O final do ensino médio é um momento decisivo na vida dos estudantes e várias perguntas e dúvidas perpassam na mente desses jovens: “Como será o meu futuro? Que profissão irei seguir?”. O questionamento parece simples, entretanto, sabe-se que ele não é, afinal de contas essa decisão implica diretamente no futuro desses adolescentes que muitas vezes não tem noção alguma de qual área querem trabalhar e isso pode ainda fazer com que eles tomem decisões equivocadas.

Já com a estudante Camyla Bacelar o tempo perdido entre a primeira escolha e a atual foi mais significativo e o prejuízo por isso foi ainda maior. “Fiz cursinho pré-vestibular, fiquei mais de dois anos na UFS e cada semestre que passava eu ia percebendo que ciências contábeis não iria me realizar, até que finalmente tomei coragem e mudei de curso. Fique cinco semestres assim, pelo menos conseguir eliminar umas matérias e agora estou na área certa”.
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Camyla Bacelar |
Existem muitos fatores que comprometem a escolha certa de um aluno e um dos que mais interfere nesse momento é a opinião dos familiares. É normal que pessoas próximas exerçam influência nesses jovens, afinal são referencias para estes, e também muito comum que um filho siga a carreira do pai, entretanto, deve-se distinguir o que é influenciar e o que é impor. Existem muitas famílias que impõe aos filhos que passem em cursos de maior notoriedade, inclusive com ameaças diretas “Se você não cursar direito ou medicina, eu não pago sua faculdade”.
Vestibular UFS
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Mariana Cruz |
Do dia 26 ao dia 29 desse mês, acontecerão as provas do vestibular da Universidade Federal de Sergipe, ao todo 29.333 inscritos que disputarão por 5.490 vagas dispostas nos mais de 100 cursos disponíveis. A concorrência coloca-se como outro fator que mexe com o psicológico do estudante e aumenta ainda mais a pressão desse momento que já é grande.
DICAS DA PROFISSIONAL: A escolha da profissão e os testes vocacionais
Em conversa com a psicóloga Jarbenes Oliveira, a profissional falou da importância de testes vocacionais e outros mecanismos, relativizou a importância da escolha consciente e metodológica de uma profissão e definiu o papel dos pais e das escolas nesse momento de pressão para os estudantes.
“Uma profissão não é algo apenas que você vai trabalhar e ter um retorno financeiro, existe uma realização e o financeiro deveria ser o secundário. Quantas doenças existem por pessoas desempenharem uma função que não é do seu perfil? Quantos profissionais de status se frustram porque não se encontram no que fazem? A orientação profissional serve para orientar o sujeito quais são as atividades que ele tem mais habilidade, para que ele possa desenvolver melhor suas potencialidades. Esses testes são desenvolvidos por psicólogos, os “psicometristas”, cada avaliação é pensada de acordo com um contexto e com as habilidades a serem desenvolvidas. No geral, eles devem apresentar diversas possibilidades, de modo a ampliar o leque, no sentido de explorar. (...) Testes pela internet não são confiáveis, esses testes são sérios e devem seguir determinações: tempo, contexto, espaço e, sobretudo a análise. Dessa forma os estudantes podem por medo canalizar as respostas e falsear os resultados, além de tudo os resultados são extremamente genéricos.”
A escola e a família
Esses mecanismos são muito importantes: os vídeos, as palestras com profissionais, feiras de cursos, ajudam o estudante na sua decisão. A família e a escola são fundamentais, desde a parte didática, o aspecto emocional. Percebemos que é dada maior notoriedade a cursos tidos como principais e isso gera uma pressão e um desconforto no aluno. Penso que esse desmerecimento em relação a outras áreas é incoerente e perpassa por uma questão maior, a ética.
Repórter: Victor Limeira
Editora: Larissa Ferreira
Fotos: Ascom UFS e arquivo pessoal.
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