Feirinha da Gambiarra oferece cultura e muita criatividade

quinta-feira, 14 de março de 2013

Distante da frieza dos espaços fechados, a Feirinha da Gambiarra mostra que lugar de cultura é no meio da rua.

Feirinha da Gambiarra na rua Senador Rollemberg. (Foto: Érika Rodrigues)
A Feirinha da Gambiarra promove de maneira original a ocupação cultural do espaço público por meio da mistura de arte plástica, cinema, moda, música e muita sergipanidade. A segunda edição do evento ocorreu no dia 03 de março na Rua Senador Rollemberg, bairro São José, e contou com público variado e muita criatividade.

A iniciativa partiu da estudante de arquitetura e urbanismo, Isabele Ribeiro, que ao visitar a tradicional Feira de Ipanema no Rio de Janeiro teve a ideia de trazer algo parecido para Aracaju e incorporar elementos culturais. "A proposta é unir as tribos num mesmo cenário e trazer as pessoas para ocuparem as ruas da cidade", afirma Isabele. O objetivo é servir de vitrine para novos produtos e criações sergipanas. "Fazer o público sergipano conhecer a sua cultura e provocar esse sentimento de pertencimento da forma mais saudável e gostosa possível, em pleno domingo, com a família toda reunida", esclarece.
Isabele Ribeiro, a cabeça criativa. (Foto: Luciana Nascimento)
E o que se viu naquele domingo foi exatamente isso: um público vasto e acima de tudo diverso, mas que se aproximavam na tentativa de reconhecer o universo cultural que lhes foi exposto de forma gratuita. A edição desse mês com o tema ''Cabeças Criativas'' teve a participação de 22 expositores e os produtos eram os mais variados possíveis. Iam desde brigadeiros gourmet até camisetas com estampas que misturavam personagens de cordel e xilogravura.

Sílvia Góis, 30 anos, foi atraída pelo acaso de morar nas proximidades da rua em que ocorria o evento e destaca que a Feirinha da Gambiarra é uma oportunidade de conhecer e valorizar trabalhos tão diferentes que são produzidos na nossa cidade. Opinião que é compartilhada pela estudante Lívia Lemos, ''a feirinha proporciona um grande mostra de trabalhos. É uma oportunidade de apresentar o que se tem de melhor na nossa cultura'', destaca.
Suely Alves do Brechó das Meninas. (Foto: Luciana Nascimento)
A proposta da ampla apreciação cultural também agradou os expositores. Para Daniella Etinger, que participou pela primeira vez com a 'Nós' - marca de camisa artesanal -, suas expectativas quanto à proposta apresentada pelo evento foram atendidas. "Percebi que o evento atende de fato a promessa de ser uma opção a mais e diferenciada de entretenimento e de cultura na cena sergipana", comenta. A também estreante na feirinha Suely Alves, com o 'Brechó das Meninas', resolveu participar devido à repercussão positiva da primeira edição. "Eu adoro feira e essa é particularmente muito linda. Estou encantada com a organização", diz.

A primeira edição da Feirinha da Gambiarra aconteceu no dia 25 de novembro de 2012, mas o intuito da organização é tornar o evento bimensal ocorrendo sempre no primeiro domingo do mês.



Salada cultural

Além do tradicional garimpo, para cumprir a proposta de ser um encontro de manifestações da cultura sergipana, a Feirinha da Gambiarra apresentou uma programação diversificada que englobou a exposição Recortes, da artista visual Gabriela Etinger, apresentação teatral da companhia Caixotes de Memórias, Dj's Global Beats e chorinho com o grupo Brasileiríssimo.

"Recortes" da artista visual Gabriela Etinger. (Foto: Érika Rodrigues)
Para se adaptar ao novo espaço de divulgação de suas obras, Gabriela Etinger produziu miniaturas que remetem a ''Tramas'' sua primeira exposição individual. Na ocasião as peças chegavam a ter cerca de dois metros de altura. De acordo com a artista, que se diz muito satisfeita com o resultado de ''Recortes'', expor na rua foi uma experiência gratificante. ''O público e o clima da exposição é muito diferente do que a gente encontra nas galerias, mais descontraído. A introspecção proporcionada pelos espaços tradicionais é muito importante para a apreciação artística, mas também é bom diminuir essa distância e buscar novos consumidores para a arte'', explica.

Se durante a tarde o som ficava a cargo dos Dj's Global Beats (Leo Levi e Kaska), conforme o sol foi se pondo os músicos do Brasileiríssimo foram se acomodando e apresentaram o chorinho aos ouvidos sergipanos. A noite foi adentrando e era a vez da companhia de teatro Sultifera Navis tomar a rua pra si e mostrar que o teatro sergipano independente merece espaço.
Dj's Global Beats. (Foto: Érika Rodrigues)
E a conversa, a música, o garimpo, a arte e a interação cultural se estenderam até as exatas dez horas da noite.  E como já cantava Chico Buarque ''tudo tomou seu lugar'' depois que as gambiarras foram desligadas.


Reportagem: Érika Rodrigues
Edição: Francielle Couto Santos

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