Trânsito de Aracaju torna-se cada vez mais perigoso

sábado, 11 de junho de 2011

“O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito". É isso que estabelece o segundo parágrafo do Código de Trânsito Brasileiro, mas quem enfrenta o trânsito de Aracaju todos os dias sabe que este direito não está assegurado, principalmente depois da inutilização de equipamentos de fiscalização como radares, lombadas eletrônicas e fotossensores.

Trânsito na Avenida Pedro Calazans, região central de Aracaju.
Foto Janaina Assis

Retirados de todas as avenidas da capital no início de março, já é possível observar perfeitamente as pessoas se excedendo no trânsito, principalmente fora dos horários de pico, por esse momento oferecer mais espaço para os motoristas trafegarem. “As pessoas se aproveitam da falta de fiscalização para colocarem para fora sua paixão pela velocidade. Mas isso não adianta de nada em uma cidade como Aracaju, pois há muitos cruzamentos semaforizados”, declara o diretor de Trânsito da SMTT, Major Paiva. 

Controle

Na contramão do pensamento de muitos, que avaliam a implantação da fiscalização eletrônica como uma possibilidade de maior arrecadação de recursos com a aplicação de multas, a meta real dos equipamentos é promover a educação no trânsito e a diminuição de acidentes com vítimas não fatais e fatais. 
Major Paiva, diretor de Trânsito da SMTT de Aracaju
Foto: Catarina Schneider


Desse modo, além de controlar a velocidade, a fiscalização eletrônica controlava também o respeito aos sinais. “Hoje muita gente se usa de um momento mais tranqüilo, onde não há ninguém passando no sinal verde do outro lado, para passar no vermelho, descumprindo a regra e cometendo infração.” afirma o major. Ele ainda complementa que as campanhas educativas não surtem muito efeito no dia-a-dia dos aracajuanos. “Apesar de campanhas educativas, muita gente só é capaz de modificar seu comportamento e de respeitar a sinalização, o limite de velocidade, o sinal vermelho do semáforo, se ele se perceber fiscalizado”



Frota em Aracaju 


O aumento da frota na capital, que chega a 220 mil veículos registrados, também influencia as imprudências no trânsito. “O governo, para aquecer a economia, facilitou o crédito, diminuiu impostos e fortaleceu as indústrias automobilísticas. Isso influencia diretamente as ocorrências de imprudências, pois você tem um número maior de pessoas cada vez mais imaturas, cada vez mais incapacitadas, num trânsito cada vez mais complicado e individual”, explica major Paiva.
Délis de Almeida, motorista de ônibus
Foto: Catarina Schneider

Segundo Délis de Almeida, motorista de ônibus há nove anos, a quantidade de veículos nas ruas tem proporcionado mais imprudências e conseqüentemente, mais acidentes. “Acredito que Aracaju chegou num estágio que é necessário fazer rodízio de placa, igual ao que é feito nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, pois o trânsito está cada vez mais complicado”, declara.

Vítimas

Na categoria das maiores vítimas no trânsito em Aracaju, os primeiros são os motociclistas, seguido dos pedestres e ciclistas. Diferente da segurança que o automóvel proporciona, esse grupo está mais suscetível a serem lesionados e desrespeitados nos seus direitos, por estarem mais expostos e até mesmo pela imprudência. Segundo Délis, os mais imprudentes no trânsito são os motoqueiros. “Eles cortam pela direita, invadem sinais e andam no meio das faixas na pista, por isso eles estão envolvidos na maioria dos acidentes que acontecem”, constata o motorista. 

Homens no volante

José Damião, motorista de táxi há 35 anos
Foto: Catarina Schneider
A autoconfiança dos homens no trânsito também é um fator que contribui para as imprudências e, conseqüentemente, para o aumento do número de acidentes. Motorista de táxi há 35 anos, José Damião afirma que a confiança no trânsito muitas vezes atrapalha. “Geralmente o homem acha que tem habilidade demais, sabe demais e cria uma confiança que, às vezes, acaba atrapalhando”, afirma.
Segundo major Paiva, as maiores vítimas de trânsito estão na faixa etária de 18 a 35 anos e grande parte são do sexo masculino. “As mulheres são mais cuidadosas e cautelosas no trânsito, e essas características levam a uma condução mais segura, prudente e correta”, afirma. 

Repórter: Catarina Schneider
Editor: Eloy Vieira

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