Fotos e vídeos: Joanne Mota
Editora: Monique Garcez
Aracaju já possui mais de 56 km de ciclovias |
“Saio na porta, olho o tempo, coloco meu bornal, pego a magrela e começo mais um dia de trabalho”. Esta foi a declaração de Alex Vagner, morador do Conjunto Bugio, que utiliza a ciclovia da Avenida São Paulo quatro vezes por dia. Mas essa não é apenas a rotina dele, é também a de milhares de sergipanos que utilizam as ciclovias para chegar não só ao trabalho, mas às escolas e até mesmo ao centro da capital, para realizar compras.
Para Alex a malha cicloviária é importante, pois ele consegue fazer o percurso casa/trabalho em apenas 15 minutos. “A bicicleta é um meio barato e rápido, com ela não preciso pegar ônibus e nem enfrentar congestionamentos. E acredito que a criação das ciclovias só garante mais segurança para os ciclistas que utilizam as vias como eu utilizo”, explica Alex Vagner.
Porém, ele assume que ainda há problemas em alguns trechos da malha cicloviária, e que campanhas educativas são importantes para orientar motoristas, pedestres e ciclistas.
Alex Vagner, morador do conjunto Bugio
O estudante Josué Azevedo, pedalendo em uma das ciclovias |
Já Josué Azevedo, estudante do curso de Artes da Universidade Federal de Sergipe, e morador do Conjunto Eduardo Gomes, afirma que andar de bicicleta é “agradável, econômico, rápido e saudável”. Ele faz diariamente o trajeto São Cristóvão/Aracaju, e utiliza a ciclovia para ir ao trabalho e depois para se locomover até a Universidade. "Usar a bicicleta é mais barato que utilizar o sistema público de transporte. De ônibus eu pago e ainda utilizo um serviço sucateado e que muitas vezes está lotado", acrescenta.
Para o estudante, a criação da ciclovia que liga o Eduardo Gomes à Aracaju trouxe muitos benefícios para os moradores da região. Um deles é a segurança de quem trafega pela Rodovia João Bebe Água. Além disso, ele frisa que, além de ser bom para a saúde, utilizar a bicicleta é ecologicamente viável.
Josué Azevedo, estudante de Artes da UFS
"A bicicleta se configura como uma ferramenta fantástica, pois garante mais qualidade de vida", afirma Fabrício |
De acordo com o coordenador de ciclomobilidade da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), Fabrício Lacerda, Aracaju possui uma complexo cicloviário que já conta com mais de 56 km em uso. Isso responde a uma política de desenvolvimento que observa não só a modernidade, mas também se preocupa com o meio ambiente. Segundo ele, o investimento foi de mais de R$ 11 milhões para a ampliação do complexo, e com essa política, Aracaju assume a colocação de capital brasileira com maior número de ciclovias na atualidade
“Incentivar este modal como transporte representa para nossa capital um avanço não só estrutural, mas também social. Aracaju possui hoje um complexo de vias de trânsito que estão saturadas, e uma das consequências é o aumento do número de carros. Então, a bicicleta se configura como uma ferramenta fantástica, pois ela determina o espaço público de uma maneira menor, não emite CO² e garante mais qualidade de vida”, salienta Fabrício.
Sobre a cultura do uso da bicicleta e as campanhas educativas, ele diz que ainda há muito que fazer, sobretudo no que se refere aos limites e deveres do ciclista. “Sem dúvida, uma saída para avançar neste ponto são as campanhas educativas, estas que também devem estar direcionadas ao pedestre e ao motorista. Para 2011 estamos com uma ação de planejamento para reconhecer a ciclovia como lugar do ciclista”, enfatiza o coordenador.
O morador do Conjunto Eduardo Gomes, Jorge Filipe dos Santos, utiliza há três meses a ciclovia da Rodovia João Bebe Água para fazer caminhada, e diz que, além dela beneficiar o ciclista, possibilitou aos moradores da região maior qualidade de vida. Ele também acrescenta que pedestres e ciclitas podem conviver sem maiores problemas, mas salienta a importância de se ampliar as campanhas educativas para o uso otimizado das ciclovias.
Jorge Filipe dos Santos, morador do conjunto Eduardo Gomes
Pedalando com segurança
Segundo a SMTT, o projeto que desenvolve o complexo cicloviário, engloba a construção de ciclovias, instalação de bicicletários e realização de campanhas educativas, que desde 2007 vem sendo realizadas para o pedestre, ciclista e o motorista.
Fabrício Lacerda reconhece que é preciso ampliar as campanhas educativas sobre o uso da ciclovia, mas diz que o município já vem desenvolvendo ações deste tipo, o que garante a segurança dos ciclistas e a conscientização da população de forma geral.
Andar de bicicleta além de fazer bem a saúde, não polui o ar |
Além disso, Fabrício salienta que a orientação é um elemento fundamental. “A SMTT já vem realizando palestras em escolas e empresas, que informam aos cidadãos os principais cuidados que o ciclista deve ter no trânsito. Por que escolas e empresas? Porque nossa coordenação de ciclomobilidade verificou que mais de 90% dos trabalhadores que utilizam bicicletas como meio de transporte são funcionários ligados à construção civil”, explica.
Ele acrescenta que em 2009 a SMTT organizou a campanha denominada “Ciclismo Legal” que percorreu 24 bairros da Capital e obteve grande adesão da população, pois além do fornecimento de palestras, ao final de cada uma, um passeio ciclístico era realizado. “O Ciclismo Legal foi muito importante para esclarecer o papel da ciclovia não só para Aracaju, mas também para seus municípios vizinhos. Porém reconhecemos que precisamos fazer mais para ampliar esta política”, finaliza Fabrício.
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