Plano Nacional de Mobilidade Urbana entra em vigor em abril

terça-feira, 24 de abril de 2012

A questão da mobilidade urbana no Brasil e em Sergipe tem passado por reformulações, na tentativa de reverter as deficiências vigentes. Na capital do estado, a discussão encontrou força no último dia 17 de abril, com a publicação do edital de licitação do transporte público no Diário Oficial. E no contexto nacional, o Plano Nacional de Mobilidade Urbana (lei nº 12.587/2012), sancionado pela presidente Dilma Rousseff no dia 3 de janeiro de 2012, entra em vigor ainda neste mês. 

O Plano Nacional consiste na elaboração de diretrizes que promovam a integração entre os diversos meios de transporte juntamente com a melhoria da acessibilidade em todo território dos municípios. Seguindo o que é apontado pelo Estatuto das Cidades, o Plano Nacional indica a elaboração de um plano municipal. Em Aracaju, a construção do Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PDMU) está prevista pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável (PDDUS). O PDDUS de Aracaju foi aprovado em 2000, e atualmente está em discussão para que se aprove a reformulação feita em 2010.

Dentre o que se aponta tanto pelo PDDUS quanto pelo Plano Nacional está o desenvolvimento de um sistema de transportes que priorize o uso coletivo sobre o individual. Além disso está a concepção de que o planejamento de transporte deve ser integrado ao planejamento urbano. Neste sentido, o PDMU, desenvolvido pelo Instituto Rua Viva em parceria com técnicos da Superintendência de Transportes e Trânsito de Aracaju (SMTT), encontra a missão de adequar a realidade de Aracaju ao cenário brasileiro.
O que acontece em Aracaju
No município, o PDDUS apresenta de maneira ampla as diretrizes para um desenvolvimento sustentável no município. No entanto, Aracaju necessita de um planejamento focado na mobilidade urbana, já que o trânsito da cidade tem apresentado dificuldades estruturais, principalmente quando se refere ao transporte público. 

Sheila: "estamos um passo a frente da Política Nacional"
O Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Aracaju iniciou-se em paralelo à sanção do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, o que segundo Sheila Thereza Vieira Santos, assessora especial da SMTT, já é um passo à frente da política nacional. “Antes da lei do Plano Nacional ser aprovada, nós já tínhamos elaborado um processo licitatório para contratação de uma empresa que pudesse elaborar um Plano Diretor de Mobilidade Urbana em Aracaju. Paralelamente à aprovação da lei nós já estávamos atuando na contratação da empresa”, conta a assessora.

Embora o Plano Nacional inclua entre seus termos a priorização do uso coletivo em relação ao individual, esta realidade não encontra grande aceitação entre os aracajuanos. “O fundamental é adotar no município um transporte público que respeite o consumidor, o motorista e as empresas. Uma cidade que pensa na mobilidade é aquela que pensa num transporte público de qualidade”, comenta Waldson Costa, diretor de meio ambiente da Sociedade Semear e vice presidente da Ong Ciclo Urbano.

Waldson prioriza educação no trânsito
O diretor diz ainda que é necessário promover ações de educação para o trânsito, pois apenas uma mudança de concepção na sociedade será capaz de modificar hábitos. Desta maneira, será incorporado ao cotidiano da população não só o uso prioritário do transporte coletivo como de meios alternativos – a bicicleta, por exemplo.

A assessora Sheila diz que o intuito da priorização do transporte coletivo é gerar na sociedade o pensamento de que é preferível se locomover através dos ônibus, uma vez que está é a forma mais rápida para se chegar ao destino. “Por isso a gente pensa em corredores livres e exclusivos para os ônibus, para priorizar o transporte coletivo”, conclui.

Aplicação do Plano Nacional em Aracaju
Sheila Santos explica que o Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Aracaju foi baseado no caderno PlanMob, que baseou também a criação do Plano Nacional. Segundo a assessora, o Plano de Aracaju é praticamente uma cópia do caderno desenvolvido pelo Ministério das Cidades. Desta forma, há uma influência direta entre as diretrizes propostas para o Brasil e o que está sendo feito em Aracaju. A capital sergipana está seguindo os passos do que será o Plano Nacional de Mobilidade Urbana.

Problemas e possíveis soluções
O Plano de Mobilidade Urbana, seja nacional ou municipal, deixa explícito que a priorização do uso do transporte coletivo e o desestímulo ao transporte individual são fundamentais para que a mobilidade seja pensada de forma sustentável. 
Marcelo: "o Plano Nacional induz a pensar soluções"
Em Aracaju é comum existirem polêmicas afirmando que o transporte público não é eficiente e nem bem estruturado. “Nenhuma cidade do mundo funciona bem se o transporte público é ruim”, afirma Marcelo Maciel, representante de Sergipe no Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil e membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (Condurb). 

Marcelo comenta ainda sobre o exemplo da Europa, onde o fechamento do centro da cidade para os carros e a cobrança de pedágio urbano para veículos são usados como medida para melhorar a mobilidade. Outra situação que promove o transporte público ocorre no Rio de Janeiro, em que as pessoas param seus carros no estacionamento do metrô e o utilizam para se locomover.

Na opinião de Marcelo, o Plano Nacional irá induzir as cidades a pensarem as soluções adequadas para a sua realidade. A restrição de tráfego em alguns locais da cidade já está em planejamento em Aracaju, juntamente com a instalação de corredores livres de tráfego (locais onde o estacionamento de veículos é proibido) em algumas ruas do centro. 

No que diz respeito ao sistema de transporte coletivo, a existência dos terminais de integração de ônibus, segundo o conselheiro federal Marcelo, é bom para as empresas, mas não para o público. Segundo ele, o melhor sistema é a bilhetagem por tempo: um cartão indutivo é usado na cobrança de uma só passagem, permitindo ao usuário o acesso a qualquer ônibus, em todos os pontos da cidade. 

A sociedade pode participar da formulação do Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Aracaju. O grupo Participe Aju, montado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) junto a outras entidades, tem por objetivo divulgar informações e mobilizar a sociedade para ajudar na construção do Plano Diretor da capital.

Por Alanna Molina
Edição: Nayara Arêdes
Fotos: Alanna Molina e Portal Infonet

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