Talentos sergipanos brilham na Casa Rua da Cultura

sexta-feira, 18 de novembro de 2011



Luzes vermelhas e azuladas perpassavam por todo o ambiente fechado e tomado pela escuridão. A platéia correspondia diretamente com a atriz que dialogava com indivíduos imaginários sentados em três cadeiras brancas vazias. Mistura de humor e tragédia interpretados que conduzia a todos a diversas situações histórico-geográficas. Esse foi o cenário da peça “Cárcere de Outono”, um monólogo representado pela atriz baiana Walmyr Sandes, no Projeto 4a Temporada na Casa Rua da Cultura, localizada na Praça Camerino, centro da cidade.
Walmyr Sandes em "Cárceres de outono"
Nesta edição, o espaço recebe os espetáculos Almanaque, Cabaret dos Insensatos e Antígona, interpretados pela Cia Stultifera Navis; Duas Histórias de Amor e Pela Janela, do Grupo Caixa Cênica; Os marginais, do Grupo de teatro A Tua Lona, além de Cáceres de Outono, dirigida por Hunald de Alencar; e Longe, apresentada pelos alunos da Universidade Federal de Sergipe (UFS).  As peças foram iniciadas no dia 27 de outubro e vão até o dia 18 de dezembro.
Lindemberg Monteiro
 O Objetivo central do evento é construir um lugar para as apresentações da própria Casa, de demais companhias de Aracaju e de todo o Estado. Além disso, o projeto pretende formar um público conhecedor e apreciador do teatro produzido por sergipanos. De acordo com o coordenador da Casa Rua da Cultura, Lindemberg Monteiro, Sergipe é o único local no momento que promove uma temporada de teatro com três meses de duração.
“Hoje podemos dizer que da região nordeste inteira, o único lugar que tem esse tipo de espetáculo em temporada é em Sergipe, é Aracaju. Talvez poucos lugares no país tenham isso, claro que acontece em eixos como Rio e São Paulo, mas se você for para Brasília, Belo Horizonte isso se reduz muito”, afirmou.

Entendendo Teatro

De acordo com pesquisa desenvolvida pela professora da Universidade de São Paulo (USP), Elinês de Oliveira, “o conceito do que entendemos hoje por teatro é originário do verbo grego "theastai" (ver, contemplar, olhar). Tão antiga quanto o homem, a noção de representação está vinculada ao ritual mágico e religioso primitivo. Acredita-se que o teatro nasceu no instante em que o homem primitivo colocou e tirou a máscara diante do espectador, com plena consciência do exercício de "simulação", de "representação", ou seja, do signo”.
Dora Mafra fala da emoção que sente  quando assiste peças de teatro
O teatro pode ser entendido também como a arte do improviso, da representação e interpretação, do tocar nos corações e mentes a partir do aqui e agora. Sua riqueza reside no contato direto com o público numa forma recíproca de sentimentos e anseios. Seu contexto pode envolver ciência, filosofia, razões pessoais, paixões humanas, assuntos íntimos e públicos.
Para professora da equipe de formação de atores do Serviço Social do Comércio (SESC), Dora Mafra o teatro é algo admirável e sempre que viaja, procura logo os lugares onde as peças acontecem. “Quando assisto a um bom espetáculo, sinto-me feliz e a primeira vontade que tenho é de estar lá representado, compartilhando as sensações”, disse.  

Teatro em Sergipe

Professora da UFS, Alexandra Dumas, fala do teatro sergipano
A professora de Teatro da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Alexandra Dumas, contou que a falta de uma política educacional efetiva faz com que a sociedade sergipana não se interesse pelo teatro. “Acho que se precisa de incentivo para que as pessoas freqüentem o teatro e isso parte de uma educação começada na escola, pois são poucas as escolas que fazem teatro, que leva ao teatro, ou seja, não há uma cultura estética voltada para o teatro. Se você não faz isso na infância e adolescência, acredito que na fase adulta esse interesse não surja”, assegurou.
“Na casa da cultura tem muitos jovens que se interessam por essa modalidade e isso é um acervo de bons jovens no cenário Sergipano, mas para os que não têm interesse, seria bom que viessem, porque há grandes informações reproduzidas em boas peças, autores maravilhosos. Isso os ajudaria também em como lidar com o próximo, entender a emoção, os problemas, entender melhor as pessoas, porque os personagens ou bons ou ruins nos ensinam isso”, garantiu a atriz Walmyr Sandes.

Grupos de Teatro sergipanos
Stultífera Navis se preparando para entrar em cena
No Estado, são mais de 15 grupos de teatro que se organizam para manter a cultura viva. Em Aracaju pode-se destacar o Grupo Teatral Oxente, o Boca de Cena, Imbuaça, O Mínimo de Teatro e Circo, Cia. de Teatro Stultífera Navis, Teatro Raízes, Bonecos Mamulengo de Cheiroso, Espoleta, Cia. de Teatro Os Cênicos e Coletivo Temporário.
Dentre as companhias espalhadas nos municípios do Estado faz-se relevante citar a Cia. de Artes Cênicas Reflexos da Alma – Estância, o Grupo de alunos do Curso de Teatro da Universidade Federal de Sergipe - São Cristóvão, o Nós na Estrada – Barra dos Coqueiros, Grupo de Teatro Oiteiros – Gararu, Cia. Teatral Risocínico – Estância, Grupo de Teatro Raízes Nordestinas – Poço Redondo.

Uma palhinha do espetáculo Antígona de Sófocles, da Cia. De Teatro Stultífera Navis.


Repórter: Karina Garcia
Fotos: Karina Garcia 
           Blog Casa Rua da Cultura
Editora: Larissa Ferreira

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