Coleta Seletiva transforma lixo em renda a cooperados

segunda-feira, 15 de abril de 2013


Projeto orienta catadores no melhor aproveitamento dos resíduos coletados no aterro controlado do Bairro Santa Maria.

Foto: Roseli Silva

Lixo que não é mais lixo, a realidade agora é outra. O que antes era produto descartado em qualquer lugar, agora é geração de renda e esperança de uma nova vida, para catadores de lixo do Bairro Santa Maria, situado na capital sergipana. Plástico, papel, vidro e metal estão sendo transformados em produtos reutilizáveis e que vale muito nas mãos de pessoas que antes necessitavam caminhar em meio ao lixo para obter renda.

A partir de políticas públicas que visam atender o serviço de coleta seletiva na capital, foi criado o ‘Projeto Lixo e Cidadania em Sergipe’, coordenado pelo Ministério Público do Estado, Prefeitura de Aracaju, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), dentre outros órgãos. Em meio a essa iniciativa, surgi a ‘Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju (Care)’, com o objetivo de mostrar aos catadores como transformar lixo em renda, gerando economia para as suas famílias.

Atualmente a Care conta com cerca de 80 famílias que reutilizam os materiais produzidos em hotéis, shopping, escolas, postos de saúde e órgãos públicos. Logo após o procedimento de catação dos resíduos, os cooperadores separam os produtos que poderão ser reciclados, destinam para a venda e o dinheiro é separado de acordo com a produção de cada um.
Segundo o Gerente de Limpeza Urbana da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), José Reinaldo de Souza, o ‘Projeto Lixo e Cidadania’, orienta na inclusão das famílias carentes no mercado de trabalho e auxilia-os dando uma vida mais digna, de produção de sua própria renda.

“Os catadores que realizam as coletas diretamente no aterro passam por um cadastramento e acompanhamento de uma assistente social do Projeto, para que não haja exploração do trabalho infantil ou qualquer outro tipo de irregularidade. Todos neste caso são integrados a esse Projeto, onde devem possuir documentação regular, sem antecedentes criminais e ser de baixa renda”, explica o gerente.

José Reinaldo diz ainda que, logo após a reorganização do lixão para um aterro controlado e a criação do projeto, houve uma melhor consciência ambiental sobre a importância da reciclagem e da coleta seletiva. “Depois do surgimento desses projetos, houve uma melhor organização do aterro, não havendo mais uma desordem de vários catadores, crianças ou de lixo descartado de forma irregular, sem contar que todos estão passando a ter mais cuidado com o descarte de resíduos no local”, fala José Reinaldo.

O gerente fala também sobre a importância de priorizar os cuidados com a separação dos resíduos sólidos. Ele ainda destaca que a Care, não consegue reaproveitar todo o lixo que chega até ela. "Muitas pessoas deixam o lixo seco, próprio para a coleta seletiva, entrar em contato com o lixo orgânico, se perdendo muita coisa e dificultando o trabalho dos catadores”, diz o gerente.

Vida nova


Foto: Roseli Silva

Para a população que mora próximo ao Aterro Sanitário do Bairro Santa Maria, a esperança de uma nova vida toma conta das famílias. Segundo o catador Martins Santos, a iniciativa o ajudou muito na geração de renda e no sustento de seus dois filhos. "Com essa cooperativa o nosso trabalho ficou cada vez mais fácil, pois agora fica tudo mais organizado, mais seguro e a nossa produção aumentou mais depois disso. Agora eu tenho como sustentar minha família", conta o catador.

Para a catadora Josicleide Pereira Santos, de 35 anos, a cooperativa foi importante para conscientizá-la a não trazer mais seus filhos para a catação de lixo. “Eu antes trazia meus filhos para cá, mais depois que eu tive a orientação da assistente social eu pude perceber que era ruim para eles. Agora só eu e meu esposo que viemos para cá e tiramos nossa renda, que já ajuda muito”, diz a catadora.

É importante lembrar que a renda extraída pelos catadores é advinda não apenas da cooperativa, através das retiradas dos resíduos, mas também é realizada através do aterro controlado. Isso só é possível porque o processo de catação é efetuado pelos dois polos de serviço de reutilização de resíduos sólidos: o aterro controlado do Santa Maria e a Care.

Coleta Seletiva
Foto: Roseli Silva
A reciclagem de lixo ajuda na preservação da natureza e no equilíbrio do meio ambiente, além de gerar renda e ocupação para dezenas de pessoas da cooperativa e do próprio lixão. Quando uma tonelada de papel é reciclada, por exemplo, 10 entre 20 árvores são poupadas.

Estima-se que chegam cerca de 480 toneladas de lixo domiciliar por dia apenas no lixão do Bairro Santa Maria, desses são beneficiados 120 toneladas/mês de material reciclável. São integrados ao sistema de cadastramento de coleta seletiva na capital, cerca de 21 barros, além de órgãos públicos, casas de material de construção, escolas, hotéis e postos de saúde do bairro Santa Maria.
Mas é através da coleta seletiva que é possível minimizar os prejuízos de produtos desperdiçados e material sendo descartado em locais irregulares. A população pode fazer a separação do lixo seco, que se classificam em: papel, papelão, metais, latas, alumínio, plástico, sacos e embalagens e a separação do lixo úmido, como sobras de alimentos, frutas, cascas, louças, papel higiênico, lenços. É fácil participar e para inserir o programa no seu bairro é só ligar para a Assessoria Técnica da Emsurb pelo número (79) 3179-7001 e pedir orientação sobre o programa.
Se você tiver interesse em conhecer a Care, pode entrar em contato pelo telefone (79) 9138-5905 ou (79) 3243-1581. A cooperativa fica localizada no bairro Santa Maria, rua A, nº50, próximo ao aterro controlado do local.


Reportagem: Roseli Silva
Edição: Leila Dolif

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