Academia Sergipana de Letras é uma instituição desconhecida para muitos sergipanos

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

No centro de Aracaju circulam diariamente centenas de pessoas. Apressados, correndo contra o tempo, ou mesmo em singela passagem pela região, são raros os cidadãos que conhecem a Academia Sergipana de Letras (ASL) que fica na rua Pacatuba.  Alguns até a utilizam como ponto de referência, mas poucos sabem de fato o que representa a ASL para o Estado.

Fundada em 1º de junho de 1929, 51 anos depois da Academia Brasileira de Letras (ABL), a Academia Sergipana de Letras sucedeu à Hora Literária, uma espécie de sociedade literária de caráter acadêmico autônomo que buscava promover envolvimento intelectual em Sergipe. A meta era a fundação da Academia, com os mesmos acadêmicos que constituíam a Hora Literária, a exemplo de Antônio Garcia Rosa e  Clodomir Silva.


Fachada da Academia Sergipana de Letras


Durante a década de 30, as reuniões da ASL aconteciam na Sala de Ordem dos advogados do Brasil, no Palácio da Justiça, localizado na praça Olímpio Campos; mudou-se depois para a rua Itabaianinha, no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, uma vez que a maioria dos acadêmicos também faziam parte do Instituto. Mais tarde, na década de 1970, a Academia Sergipana de Letras foi mais uma vez transferida, desta vez para o primeiro andar da biblioteca pública, onde hoje funciona hoje o Arquivo Público do Estado, na praça Fausto Cardoso. O local serviu de espaço para os membros da Academia se reunir, até ser novamente transferida para um sobrado onde funcionou o Colégio Tobias Barreto, na rua Pacatuba, onde está até hoje.

A Academia Sergipana de Letras é formada por 40 acadêmicos. Dentre esses, cinco formam a diretoria, Presidente,Vice-Presidente, Secretário, Tesoureiro e Diretor da Biblioteca, eleitos por chapa a cada dois anos, com direito a reeleição. O cargo de membro da Academia é vitalício, exceto por renúncia ou por ações incompatíveis com a integridade da instituição. Com estatuto e regimento interno estreitamente definido, a ASL é uma sociedade civil, de personalidade jurídica, sem fins lucrativos e duração indeterminada. Desde a sua fundação, é composta por membros não somente ligados aos gêneros literários (romance, poesia, etc.), mas também às ciências em geral, congregando intelectuais de origens institucionais e especialidades literárias múltiplas. Fato evidenciado no estatuto da Academia, no qual consta como objetivo a promoção de estudo, preservação e divulgação da Literatura, das Artes e das Ciências, contribuindo para o desenvolvimento cultural do Estado.

Visão lateral da Academia Sergipana de Letras
 A Academia conta com um acervo de mais de 10 mil livros, a maioria de escritores do Estado, das mais diversas áreas. No entanto, um dos grandes problemas da instituição é a conservação desse acervo. Para isso, a Academia Sergipana de Letras, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), a ASL está realizando um projeto, pelo qual os livros passarão por um processo de revitalização, com catalogação e preservação das obras. O projeto é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários e está sendo coordenado pelo curso de Biblioteconomia. O intuito é que futuramente a Academia sirva também como biblioteca aberta ao público para pesquisa.
Às segundas-feiras os membros se reúnem às 16h30, como prevê o estatuto da Academia, para trocar idéias sobre cultura, apresentar e debater trabalhos literários. As reuniões são abertas ao público, mas a população desconhece.


Movimento Cultural Antônio Garcia Filho

Em 1984, por iniciativa do acadêmico Antônio Garcia Filho surgiu o Movimento de Apoio Cultural (MAC). De acordo com Cléa Brandão, integrante do MAC, o movimento surgiu com o objetivo de dar apoio cultural para a Academia, que na época era formada, em grande parte, por idosos. “Houve resistência de alguns acadêmicos mais tradicionais como Manoel Franco, por exemplo. Os acadêmicos não aceitavam a participação do MAC na Academia, mas depois eles perceberam que foi bom para a instituição”, ressalta.
De início foi batizado como Movimento de Apoio Cultural, mas logo após a da morte de Antônio Garcia Filho, em 1999, o presidente atual, José Anderson Nascimento resolveu mudar o nome para Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, como forma de homenagear o fundador.
 O MAC dispõe de vinte membros, com cargo vitalício. A importância do Movimento no cenário acadêmico é comprovada, pois, alguns dos integrantes foram eleitos para cadeiras acadêmicas, como por exemplo, a professora Maria Lígia Madureira Pina, e o jornalista Bemvindo Salles de Campos Neto.


“Migalhas dormidas do teu pão”

A academia e o trabalho desenvolvido por esta são desconhecidos por boa parte da população sergipana. Em tom de revolta, a integrante do Movimento Cultural Antônio Garcia, Cléa Brandão Santana desabafa “As pessoas desconhecem a Academia porque não se interessam por Cultura. As reuniões são abertas ao público, mas as pessoas passam pela porta e não entram para conhecer”. Já para a estudante Sabrina Mendes, o pouco que sabe sobre a ASL é devido a pouca divulgação da instituição.

Divulgação é um problema bastante visível na Academia Sergipana de Letras. O site da instituição não funciona, e os repasses do governo são insuficientes para manter e divulgar a Academia. De acordo com o presidente José Anderson, anualmente a instituição recebe 20 mil reais, aplicado por força da lei, e o valor não é corrigido desde que a legislação foi instituída, há 10 anos. Para poder manter a Academia, pagar funcionários, e organizar ciclo de debates e seminários, os acadêmicos complementam com uma contribuição mensal de 10% de um salário mínimo para a instituição.




Por Sóstina Santos
Edição: Vanessa Monteiro

Um comentário:

Ariany Raweine disse...

GoSTAria Muito de entrar na Academia de Letras De Sergipe..
Sou de Pedrinhas...E esse É meu maior sonho...
Enquanto não entro..Faço meus cordéis por aqui mesmo!
Não vou desistir..

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