O sufoco para entrar no ônibus

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tumulto e empurra-empurra: essa é a situação encontrada em quase todos os embarques e desembarques de passageiros de ônibus em Aracaju, principalmente nos terminais de integração. Contrária a essa situação, desde maio deste ano, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) realiza campanhas com fiscais, de segunda à sexta-feira, para conscientização dos usuários incentivando o respeito e a organização na fila de embarque nos ônibus. O resultado seriam filas mais civilizadas e menos tumulto na hora da entrada.

Terminal D.IA. em Aracaju

Em Aracaju não existem campanhas educativas dessa natureza, ou pelo menos não na prática. A diretora de transportes da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) foi procurada para falar sobre assunto, mas após várias tentativas não foi possível encontrá-la. O resultado da inexistência de ações é visível para qualquer um que utiliza o ônibus como meio de locomoção. 


No terminal do Distrito Industrial de Aracaju (D.I.A.) a situação é evidente. A chegada do ônibus gera um tumulto quase no meio-fio da calçada, com distância mínima da parada do veículo. Quando as portas se abrem existe uma “semipolítica” do senso-comum para a espera da descida dos passageiros que vieram no ônibus. Mas, em muitos dos casos, o último passageiro é ignorado e barrado pela subida dos que tem pressa para conseguir um assento ou espaço mais confortável no coletivo. A esse último restam duas alternativas: ou luta à base do empurra-empurra para descer ou continua no mesmo ônibus. 


Sra. Ieda seugere aumentar a frota de ônibus

A Sra. Ieda, passageira de um dos coletivos que seguia em direção a dois shoppings da capital, confessa que já deixou de embarcar em ônibus por estarem muito cheios e as pessoas não respeitarem as demais. “O que precisa ser feito é aumentar o número de ônibus que está muito pequeno para a demanda da população, pois não adianta fazerem filas se não existem ônibus suficientes. Todos querem entrar no veículo, todos têm horário para chegada em seus locais. As medidas educativas seriam uma ação posterior ao aumento do número de ônibus”, comenta Ieda, que também aponta para outros fatores como o respeito aos horários de chegada e a parada nos locais determinados.  


De volta à Fortaleza, o resultado das medidas educativas propostas pela Etufor, que deveriam ser filas mais organizadas e menos confusões, não foi o esperado – principalmente aos fins de semana, quando os fiscais não estão presentes. Na chegada dos coletivos mais aguardados à plataforma do terminal o que se vê não é a educação. 


De acordo com a campanha “Por Amor a Fortaleza”, que possui um site para a veiculação e discussão dos problemas da capital, assim que se abrem as portas do ônibus inicia-se a disputa entre as pessoas que já estavam nas filas e aquelas que tentam furá-las utilizando a força. Até mesmo nas filas preferenciais para idosos, deficientes físicos, gestantes e pessoas com crianças de colo, que se organizam em frente à porta dianteira, existe o desrespeito por parte de homens e mulheres sem qualquer deficiência ou outras das preferências e que não demonstram nenhum constrangimento em ocupar um lugar que não lhes é destinado.

Fiscal organizando fila no Terminal do Siqueira, Fortaleza. Foto: Georgia Santiago


Visto pelo ângulo dos usuários, o aumento do número dos ônibus pode amenizar a situação, pois em muitos dos casos a preocupação e o desespero para entrar em um veículo são fundamentados pela falta de outros que não virão na sequência. Portanto, a existência de uma organização dos coletivos em função da necessidade da população pode contribuir para a diminuição dos tumultos e disputas para entrar nos ônibus.


Texto: Alanna Molina
Fotos: Alanna Molina
Edição: Edson Costa

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