Trecho da BR 101 continua em duplicação

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


As obras de duplicação da rodovia BR 101 no estado de Sergipe seguem em andamento, mas para o governo, não rápido o bastante. No início do mês, dia 03 de dezembro, o governador Marcelo Déda recebeu em seu gabinete o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Sergipe (DNIT - SE) José Otávio Ferreira Soares, e cobrou agilidade nas obras no trecho entre o município de Capela e o povoado de Pedra Branca, que pertence ao município de Laranjeiras.

José Otávio Soares e Marcelo Déda discutem as obras
Otávio informou que este trecho está sob responsabilidade do exército brasileiro, e que transferiria esta cobrança para eles. As obras de duplicação da BR 101 no estado tiveram início em junho de 2010. Por meio de sua assessoria de imprensa, o DNIT informa que um dos motivos para o atraso nas obras é a necessidade de passar pelos processos burocráticos requeridos pelo governo.

A assessoria lembra ainda que o fator climático influencia no andamento da obra. “Ao trabalhar com engenharia civil pesada traçamos um planejamento de início, e há também um prognóstico de término que sofre alterações no percurso devido ao tempo chuvoso”, diz a assessora Paloma Naziazeno. Segundo ela, 11 quilômetros de pista já estão totalmente prontos e entregues à população.

Dilma, então ministra, e Déda, em reunião de 2009
Entretanto, o trecho da rodovia que vai de Estância até a divisa com o estado da Bahia (do km 153 ao km 206) está sob a responsabilidade do convênio entre o DNIT e o Governo de Sergipe. Este trecho, ao contrário dos outros, não estava previsto originalmente no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), mas recebeu garantia de recursos do Governo Federal em 2009, através da então Ministra Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff.

O governo do estado ficou com a responsabilidade de fazer a licitação, o que segundo Marcelo Déda permitiria que as obras fossem concluídas mais rapidamente. Isso se deve ao fato de o DNIT estar habilitado a licitar obras em todo o país. Déda estimou que a licitação fosse feita ainda em 2009, e as obras iniciadas em 2010. Porém, o projeto básico que antecede a licitação sequer foi concluído. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), “o projeto básico está sendo elaborado e até o começo de março de 2012 o receberemos”. Depois de receber esse projeto, a Seinfra deve mandá-lo ao DNIT para avaliação, e só então a licitação será feita.

BR 101 em Sergipe

A BR 101 é uma das mais importantes rodovias federais do Brasil. Ela atravessa 12 estados, e 206 quilômetros correspondem a Sergipe, desde o município de Propriá, na divisa com Alagoas (km 0), até o município de Cristinápolis (km 206), na divisa com a Bahia. A duplicação da rodovia em Sergipe está sendo feita em concreto rígido, que garante uma maior durabilidade. As pistas antigas estão sendo restauradas, e o objetivo é que o acesso a viadutos e outras rodovias se torne mais seguro. No PAC 1 do governo federal, que ia de 2007 a 2010, o valor do recurso destinado à malha rodoviária da região Nordeste foi de R$ 6,6 bilhões. Já no PAC 2, que vai de 2011 a 2014, os investimentos chegam a R$ 4,1 bilhões. A previsão é concluir a parte do DNIT em 2012, e a parte do governo de Sergipe em 2014.

O lote 1 vai do município de Propriá (km 0) ao município de Capela (km 40). O trecho teve um investimento de R$ 137 milhões.

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O lote 2 vai de Capela (km 40) até o povoado de Pedra Branca (km 77,3), que pertence ao município de Laranjeiras. Este trecho teve um investimento de R$ 140 milhões.

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O lote 3 vai de Nossa senhora do Socorro (km 93,4) até Lagarto (km 123). O trecho, entre o local de acesso a Aracaju até Nossa Senhora do Socorro, já fora duplicado em outra obra. O lote 3 teve um investimento de R$ 150 milhões.

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O lote 4 vai de Lagarto (km 123) até Estância (km 153). Este trecho teve um investimento de R$ 143 milhões.

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O lote 5 vai de Estância (km 153) até a divisa com a Bahia (km 206). O investimento neste trecho será de R$ 246 milhões, numa parceria do governo de Sergipe com o DNIT. 
Os prós e contras da obra

Por meio de sua assessoria, o DNIT se mostra crente na importância das obras para o estado: “a partir dos investimentos destinados à rodovia, Sergipe amplia sua capacidade de tráfego e traz desenvolvimento econômico para o Estado. As obras na BR-101 Nordeste têm uma importância estratégica, pois melhoram as condições de transporte de pessoas e mercadorias entre as capitais nordestinas e o Centro-Sul”.  Da mesma forma, em diversas ocasiões oficiais o governador Marcelo Déda se mostrou convicto da importância de uma ligação mais ampla e fluida entre os estados do Nordeste, e destes com a região sul-sudeste.

Entre a população, porém, as opiniões se dividem, principalmente entre quem vive próximo a rodovia e dela depende de algum modo. Nas cidades de Umbaúba e Cristinápolis, situadas no lote cinco ainda não licitado, o projeto prevê que a BR 101 faça um novo contorno fora da área urbana. Em Umbaúba, o desenho teria afastamento de 1,5 km, e em Cristinápolis, de 1,0 km. As pistas que passam por dentro das cidades passariam a ser usadas como avenidas.

Grande parte da população de ambas as cidades se mostrou temerosa com relação às atividades cotidianas a econômicas, afinal, segundo o prefeito de Cristinápolis, o Padre Raimundo Silva Leal, a cidade está “centralizada” na BR 101. Entretanto, ele e o prefeito de Umbaúba, Anderson Farias, aprovaram o projeto do governo do Estado. Está prevista à Universidade Federal de Sergipe (UFS) a criação de um plano para transformar essa distância da nova rodovia numa zona de expansão com crescimento ordenado.

Haverá uma compensação financeira de R$ 5,5 milhões para Umbaúba, e R$ 7 milhões para Cristinápolis, com objetivo de construir ciclovias e calçadas nas pistas atuais. Governador e prefeitos concordam que a obra de duplicação em área urbana causaria grande transtorno com a desapropriação de muitas casas e estabelecimentos comerciais. Muitos contratempos ainda são sentidos pela população do povoado de Pedra Branca, município de Laranjeiras – exatamente dentro do trecho ao qual o governador cobrou agilidade na conclusão das obras. 

A pensionista Edna Rodrigues, de 41 anos, mora nesse povoado, próximo a rodovia. Ela relata a poluição sonora, a poluição do ar e a insegurança com relação aos acidentes. A pista já está duplicada, mas ainda resta a construção de redutores de velocidade e passarelas. “Pessoas já morreram atropeladas e ninguém toma providência nenhuma”, disse Edna. A pensionista conta sobre casos em que carros e caminhões saíram da estrada e invadiram casas. É válido notar que em paralelo às obras da pista, o povoado continua sem nenhuma pavimentação. A reportagem teve dificuldades de chegar ao local devido à chuva, que deixou as ruas cheias de lama e escorregadias.

Saindo de Pedra Branca, em direção a Maruim, a ponte sobre o Rio Sergipe possui uma área lateral construída para o trânsito de pedestres. Entretanto, a população do povoado a utiliza inadequadamente para o tráfego de motocicletas e carroças: no momento da reportagem, o local para pedestres se encontrava cheio de fezes de animais.

Do outro lado da ponte vive o comerciante Gilson dos Santos, de 62 anos, que hoje sofre com a reabilitação de sua filha, a autônoma Daniela dos Santos, de 34 anos. Há três meses ela foi atropelada em frente ao bar de seu pai. “Fico até mal quando olho pro lugar”, disse Gilson. O motorista fugiu sem prestar socorro e abandonou o carro, mas uma das placas ficou no local do acidente. Ele foi localizado e está sendo processado. Daniela teve muitas fraturas e órgãos perfurados, passou por duas cirurgias, e hoje se encontra de cama. O comerciante reclama dos acidentes, que ele afirma serem constantes, e pede por mais sinalização. Entretanto, Gilson diz que as obras prejudicarão de forma particular o seu comércio, enquanto as transportadoras e empresas da região ganharão com a construção.

Veja aqui o mapa geral das obras de duplicação da BR 101.

Por Edson Costa
Edição: Nayara Arêdes

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