Projeto Punhos de Ouro leva cidadania às crianças do Santa Maria.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011


Projeto do ex- boxeador Valter Duarte revela grandes atletas em Sergipe.

Em meados de 2005, nascia no bairro Industrial, numa área onde hoje se encontra a ponte Construtor João Alves um dos projetos sociais que mais revelaram atletas no estado de Sergipe. Logo depois migrando para o bairro Santa Maria, o projeto é intitulado Punhos de Ouro e leva cidadania e inclusão social às crianças carentes sem nenhum apoio governamental.

O projeto criado pelo ex-boxeador Valter Duarte foi objetivado como uma forma de dar às crianças carentes a mesma oportunidade quando ele teve quando criança. “Criei esse projeto do nada. O prédio onde funcionava a academia era alugado. Tudo era muito difícil, mas eu queria que mais crianças pudessem ter essa chance, a qual eu tive um dia”, conta Duarte, como é conhecido pela comunidade.

Duarte explica que teve uma infância semelhante a das famílias do Santa Maria e que foi graças ao esporte que seu destino foi diferente dos que cresceram com ele. “Vive nunca comunidade pobre, mas sempre corri atrás. Vim de uma família humilde, mas honesta. Vi muitos dali crescer e ir pro caminho errado, o esporte me ajudou a não seguir aquele caminho”.

Dificuldades

O projeto nasceu sem apoio, motivado pela vontade de Duarte em ajudar ao próximo, acompanhado de sua família. Durante esse período, a família passou por várias dificuldades, mas nunca o projeto foi esquecido. “Foi um inicio de muito sacrifício, sem recurso nenhum. Chegamos a receber ameaças de traficantes da região. Tudo isso sem o apoio do Estado ou de empresas”, explica o ex-boxeador.

Com o passar do tempo, o número de crianças cresceu. Foi então que o trabalho passou a ser reconhecido e Valter começou a receber ajuda. A Confederação Brasileira de Box, em visita ao estado, doou parte das matérias que hoje são usados pelos alunos. Logo depois, pessoas também passaram a apoiar o projeto, mas nem sempre regularmente.

Em 2010, depois de meses de alugueis atrasados, o dono do espaço onde funcionava o projeto despejou Duarte e seus alunos. Foi então que eles ocuparam a estrutura de uma antiga delegacia abandonada na região. “Ocupamos um prédio onde funcionou uma delegacia. Naquele lugar aconteceram muitas desgraças, era um lugar de violência, onde aconteceu muita tortura. Hoje nós oferecemos esporte lá”, relata Duarte.

Histórias

Hoje o Punhos de Ouro é administrado por Valter Duarte Junior, filho de Duarte. “Assumi a presidência da Federação Sergipana de Pugilismo, por isso passei o comando pro Junior. Ele estava desde o inicio ao meu lado e participou da criação de tudo. Mas eu nunca me afastei, só não continuo a frente”, revela.

Nesses mais de seis anos de trabalho social o que mais afeta Duarte e seu filho são as histórias das crianças que chegam ao Punhos de Ouro. “Recebemos crianças que vinham só por não ter o que fazer, outras que estão ali para não estar com os pais cantando lixo. Todas elas precisando de mais do que a gente consegue oferecer”, conta Junior. “Já recebemos casos em que a criança era espancada pelos pais, até ameaçadas por traficantes. Fazemos o possível para ajudar como pudermos, mas nem sempre conseguimos”, completa.

Apoio

Naquele mesmo ano a academia viria a receber a autorização do Governo do Estado para utilizar o prédio. “Nós invadimos um prédio que era do estado. Em 2010 mesmo, a secretaria de Estado de Administração nos deixou ficar lá. Foi o único apoio que o projeto recebeu do Estado”, explica Duarte.

Atualmente o Punhos de Ouro distribui entre as famílias do projeto cestas básicas doadas por várias pessoas. Em alguns casos, algumas crianças são ‘adotadas’ por pessoas que passam a ajudar mensamente elas. “Temos três pessoas que adotaram crianças, mas mesmo assim temos que correr atrás de apoio todos os meses”, diz Junior.
O projeto, além de ensinar a profissão de boxeador às crianças, tenta ajudar as famílias delas. “Nós acompanhamos as crianças. Quando faltam, vamos atrás, vemos o que aconteceu. Muitos alunos têm de sair porque precisam trabalhar, fazemos o possível para ajudar, mas nem sempre conseguimos”, explica Junior.

“Temos vários sonhos, de oferecer cursos para os pais, de encaminhar eles para o mercado de trabalho, mas ainda é algo para o futuro. Hoje não temos nem computador e qualquer ajuda é bem vinda. Temos muitas necessidades, que quiser ajudar é só nos procurar”, conclui.


Repórter: Daniel Nascimento

Editor: Raimundo Morais

Imagem: Daniel Nascimento

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