Um teto pra morar

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Do sonho à realidade.

Por Caio Rodrigues

Seja para sair do aluguel, da casa dos pais, ou mesmo das ruas, ter a própria casa é o sonho de muita gente. Porém, as famílias carentes são as que mais sofrem, pois as condições de adquirir a própria moradia são ainda mais difíceis. Visando solucionar esse problema, o governo Federal, em parceria com os governos estadual e municipal, vem realizando programas que dão oportunidade de se ter o próprio lar. São programas que vem viabilizando a obtenção da casa própria por famílias de baixa renda. Mas, normalmente, quando os investimentos acabam com a entrega das casas, surgem novos problemas. A pobreza, violência e o precário acesso aos serviços públicos.
As cidades das regiões metropolitanas são hoje as que mais possuem conjuntos habitacionais. Alguns cresceram em razão da proximidade com a capital. Em Sergipe vale citar alguns conjuntos que obtiveram grande desenvolvimento. Em Nossa Senhora do Socorro: Complexo da Taiçoca; em São Cristóvão: Grande Rosa Elze. A população dessas cidades cresceu a passos largos. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a população da Região Metropolitana de Aracaju saltou de 338.882, em 1980, para aproximadamente 836.000 habitantes em 2010. O que representa um crescimento superior a 100% em 30 anos.
Laranjeiras uma das mais tradicionais cidades da Região Metropolitana, com potencial turístico, vem seguindo pelo mesmo caminho. No município, a 20km da capital, estão sendo construídas cerca de 210 casas através do “Programa Casa Nova. Vida Nova”, uma parceria entre o governo do estado e a Caixa Econômica Federal. Ao todo serão investidos R$ 1,7milhões na construção do conjunto José Monteiro Sobral.

Dona Josefa da Conceição espera pela entrega das casas.
(Foto: Caio Rodrigues)
O “Casa Nova. Vida Nova” é um programa do governo de Sergipe que tem como objetivo diminuir os problemas relacionados à habitação. Segundo dados do governo, mais de R$ 62 milhões serão empregados nas obras de construção de 22 mil casas populares em todo o estado. Em Laranjeiras, milhares de inscritos aguardam ansiosamente pela casa própria. Dona Josefa da Conceição é um exemplo. Ela vive na periferia de cidade e se inscreveu no programa “Casa Nova. Vida Nova” há pelo menos três anos. Enquanto isso a aposentada de 62 anos mora de aluguel com sua família há seis meses num conjunto vizinho. Ansiosa, ela afirma que já pensou inúmeras vezes em invadir uma das casas.

Obras atrasadas
Vale ressaltar que desde a assinatura para a construção do conjunto habitacional José Monteiro Sobral, em julho de 2010, a previsão para a conclusão da obra era de até seis meses, todavia, continua inacabada.
Ricardo Galvão, da Secretaria de Obras e Infraestrutura de Laranjeiras, explica que o motivo do atraso das obras foram as fortes chuvas e alguns empecilhos no terreno, como rochas no solo, e o trabalho para planificar a área dificultaram o andamento das obras. Ele afirma que serviços de infraestrutura do bairro são incluídos nos programas de habitação, porém, muitas vezes as casas ganham prioridade e são entregues primeiro, mesmo sem o mínimo de estrutura. Contudo, as famílias aguardam esperançosas pela entrega das casas.
Galvão explica ainda que como são áreas de expansão, estão localizadas nos arredores das cidades, nas periferias. O problema é que são regiões muitas vezes esquecidas, segundo ele. Somando os problemas de infraestrutura ao precário acesso aos serviços públicos. A pobreza junto à falta de segurança gerando a violência que se propaga de forma alarmante. Alguns conjuntos periféricos, como dito no início da matéria, apresentaram grande desenvolvimento ao longo dos anos. Porém, a violência ainda é muito marcante nesses bairros. 

 A realidade
Conjunto Salinas há anos sem nenhuma estrutura
(Foto: Caio Rodrigues)
Quando dito do sonho à realidade, a realidade, neste caso, ganha outro sentido. A dona de casa Cristilene dos Santos mora há apenas três meses numa das casas entregues pela prefeitura, porém num conjunto vizinho. Mesmo morando há pouco tempo na comunidade, ela já sente a falta de estrutura do local. Como ela mesma reclama, na casa em que vive, a fossa está sempre entupida, pois é muito pequena. A água que escorre das encostas inunda o quintal. Falta pavimentação. Saneamento básico ainda não existe. Serviços de saúde, educação e transporte são precários. O tráfico e uso de drogas junto à violência dominam a região. Quando precisa fazer uma consulta médica, acorda as 5h00 da manhã e anda até o bairro vizinho, onde está localizado o posto de saúde mais próximo. Faz o mesmo trajeto quando necessita pegar um ônibus para a capital. Transitar nas ruas da localidade se torna uma tarefa difícil em dias de chuva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Contexto Online | by TNB ©2010