Cerca de 90% das travestis tem nos programas sexuais sua
atividade profissional, segundo dados da Articulação Nacional deTravestis e Transexuais (Antra). Este número referente às travestis reflete a
dificuldade que as neomulheres (termo que inclui além das travestis,
as transexuais), têm para sua inserção formal no mercado de
trabalho, fruto ora do preconceito ora da baixa escolaridade que
apresentam.
A maioria das neomulheres não consegue emprego formal
por conta do preconceito. Mas este não é o único percalço na hora de conseguir emprego. A falta de escolaridade e profisisonalização também estão interligados. Assim, para elas, não resta outra opção a não ser o trabalho sexual.
Apesar de não ter um projeto específico para a inserção de travestis e transexuais no mercado de trabalho, o Centro de Prevenção e Combate à Homofobia de Sergipe (CCH) possibilita que as neomulheres tenham acesso a cursos e oficinas de capacitação como forma de oferecer chances de ingresso no mercado de trabalho formal.
Apesar de não ter um projeto específico para a inserção de travestis e transexuais no mercado de trabalho, o Centro de Prevenção e Combate à Homofobia de Sergipe (CCH) possibilita que as neomulheres tenham acesso a cursos e oficinas de capacitação como forma de oferecer chances de ingresso no mercado de trabalho formal.
O Centro de Referência não faz um trabalho específico
para a inclusão das neomulheres no mercado de trabalho, explica a
coordenadora do CCH e psicóloga, Cláudia Andrade. Segundo ela, são feitas “várias oficinas, ligadas a parte da
culinária, mas não desenvolvendo capacitações para inseri- las
num mercado maior”. Além disso, o Centro tem algumas redes, que
podem encaminhar e orientar essas pessoas a procurarem uma
alternativa.”, disse.
De acordo com a
coordenadora, as neomulheres têm dificuldades de se firmarem no
mercado de trabalho formal por vários motivos, sendo o primeiro
deles a baixa escolaridade, seguido da discriminação e da
necessidade de qualificação.
Entre
as travestis, é comum a evasão escolar por causa do preconceito,
e a partir daí vão para as ruas. Muitas reclamam por não terem
conseguido estudar, não poderem fazer uma faculdade e exercerem uma
profissão que lhes garanta a sobrevivência, sem terem que recorrer
à prostituição.
Muitas
vivem à margem da sociedade, sendo mal vistas e discriminadas. Isso
ocorre porque elas não tiveram a oportunidade de concluir seus
estudos. “Quando chegam ao Centro não
satisfeitas com o que estão fazendo, percebemos que elas não estão
bem ali”, declarou Cláudia.
Para
minimizar esse problema, o CCH busca inserir travestis e transexuais em algum programa de educação,
seja ele federal, estadual ou municipal. “O
primeiro passo do Centro é o atendimento
multidisciplinar [áreas social, psicológica e jurídica]. A partir
do momento em que é percebido que a pessoa
precisa de incentivo na área
da educação a gente tem que encaminhar”,
explicou Cláudia Andrade.
Embora não existam dados concretos, saúde,
estética, arte e prostituição são as principais
áreas de atuação profissional das neomulheres no mercado de trabalho
sergipano. Além da falta de escolaridade, também existe a ausência de políticas públicas que atendam aos
anseios e necessidades de travestis e transexuais. Segundo
a assistente social do CCH, Edna Lima, a maioria das pessoas
atendidas pelo Centro estão fora do emprego formal, mas trabalham de
forma informal. “Elas buscam fazer um cabelo, uma unha, a grande
maioria dos usuários procuram fazer algo para ter dinheiro. Mas
formalmente são poucos que estão trabalhando’, informa.
Vencendo barreiras
![]() | |||||
Lohanna é um exemplo de determinaçaõ no estado de Sergipe |
De acordo com ela, travestis e transexuais têm dificuldade de se inserirem no mercado de trabalho principalmente por preconceito. “As pessoas me vêm com aparência feminina e assim me tratam. No entanto, quando descobrem que sou uma pessoa diferente, me tratam de outra forma e são preconceituosas. Nunca trabalhei na iniciativa privada por causa disso”. O preconceito ainda é, segundo ela uma realidade e um obstáculo enfrentado diariamente por travestis e transexuais em todo o Brasil.
Aos 25 anos, Lohanna é formada em Letras Português e em Serviço Social. Ela reconhe a importância dos estudos para o seu sucesso profissional. “Somente através dos estudos é que uma pessoa como eu poderá entrar no mercado de trabalho, mais especificamente por concurso público, pois se for bater a porta em empresas, por exemplo, a resposta certa será não, disse a jovem, que quando criança sonhava ser jornalista e advogada.
De acordo com a Constituição Brasileira, discriminar seres humanos por motivos de identidade sexual agride à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição Federal), os princípios da prevalência dos direitos humanos (art. 4º, II, CF) e da não discriminação (art. 3º, IV, CF). Vale salientar que há direitos e garantias fundamentais previstos no art. 5º, como a igualdade de gênero (inciso I), a inviolabilidade da honra (inciso X) e a não submissão à tortura, tratamento desumano ou degradante (inciso III).
Por Nara Barreto
Editora Dafnne Victoria
Foto Arquivo Pessoal de Adriana Lohanna
Nenhum comentário:
Postar um comentário