As obras de duplicação da rodovia BR 101 no estado de Sergipe seguem em andamento, mas para o governo, não rápido o bastante. No início do mês, dia 03 de dezembro, o governador Marcelo Déda recebeu em seu gabinete o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Sergipe (DNIT - SE) José Otávio Ferreira Soares, e cobrou agilidade nas obras no trecho entre o município de Capela e o povoado de Pedra Branca, que pertence ao município de Laranjeiras.
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José Otávio Soares e Marcelo Déda discutem as obras |
A assessoria lembra ainda que o fator climático influencia no andamento da obra. “Ao trabalhar com engenharia civil pesada traçamos um planejamento de início, e há também um prognóstico de término que sofre alterações no percurso devido ao tempo chuvoso”, diz a assessora Paloma Naziazeno. Segundo ela, 11 quilômetros de pista já estão totalmente prontos e entregues à população.
Dilma, então ministra, e Déda, em reunião de 2009 |
O governo do estado ficou com a responsabilidade de fazer a licitação, o que segundo Marcelo Déda permitiria que as obras fossem concluídas mais rapidamente. Isso se deve ao fato de o DNIT estar habilitado a licitar obras em todo o país. Déda estimou que a licitação fosse feita ainda em 2009, e as obras iniciadas em 2010. Porém, o projeto básico que antecede a licitação sequer foi concluído. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), “o projeto básico está sendo elaborado e até o começo de março de 2012 o receberemos”. Depois de receber esse projeto, a Seinfra deve mandá-lo ao DNIT para avaliação, e só então a licitação será feita.
BR 101 em Sergipe
A BR 101 é uma das mais importantes rodovias federais do Brasil. Ela atravessa 12 estados, e 206 quilômetros correspondem a Sergipe, desde o município de Propriá, na divisa com Alagoas (km 0), até o município de Cristinápolis (km 206), na divisa com a Bahia. A duplicação da rodovia em Sergipe está sendo feita em concreto rígido, que garante uma maior durabilidade. As pistas antigas estão sendo restauradas, e o objetivo é que o acesso a viadutos e outras rodovias se torne mais seguro. No PAC 1 do governo federal, que ia de 2007 a 2010, o valor do recurso destinado à malha rodoviária da região Nordeste foi de R$ 6,6 bilhões. Já no PAC 2, que vai de 2011 a 2014, os investimentos chegam a R$ 4,1 bilhões. A previsão é concluir a parte do DNIT em 2012, e a parte do governo de Sergipe em 2014.
O lote 1 vai do município de Propriá (km 0) ao município de Capela (km 40). O trecho teve um investimento de R$ 137 milhões.
O lote 1 vai do município de Propriá (km 0) ao município de Capela (km 40). O trecho teve um investimento de R$ 137 milhões.
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O lote 2 vai de Capela (km 40) até o povoado de Pedra Branca (km 77,3), que pertence ao município de Laranjeiras. Este trecho teve um investimento de R$ 140 milhões.
O lote 3 vai de Nossa senhora do Socorro (km 93,4) até Lagarto (km 123). O trecho, entre o local de acesso a Aracaju até Nossa Senhora do Socorro, já fora duplicado em outra obra. O lote 3 teve um investimento de R$ 150 milhões.
O lote 4 vai de Lagarto (km 123) até Estância (km 153). Este trecho teve um investimento de R$ 143 milhões.
O lote 5 vai de Estância (km 153) até a divisa com a Bahia (km 206). O investimento neste trecho será de R$ 246 milhões, numa parceria do governo de Sergipe com o DNIT.
Os prós e contras da obra
Os prós e contras da obra
Por meio de sua assessoria, o DNIT se mostra crente na importância das obras para o estado: “a partir dos investimentos destinados à rodovia, Sergipe amplia sua capacidade de tráfego e traz desenvolvimento econômico para o Estado. As obras na BR-101 Nordeste têm uma importância estratégica, pois melhoram as condições de transporte de pessoas e mercadorias entre as capitais nordestinas e o Centro-Sul”. Da mesma forma, em diversas ocasiões oficiais o governador Marcelo Déda se mostrou convicto da importância de uma ligação mais ampla e fluida entre os estados do Nordeste, e destes com a região sul-sudeste.
Entre a população, porém, as opiniões se dividem, principalmente entre quem vive próximo a rodovia e dela depende de algum modo. Nas cidades de Umbaúba e Cristinápolis, situadas no lote cinco ainda não licitado, o projeto prevê que a BR 101 faça um novo contorno fora da área urbana. Em Umbaúba, o desenho teria afastamento de 1,5 km, e em Cristinápolis, de 1,0 km. As pistas que passam por dentro das cidades passariam a ser usadas como avenidas.
Grande parte da população de ambas as cidades se mostrou temerosa com relação às atividades cotidianas a econômicas, afinal, segundo o prefeito de Cristinápolis, o Padre Raimundo Silva Leal, a cidade está “centralizada” na BR 101. Entretanto, ele e o prefeito de Umbaúba, Anderson Farias, aprovaram o projeto do governo do Estado. Está prevista à Universidade Federal de Sergipe (UFS) a criação de um plano para transformar essa distância da nova rodovia numa zona de expansão com crescimento ordenado.
Haverá uma compensação financeira de R$ 5,5 milhões para Umbaúba, e R$ 7 milhões para Cristinápolis, com objetivo de construir ciclovias e calçadas nas pistas atuais. Governador e prefeitos concordam que a obra de duplicação em área urbana causaria grande transtorno com a desapropriação de muitas casas e estabelecimentos comerciais. Muitos contratempos ainda são sentidos pela população do povoado de Pedra Branca, município de Laranjeiras – exatamente dentro do trecho ao qual o governador cobrou agilidade na conclusão das obras.
A pensionista Edna Rodrigues, de 41 anos, mora nesse povoado, próximo a rodovia. Ela relata a poluição sonora, a poluição do ar e a insegurança com relação aos acidentes. A pista já está duplicada, mas ainda resta a construção de redutores de velocidade e passarelas. “Pessoas já morreram atropeladas e ninguém toma providência nenhuma”, disse Edna. A pensionista conta sobre casos em que carros e caminhões saíram da estrada e invadiram casas. É válido notar que em paralelo às obras da pista, o povoado continua sem nenhuma pavimentação. A reportagem teve dificuldades de chegar ao local devido à chuva, que deixou as ruas cheias de lama e escorregadias.
Saindo de Pedra Branca, em direção a Maruim, a ponte sobre o Rio Sergipe possui uma área lateral construída para o trânsito de pedestres. Entretanto, a população do povoado a utiliza inadequadamente para o tráfego de motocicletas e carroças: no momento da reportagem, o local para pedestres se encontrava cheio de fezes de animais.
Do outro lado da ponte vive o comerciante Gilson dos Santos, de 62 anos, que hoje sofre com a reabilitação de sua filha, a autônoma Daniela dos Santos, de 34 anos. Há três meses ela foi atropelada em frente ao bar de seu pai. “Fico até mal quando olho pro lugar”, disse Gilson. O motorista fugiu sem prestar socorro e abandonou o carro, mas uma das placas ficou no local do acidente. Ele foi localizado e está sendo processado. Daniela teve muitas fraturas e órgãos perfurados, passou por duas cirurgias, e hoje se encontra de cama. O comerciante reclama dos acidentes, que ele afirma serem constantes, e pede por mais sinalização. Entretanto, Gilson diz que as obras prejudicarão de forma particular o seu comércio, enquanto as transportadoras e empresas da região ganharão com a construção.
Veja aqui o mapa geral das obras de duplicação da BR 101.
Por Edson Costa
Edição: Nayara Arêdes
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