V Mostra de Arte Sem Barreiras traz exemplo de superação

sábado, 10 de dezembro de 2011


“Não quero receber aplausos porque sou quase uma ceguinha, mas sim porque minha poesia é boa!”. Com esse espírito Zanna Santos, autora do livro “Farol – Frases & Pensamentos”, realizou a abertura da V Mostra de Arte sem Barreiras. O evento reuniu artistas portadores de deficiência física de todo o país, e contou com a presença de aproximadamente 150 participantes entre os dias 20 e 25 de novembro.

Bailarina Ticiane Duarte em ensaio

A V Edição da Mostra de Arte Sem Barreiras, realizada pela Federação Albertina Brasil se dividiu em cinco espetáculos realizados nas cidades de Aracaju, Nossa Senhora da Gloria e Simão Dias. As exibições, oficinas e palestras que fizeram parte da programação foram disponibilizadas gratuitamente ao público.


No domingo, dia 20, a noite de abertura ocorreu no teatro Tobias Barreto, e foi aclamada pelos artistas como o melhor espetáculo. Na segunda, a Rua da Cultura foi o destino da mostra, sendo a última exibição do grupo em Aracaju. No dia 22, os grupos estiveram em Nossa Senhora do Socorro, e dia 24 em Simão Dias. No ultimo dia, as apresentações da Mostra aconteceram em Nossa Senhora da Glória.


Para Charles Lima, um dos organizadores do evento, este ano conseguiu superar-se aos anos anteriores no sentido de organização e comprometimento dos artistas, ainda que o número de inscritos tenha sido menor. Uma das grandes dificuldades apontada por ele é a enorme carência de apoio financeiro para que o projeto se concretize. “Sempre que aparecem editais para projetos artísticos disponibilizados pelo Governo, nos inscrevemos tentando conseguir recursos para a realização dos espetáculos. A Secretaria do Estado de Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social é um dos parceiros que nos apóiam fornecendo transportes e alimentos”, relata Charles.


O improvável balé


“As pessoas tem limitações para aproximar-se de nós. Pensam que somos limitados, mas não somos.”
 – expõe Ticiane.


O balé envolve corpos perfeitos, movimentos graciosos e precisos. Assim como as pessoas ditas “normais” são capazes de dançar, os deficientes provam que tambem são. Ticiane Duarte, 27 anos, atleta e bailarina que já participara nos anos anteriores do Arte Sem Barreira, esse ano mais uma vez confirmou presença. Atuando junto com sua professora e coreógrafa, realizou momentos de elegância e comoção entre as exibições. Ticiane, que atualmente reside em São Paulo e foi vítima de meningite quando tinha apenas dez anos – doença que causou a amputação de suas pernas – é um exemplo de que é possível reerguer-se das tragédias da vida e que as dificuldades podem ser vencidas.


Quem tem a oportunidade de conversar com esta mulher, se encanta com seu otimismo e bom humor. E sendo bastante franca e consciente de sua deficiência, dispara sobre o que mais lhe desagrada no dia-a-dia: “ As pessoas tem limitações para aproximar-se de nós. Pensam que somos limitados, más não somos.”


Poesia
Zanna Santos no palco do Teatro Tobias Barreto

Uma novidade na mostra deste ano foi a presença de Zanna Santos como poeta, papel diferente do realizado nas edições anteriores, quando atuou como atriz. As poesias declamadas por Zanna são todas de autoria própria. Portadora da síndrome de Marfan, doença que afeta os ossos, músculos e visão, ela revelou muito contentamento com o Arte Sem Barreiras deste ano. “Houve uma sintonia forte entre os artistas e fiquei muito feliz por ser a pessoa que fazia a abertura dos espetáculos. Minha função é abrir o coração do público para o espetáculo que vamos apresentar”, diz Zanna.


A realidade sobre os deficientes


Os resultados do Censo IBGE 2000 mostram que, aproximadamente, 24,6 milhões de pessoas – ou 14,5% da população brasileira – apresentaram algum tipo de deficiência. Esse não é um número pequeno. Na opinião de Marilene dos Santos, professora e coreógrafa que trabalha com deficientes há onze anos, ainda há muito o que melhorar no tratamento aos deficientes. “Os deficientes merecem não somente rampas de acesso e calçadas apropriadas. Precisam ser inseridos no cotidiano diário das pessoas ‘normais’, para que elas os enxerguem, acostumem-se com sua presença e entendam sua situação. Só assim existiria um quadro de maior respeito.”, opina Marilene.


Para saber quem foi Albertina Brasil e mais informações sobre a Mostra, acesse: Federação Nacional de Artes Albertina Brasil


Por: Diogo Barros
Edição: Nayara Arêdes

Um comentário:

Unknown disse...

ZANNA SANTOS, grande poetisa e um exemplo de superação, é um orgulho para nós do GRUPO EDITORIAL BECO DOS POETAS E ESCRITORES LTDA.termos publicado essa grande autora. Sucesso pra você, querida.
Beijos e tudo de bom.

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