Uma relação delicada: Filhos homossexuais x Pais

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A homossexualidade sempre esteve presente na história da humanidade e nem sempre foi um assunto envolto por tabus. Em importantes civilizações, esta era uma prática normal. Com o surgimento de algumas crenças religiosas e interesses políticos, as relações homoafetivas passaram a ser olhadas de maneira diferente. Definida como uma prática não natural, a condição de homossexual foi considerada, então, errada e até poucas décadas atrás, uma doença.
No século XXI, a homossexualidade vem quebrando tabus (Foto: Google)

A aceitação é o primeiro passo (Foto: Google
Não há estudos que comprovem que a homossexualidade é genética, no entanto, para muitos pesquisadores, não é uma condição adquirida. O que é do conhecimento de todos é que não há pais que desejem que seu filho seja homossexual. Seja por preconceito ou medo deste, a maioria dos pais ainda não sabe como agir quando descobrem que seu filho (a) se atrai por pessoas do mesmo sexo. “A primeira coisa que eu perguntei quando meu filho me disse, entre lágrimas, que era gay foi ‘Meu Deus, onde foi que eu errei? ’. Não sabia o que fazer”, conta Valéria Santos, dona de casa e mãe de Matheus, 25, homossexual assumido.
Steylon Rebouças (arquivo pessoal)
As reações dos pais são semelhantes num primeiro momento, mas o que define a relação posterior à descoberta é a atitude tomada. “A condição sexual do meu filho não influencia em mim. Se ele for uma pessoa de caráter, com os princípios que eu o ensinei já é o suficiente”, afirma Vilma Maria Rebouças, Designer de Interiores e Artista Plástica, mãe de Steylon Rebouças, 23, estudante e homossexual. “Só quero que ele tenha uma vida regrada e responsável. Esse deveria ser o desejo de todas as mães de filhos gays”, completa.
No entanto, ainda há mais casos onde a relação entre pais e filhos homossexuais piora depois da revelação. Vera* é enfermeira e prefere não revelar seu nome, mas diz que quando contou a seus pais que era lésbica, aos 19 anos, foi expulsa de casa. “Quando sai de casa, não voltei mais. Consegui independência e não falo com meus pais há 22 anos. Eu já os procurei inúmeras vezes, mas eles já cansaram de dizer que não me consideram mais filha deles. Restou uma grande mágoa”, lamenta.
Como as reações e relações entre pais e filhos homossexuais variam, ainda há o medo de assumir uma orientação sexual diferente da socialmente imposta para os pais. “Eu sei que sou gay desde 12 anos. Aos 15 fiquei com o primeiro menino, mas meus pais são evangélicos e acham que isso é coisa do demônio. Sei que se eu contar, eles nunca mais vão olhar pra mim”, explica Bruno*, 19, estudante universitário.
Nádia Dias (arquivo pessoal)
A psicopedagoga especializada em sexologia, Nádia Dias, destaca a importância da aceitação para o bem-estar da relação entre pais e filhos. “A realidade é que os pais não sonham em ter um filho homossexual. No entanto, o filho não nasce para viver a vida dos pais. A aceitação da situação é a única forma de manter uma relação saudável com ele, afinal, ao descobrir que a condição sexual é contrária a imposta pela sociedade, a angústia do filho é avassaladora. Ele precisa de ajuda”, explica Nádia.
Mesmo com as conquistas dos movimentos LGBTs (Lébicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), o assunto ainda é muito delicado e rodeado por preconceitos. No entanto, pesquisadores do tema concordam que depois da revelação dos filhos, os pais devem agir com naturalidade, uma vez que ele precisa de apoio e acima de tudo atenção, carinho e afeto. “Vocês pais não devem se distanciar do seu filho. Tenham uma relação de confiança com ele, conquistem isso conversando com ele pelo menos duas vezes por semana. Esteja presente criando e alimentando diálogos, demonstrando seu carinho”, aconselha a psicopedagoga.
* Nomes fictícios 
Para saber mais sobre o assunto acesse:

Reportagem: Lohan Montes
Edição: Adler Berbert

Um comentário:

Nádia Dias disse...

O texto ficou ótimo, parabéns!

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