Prédio do Memorial de Sergipe |
Editor: Thiago Vieira
Como conhecer a si mesmo e a um povo sem conhecer sua história? Resgatar a história e a cultura sergipana é uma forma de valorizar e preservar as ricas características da sociedade e também documentar registros para que as futuras gerações possam conhecer sua origem. Com esse objetivo, o Museu Memorial de Sergipe reúne de maneira exemplar um rico acervo formado por mais de 16 mil peças que representam a rica cultura do nosso Estado.
Mantido pela Universidade Tiradentes, o Memorial de Sergipe foi fundado em 1998 e comporta 12 salas com temas diferentes, que vão desde o período pré-histórico até a 2° Guerra Mundial. Além disso, o museu traz um pouco da história de temáticas como: o Cangaço, a transformação da cidade de Aracaju entre os séculos XIX e XX, economia, religiosidade, artesanato e os meios de comunicação. O acervo de exposição é composto por documentos, fotografias, fósseis, artefatos etnográficos, máquinas rudimentares, artesanato, mobília antiga, louças, cerâmica e literatura de cordel. O início da visita pelo museu começa na sala onde retrata a história da universidade que a mantém.
Coleção de pratos feitos por Maria Rosa Faria |
O museu dá destaque em especial para uma sala onde comporta mais de 3 mil pratos e azulejos pintados à mão, feitos pela professora Maria Rosa Faria. Rosa foi professora no primário do colégio Tiradentes e passou mais da metade de sua vida pintando a história de Sergipe, a biografia de ilustres sergipanos, as capas dos primeiros jornais do Estado, as paisagens que constituem a nossa cidade e os brasões estaduais e municipais. Pintava de uma forma caprichosa e com primor, depois levava ao forno para que o trabalho ficasse conservado. Rosa Faria faleceu em 1997 e o Memorial de Sergipe adquiriu todo o seu acervo. Outro destaque também é a estátua em tamanho real de Maria Feliciana, considerada a mulher mais alta do Brasil.
Dentro do seu objetivo, o Memorial de Sergipe também apresenta exposições itinerantes e ações educativas como palestras em escolas, comunidades, na Orla de Atalaia ou em parceria com outros museus, como aconteceu na semana passada em conjunto com o Museu Palácio Olimpio Campos. O projeto Memorial de Braços Abertos, no seu segundo ano de existência, entra em contato com instituições carentes da capital, para desenvolver atividades mensais que desenvolvam o gosto pela cultura. Uma extensão do Memorial é o Centro de Memória Lourival Batista, um prédio anexo ao museu, criado em 2002, que serve como fonte de pesquisa sobre o médico e ex-governador Lourival Batista. O acervo traz objetos pessoais e registros do estado no de 1930 a 1990.
Apesar de um acervo tão rico, o museu passa por algumas limitações, como sua estrutura física, que se tornou pequena para a quantidade de objetos expostos, e o número de funcionários, que se resume a 12. Para a diretora do Memorial, a museóloga Fabiana Carnevale, “o museu está pequeno. Nós temos um grande potencial de crescimento e fazemos até o que não podemos para expor a cultura sergipana, contudo, há um sufocamento do espaço físico.” Outro fato que chama a atenção é que há poucos universitários desenvolvendo algum tipo de pesquisa ou extensão no local. Os estagiários que lá trabalham são dos cursos de História e Pedagogia, porém, não há nenhum da área de museologia. “É uma pena que tão poucos alunos se interessem em fazer pesquisas, e que não há alunos da área de museologia, contudo nós fazemos o nosso melhor dentro das possibilidades” finaliza a diretora.
O Memorial de Sergipe tem cumprido seu papel social de reunir e expor os elementos da cultura sergipana, a fim de resgatar e valorizar a cultura local. Através das exposições e ações educativas, tem atendido a população civil, contudo ainda há pouco interesse pelos estudantes em realizar pesquisas e extensões acadêmicas no local. Parafraseando Augusto Cury: “O passado é uma cortina de vidro. Felizes os que observam o passado para poder caminhar no futuro”, o Memorial de Sergipe valoriza a cultura de Sergipe para poder caminhar no futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário