Casos de AIDS crescem em Sergipe

domingo, 12 de junho de 2011

Os números são alarmantes. Somente no mês de maio deste ano foram notificados 30 novos casos de AIDS em Sergipe, média de um por dia. Em todo o estado já se somam 2.550 casos e 879 mortes (desde 1987), sendo que Aracaju é a cidade mais afetada abrangendo cerca de 47% dos portadores do vírus, seguida, consecutivamente, por Nossa Senhora do Socorro, Itabaiana e Estância. 
Campanha (Agência Brasil) 
Dr. Almir Santana (Foto: Lohan Montes)

O gerente do Programa de DST/AIDS de Sergipe, Dr. Almir Santana, explica que são números preocupantes, mas tem a resposta para esse crescimento. “O número não nos assustou. Essa é a tendência, uma vez que estamos aumentando as ofertas dos exames que diagnosticam o vírus. Quanto mais se trabalhar, mais se vai descobrir”, revela.
O vírus
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (do inglês Acquired Immune Deficiency Syndrome) é causada através da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV (do inglês, Human Immunodeficiency Virus) que age destruindo as células responsáveis pela defesa do organismo (linfócitos) e, consequentemente, vulnerabilizando o indivíduo a outras infecções e doenças que, em sua maioria, surgem quando sistema imunológico da pessoa está debilitado.
A AIDS é considerada uma doença de perfil crônico, ou seja, realmente não há cura. Entretanto, devido ao desenvolvimento por medicamentos cada vez mais eficazes, já existe um tratamento específico e a pessoa infectada pelo HIV pode conviver com o vírus sem apresentar sintomas da doença por um longo período. “Hoje em dia, devido ao grande sucesso dos tratamentos, dificilmente o paciente morre de AIDS”, conta Dr. Almir.
Desde a descoberta do vírus, há 30 anos, os casos de AIDS tem aumentado, afetando milhões de pessoas. A estimativa é que existam 33,4 milhões de indivíduos portadores do vírus HIV. No Brasil, homens e mulheres (entre 20 e 60 anos) compõem uma porção estimada em 630 mil casos registrados.
Testes
"Elisa" (Foto: Natural Bloggings)
Os testes para saber se o vírus está no organismo tem sido atualizados à medida que a tecnologia vai avançando. O “Elisa” ainda é o teste mais utilizado para detecção de anticorpos anti-HIV no organismo. O teste age procurando no sangue do indivíduo os anticorpos que o corpo desenvolve em resposta à infecção pelo HIV. Embora o resultado do teste seja rápido, eventualmente resultados positivos para o HIV em uma pessoa não contaminada pelo vírus podem surgir. Dessa forma, é necessário repetir o teste e logo após, fazer o teste de Western Blot. Esse outro é usado apenas como confirmações do “Elisa” por ser mais técnico e avançado. “Ele define com mais precisão a presença dos anticorpos, mas estes testes devem ser realizados após consulta e aconselhamento médico”, Dr. Almir afirma.

Contudo, no final da década de 80, surgiram os testes rápidos em tiragem que produzem resultados em, no máximo, 30 minutos. Estes testes são tão eficazes quanto o “Elisa” com uma margem de erro um pouco maior: 99,8% na detecção da doença, contra 99,9% dos testes tradicionais. Atualmente, no mercado há diversos testes rápidos produzidos por vários fabricantes que utilizam diferentes princípios técnicos, entretanto, estes testes não são vendidos em farmácia, estando disponíveis apenas para profissionais de saúde, órgãos públicos, clínicas, hospitais e consultórios. Segundo Dr. Almir, é simples e eficaz. “Com uma gota de sangue a gente detecta o vírus em quinze ou vinte 20 minutos”, completa.
Quick - Teste rápido (Foto: Natural Bloggings)
Prevenção

O gerente do Programa DST/AIDS da Secretaria de Estado da Saúde, disse ainda que precisa do apoio de todos para conter o avanço da doença. “É necessário que a sociedade tome uma atitude, uma vez que está havendo uma acomodação da população com relação à prevenção. Os munícipios e os órgãos precisam estar mais envolvidos com a questão da AIDS, além de oferecer cada vez mais o teste e de maneira cada vez mais fácil”, explica.
Apesar do Brasil ser um país modelo quanto ao fornecimento de medicação para a doença, grande parte dos infectados oculta à doença por medo de discriminação. “O preconceito também é um fator que deve ser combatido. As pessoas têm medo do portador do HIV, agem como se a doença fosse transmitida através do toque, quando a transmissão ocorre através do ato sexual. Para conter a doença também são necessárias ações que continuem combatendo o preconceito, este prejudica muito a luta contra a AIDS”, finaliza.
No último domingo, dia 5, houve um trabalho de conscientização na Orla de Atalaia, por meio de materiais informativos e preservativos, em virtude do aumento de casos e deste ser o dia em que, 30 anos atrás, a AIDS foi descoberta nos Estados Unidos.
Reportagem: Lohan Montes
Edição: Adler Berbert 

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