Projeto de revitalização do Beco dos Cocos não saiu do papel

sábado, 19 de novembro de 2011

Reduto preferido de gente elegante, intelectual e boêmia, na época de ouro de Aracaju, nos idos de 1945, o Beco dos Cocos, localizado entre a praça General Valadão e os mercados  centrais Antônio Franco e Thales Ferraz é um retrato visível do abandono e do descaso do poder público. 


O espaço, conhecido como ponto de prostituição e tráfico de drogas em plena luz do dia, com iluminação precária e aspecto sombrio, tem feito muita gente deixar de transitar por lá. Comerciantes reclamam da ausência da polícia, o que acaba prejudicando as vendas.

Indignados com abandono do local, comerciantes e transeuntes frequentes do ‘Beco dos Cocos' pedem socorro. “Pedimos a revitalização total do Beco. Estamos completamente abandonados. Queremos que as pessoas voltem a passar por aqui, além de afastar os usuários de drogas", afirma insatisfeita uma comerciante que prefere não se identificar.


arte Beco dos Cocos
Quem mostra também sua indignação é o comerciante de 35 anos, Carlos Vargas: “Trabalho aqui há 13 anos, e atualmente nos encontramos em total abandono. Está muito difícil pagar nossas contas no final do mês. É difícil o povo passar por aqui. Os vândalos, as drogas e a prostituição invadiram o Beco dos Cocos. O povo tem medo de passar por aqui e a polícia também colabora, já que não aparece por aqui”, lamenta.

comerciante Carlos Vargas


Carlos sonha com a revitalização do Beco dos Cocos e faz planos. “O prefeito esteve aqui o ano passado com sua equipe, apresentando o projeto aos comerciantes, mas depois disso nada mais aconteceu, e a situação lastimosa continua. A revitalização do Beco é nosso maior sonho. Seria muito bom para todos nós, ia valorizar bastante o comércio. Sonho quando esse grande dia chegar. Tenho esperanças”, diz com um brilho no olhar.







O Beco dos Cocos, que abriga importantes prédios históricos, conta com um projeto de revitalização da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) elaborado em 2009, que se propõe a transformar o local num espaço de lazer e de referência cultural. Porém, o projeto continua no papel, porque na realidade nunca saiu das gavetas do governo municipal de Aracaju.

arte Beco dos Cocos

Para o gerente de loja, Edilson Reis, que trabalha no Beco dos Cocos há 25 anos, os comerciantes locais estão esquecidos pela administração municipal e pela Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese). “Estamos desprezados, jogados ao léu. O prefeito Edvaldo Nogueira e a Acese são inoperantes. Os mercados centrais foram revitalizados, e sua entrada, que é o Beco dos Cocos, continua a mercê de bandidos, drogados e outros fatores que espantam os clientes”, desabafa.

De acordo com o gerente, o projeto de revitalização seria iniciado no mês de fevereiro de 2010, porém depois que o prefeito se reuniu com os comerciantes, nada mais falou sobre a revitalização do Beco dos Cocos. “Isso é uma falta de vergonha sem tamanho da administração pública para nós comerciantes, que estamos batalhando pelo pão de cada dia. Honramos com nossos compromissos, pagando nossos impostos em dia, mas eles não honram com os seus para conosco. Isso é um descaso. E o pior é que ninguém faz nada”, afirma Reis.
Arte Beco dos Cocos

Sobre as intervenções artísticas sofridas algumas vezes, para melhorar a aparência do lugar, inclusive este ano, Reis é enfático. “Toda aquela palhaçada não passou de propaganda enganosa. Queremos que o Beco se transforme em calçadão, totalmente revitalizado, para que os camelôs possam vender e o beco passe a ser movimentado”, pontua.



O projeto

Orçado em mais de um milhão e 235 mil reais, em 2009, a prefeitura municipal de Aracaju se reuniu na Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese), com os comerciantes do Beco dos Cocos e lançou um projeto de revitalização, feito pela arquiteta Angélica Rocha, o qual deveria ser iniciado no início de 2010. O projeto transformaria o Beco dos Cocos e a rua Santa Rosa em via de pedestres, o que o transformaria num calçadão. Quase dois anos depois, o projeto não saiu do papel.

A única mudança que aconteceu no Beco foi durante a Semana de Trânsito em Sergipe, em 2009, quando alunos do curso de Artes da Universidade Federal de Sergipe (UFS), artistas gráficos e grafiteiros deram cores às paredes. No mesmo ano surgiu o “Coletivo do Beco”, um grupo independente que lançou o projeto “Sexta no Beco”, que tinha como objetivo transformar o local em palco de apresentações artísticas. O projeto que tinha tudo para ser sucesso absoluto, infelizmente não deu certo, por falta de apoio financeiro e a alegria às sextas-feiras no Beco chegou ao fim e este voltou a ter um aspecto de total abandono. Este ano, outra intervenção para pintar a o Beco foi realizada, porém, desta vez, com menos voluntários e alarde que antes.

O vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese), Maurício Vieira Sampaio Vasconcelos, informou que o antigo projeto passa por reformulações e que um novo será apresentado aos comerciantes posteriormente. “Tivemos uma reunião há mais ou menos 30 dias com a Prefeitura. O projeto voltou à Emurb e encontra-se em fase de análise, onde passará por uma reavaliação. Não sei em que fase se encontra, como também não sei o que estão pensando em modificar”, diz.

presidente da Acese, Maurício Vasconcelos
Questionado se a prefeitura tem uma nova data para iniciar as obras do projeto, o vice-presidente foi categórico. “Infelizmente não sei informar, mas acredito que o projeto está parado. O que sei dizer é que o antigo projeto englobava a revitalização do Beco dos Cocos e da Rua Santa Rosa”, enfatiza.

Ainda de acordo com Maurício Vasconcelos, a revitalização do Beco dos Cocos requer urgência. “É preciso fazer algo imediatamente. Aquele local precisa ser usado de alguma forma, precisa ser revitalizado. As pessoas precisam voltar a transitar por lá”, alega. Ele ainda lembrou que em momento algum a Acese tem estado longe dos comerciantes do Beco, pelo contrário, tem participado ativamente da luta pela revitalização do local. “A Acese tem sido presença constante no tocante a melhorias para comerciantes do Beco dos Cocos. Temos discutido juntamente com a prefeitura sobre os problemas constantes que se alastram naquela localidade. Temos feito nossa parte, mas infelizmente a administração pública não tem colaborado como deveria”, encerra.

Enquanto o projeto não sai do papel, comerciantes e visitantes continuam expostos a diversos problemas, que fazem do Beco dos Cocos um lugar ainda desconhecido do grande público.
Consultada pela equipe do Contexto Online, a assessoria de comunicação da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb) informou que a responsável pelo projeto de revitalização do Beco dos Cocos é a Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) e não mais ela, portanto não poderia responder às indagações.

Até o fechamento da reportagem, a Emsurb não se manifestou sobre o assunto, apesar de ser procurada pela equipe diversas vezes.


Por Dafnne Victoria do Nascimento
Fotos Dafnne Victoria do Nascimento e Silvio Rocha
Editora Isabelle Marques

Um comentário:

milton disse...

Maurício Vasconcelo, o q teria influência na coisa seria uma grande multidão estivesse presente ao lado do Edvaldo Nogueira cobrando uma séria revitalização do Beco dos Côcos porque ali faz parte da história de Aracaju ainda q não voltasse à aquelas boemias de outrora, as noitadas q eu alcancei ainda e cheguei a tomar uma cerveja de casco verde, pois uma patota composta por 10 pessoas o prefeito não vai se tocar, não, e não tem q ser 1 vez só, não, tem q ser várias vezes p,ra haver uma mobilização da coisa. Ninguem se mobiliza então aquela maré mansa continua. O Bêco dos Côcos não tem dono e ao mesmo tempo tem: é patrimônio do aracajuano, ou seja, 570 mil aracajuanos. Vamos fazer algo!

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