no fim do mês, coisa que quando estava no lixão não existia. Hoje somos respeitados pela comunidade, porque vêem que trabalhamos para ajudar a melhorar o futuro”, contou a ex-catadora, Mina Telles, há 5 anos na CARE.

Para os cooperados, a CARE trouxe melhoria das condições de trabalho e restaurou a dignidade. Agora, eles trabalham fardados, com luvas, sem precisar estar dentro da lixeira, e antes, o dinheiro não era algo fixo. “Aqui na CARE é diferente do lixão, é muito melhor. Nós temos a certeza de um salário no fim do mês, coisa que quando estava no lixão não existia. Hoje somos respeitados pela comunidade, porque vêem que trabalhamos para ajudar a melhorar o futuro”, conta a ex-catadora, Minéa Telles, há 5 anos na CARE.

Centro de Reciclagem Sergipe, no bairro Santa Maria
Além da Cooperativa, em Aracaju existe também o Centro de Reciclagem de Sergipe – Sucatas em Geral (CRS). Realizando o trabalho de atravessadores, eles compram o material da CARE e de fábricas fornecedoras do restante de seus materiais, como ferro, aço e alumínio e vendem diretamente para outras empresas. Segundo o responsável pelo CRS, Edinaldo Barros, são poucas as empresas do estado que compram os materiais. “Aqui não há empresas que comprem o vidro, por exemplo, só em Recife. O ferro é a mesma coisa, não tem siderúrgica aqui, só em Salvador e Recife. O papel é o único que vai para a fábrica em Itaporanga”, afirma.

Caminhão CARE
A CARE almeja ainda mais a colaboração da população para entrar em contato com a Cooperativa para direcionar seus resíduos. Através dos números 32431581 ou 91385905 o cidadão poderá marcar a coleta de resíduos residenciais ou empresariais.






Reciclar é reviver!

Reciclaria é uma Organização não-governamental (ONG), que tem apenas um ano de existência na capital. É uma instituição que reutiliza a madeira recolhida de lixos, entulhos de construções e de cidadãos que pretendem desfazer-se de móveis. Dentro da reciclaria, essa madeira é trabalhada, esculpida, lixada e pintada, ganhando vida e jeito de móveis novos, esses em estilo rústico, para depois serem colocados à venda.

Reciclaria, no bairro Santa Tereza
A ONG conta com o apoio da comunidade, na medida em que essa os avisa sobre alguma madeira que pretendem desfazer-se. “Encontramos madeira jogada e recolhemos ou as pessoas que conhecem o nosso trabalho nos dão o material que ia jogar fora ou avisam onde tem um lixo que contenha madeira”, explicou Gilmara dos Anjos, artesã da ONG.

Reciclaria, no bairro Santa Tereza
Neste local, jovens têm a oportunidade de desenvolver outras atividades, através de oficinas profissionalizantes de artesanato, costura e marcenaria, ministradas por voluntários da sociedade. “Aprendi a costurar, fazer ‘fuxico’, lixar a madeira. Venho para cá pela manhã, e à tarde vou para a escola”, contou Raiele Barreto, 13, uma das primeiras alunas da ONG. A intenção das oficinas é promover a interação social, despertando uma consciência ambiental nos jovens e desta forma, multiplicar a iniciativa da reciclagem. “A ideia aqui é reciclar o lixo, para reciclar vidas”, diz Gilmara.

Ao analisar o destino do lixo, é evidente que a reciclagem ajuda na preservação da natureza e no equilíbrio do meio ambiente, além de gerar renda e ocupação para dezenas de pessoas. Dados do IBOPE (2007) revelam que 68% dos brasileiros estão cada vez mais preocupados com problemas ambientais e acreditam que esta é uma prioridade. Veja as vantagens que a coleta seletiva tem a oferecer:

- Diminui a exploração de recursos naturais
- Reduz o consumo de energia
- Diminui a poluição do solo, da água e do ar
- Prolonga a vida útil dos aterros sanitários
- Possibilita a reciclagem de materiais que iriam para o lixo
- Diminui os custos da produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas indústrias
- Diminui o desperdício
- Diminui os gastos com a limpeza urbana
- Cria oportunidade de fortalecer organizações comunitárias
- Gera emprego e renda pela comercialização dos recicláveis


Então, separe o lixo da sua casa, contate a cooperativa de reciclagem mais próxima da sua casa. Faça a sua parte, as futuras gerações agradecem!


O Contexto Online disponibiliza um vídeo para que os leitores vejam como acontece o processo  de seleção de materiais para reciclagem.



Reportagem, edição, vídeos e fotos: Bruna Guimarães, Elaine Casado, Mariana Viana



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